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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO
Depoimento sigiloso aponta participação de Palocci em arrecadação; empresário nega
Testemunha detalha doação de bingos à campanha de Lula
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depoimento colhido ontem pela CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) do Bingos aponta o
empresário Roberto Carlos Kurzweil como o responsável pela captação de parte dos recursos da
campanha de Luiz Inácio Lula da
Silva em 2002, em nome de Antonio Palocci Filho, então prefeito
de Ribeirão Preto.
O depoimento, sigiloso, foi de
uma testemunha, ligada ao PT,
que coloca Kurzweil no papel de
um "Renato Granado" paulista
-uma referência ao suposto arrecadador de dinheiro dos bingos
no Rio de Janeiro.
De acordo com essa testemunha, o empresário teria conseguido doação de R$ 1 milhão de dois
empresários angolanos, donos de
bingos em São Paulo. O acerto da
doação ocorreu num jantar promovido por Kurzweil em Ribeirão Preto, no qual Palocci teria recebido os empresários angolanos.
O valor da doação coincide com
o apontado pelo advogado Rogério Tadeu Buratti em depoimento
à CPI dos Bingos em agosto deste
ano. O que difere é o nome do
"operador". Na época, Buratti
apontou o ex-secretário da Fazenda de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Ralf Barquete Santos
-que morreu no ano passado, de
câncer- como o responsável pela captação. Nessa nova versão, o
trabalho de Barquete seria apenas
coletar o dinheiro para ser entregue ao então tesoureiro do PT,
Delúbio Soares.
Kurzweil é o mesmo que alugou
um Omega blindado para o PT
em 2002, carro que, segundo reportagem da revista "Veja", teria
sido utilizado para transportar
dólares vindos de Cuba. O Omega
foi cedido diretamente a Palocci.
O carro blindado foi uma precaução que o partido tomou depois
do assassinato de Celso Daniel,
prefeito de Santo André.
O motorista que teria transportado os dólares para o diretório
do PT, Éder Eustáquio Soares Macedo, também foi cedido a Palocci
por Kurzweil. Ainda em 2002, Delúbio Soares também utilizou um
Omega do empresário, que é sócio da locadora de veículos blindados Locablin.
Em Ribeirão Preto, na primeira
administração de Palocci (1993-1996), Kurzweil venceu, junto
com um consórcio de empresas,
uma concorrência de cerca de
R$ 400 milhões para implantar e
operar o serviço de tratamento de
esgoto até 2018.
Além de Kurzweil, outro empresário guindado à crise por esses novos relatos é Moacir Castel-
li, ligado ao setor imobiliário de
Ribeirão Preto. Ele teria doado recursos para a campanha do PT.
O responsável por essa intermediação seria Vladimir Poleto, ex-funcionário da Secretaria da Fazenda de Ribeirão e o responsável, segundo a "Veja", pelo transporte dos dólares de Cuba.
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