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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO
Instituição contratou como consultores dois ex-auxiliares de Palocci: Poleto e Barquete
Banco Prosper aumenta em 1.000% repasses do BNDES
MARIO CESAR CARVALHO
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Prosper, que contratou
como consultores dois ex-auxiliares do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aumentou em 1.043%
os repasses de financiamento do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entre 2001 e 2004.
Os repasses saltaram de R$ 1,471
milhão em 2001 para R$ 16,822
milhões no ano passado. Neste
ano, de janeiro a julho, o volume
de recursos do BNDES repassados pelo Prosper somam R$
20,692 milhões (veja a evolução
no quadro nesta página).
O economista Vladimir Poleto,
apontado pelo advogado Rogério
Buratti como o responsável pelo
transporte de dólares que o PT teria recebido de Cuba, foi consultor do Banco Prosper entre janeiro de 2004 e junho deste ano.
Outro assessor de Palocci, Ralf
Barquete, também assessorou o
banco por dois meses, no início
do ano passado, antes de morrer
de câncer, aos 51 anos.
Gravações feitas pela Polícia Civil de São Paulo, com autorização
judicial, mostram Buratti e Poleto
conversando sobre uma reunião
que estava sendo articulada pela
dupla entre o presidente do Banco
Prosper, Edson Menezes, e Palocci. "Mas é o chefe que quer falar
direto com o Edson", diz Poleto.
"Chefe", segundo Buratti, era a
forma como Palocci era chamado
pelos assessores.
A conversa entre Buratti e Poleto foi gravada em 3 de julho do
ano passado. Três meses depois,
Palocci recebeu o presidente do
Prosper. Em entrevista que deu
em agosto deste ano, o ministro
disse que recebera Menezes no
Ministério da Fazenda porque ele
dirigia a Bolsa de Valores do Rio,
uma instituição tão inexpressiva
que não tem pregão. O ministro
manteve ainda um segundo encontro com o presidente do Prosper, no Rio de Janeiro.
Menezes fez pelo menos dois favores para Palocci: contratou Vladimir Poleto e Ralf Barquete como consultores. Poleto, que trabalhara na Secretaria da Fazenda
na segunda passagem de Palocci
pela Prefeitura de Ribeirão Preto
(2001-2002), tinha expectativa de
ser agraciado com algum cargo
no governo federal com a eleição
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, três anos atrás.
Barquete foi colocado por Palocci não no Ministério da Fazenda, como ele esperava, mas numa
assessoria sem uma missão muito
definida na presidência da Caixa
Econômica Federal.
Foi nesse cargo que Barquete teria tomado conhecimento de que
a GTech fora abordada por Waldomiro Diniz ao renegociar um
contrato de R$ 650 milhões com a
Caixa e pediu a Buratti para sondar o que ocorria.
A ida de Barquete e Poleto para
o Banco Prosper permitiu que Palocci se livrasse de dois assessores
que tinham potencial para criar
problemas. O episódio da GTech
é um exemplo desse potencial, no
caso de Barquete.
O Prosper informou que a consultoria fornecida por Poleto não
teve qualquer relação com o aumento dos repasses do BNDES.
Os aumentos, segundo o banco,
decorrem da estratégia adotada
pela instituição.
O maior aumento em termos
percentuais ocorreu entre 2001 e
2002, no governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso
-de 493%. O Prosper saiu do patamar de cerca de R$ 1,5 milhão e
atingiu R$ 8,7 milhões.
Foi só em 2005, no entanto, que
o banco ultrapassou a casa dos R$
20 milhões em apenas sete meses
de atividade.
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