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JANIO DE FREITAS
O dito
pelo não dito
A dupla desgraça que é
uma segunda-feira com
chuva foi neutralizada já de
manhãzinha, com a boa informação dada pelo programa de
Lula no rádio: o seu governo,
disse ele, é voltado para os pobres.
Ainda de manhã, soube-se
que o Bradesco fez, só até setembro, o maior lucro da história financeira do Brasil mesmo
em comparação com lucros de
um ano inteiro. Considerada a
proporção entre, de uma parte,
a economia e outras condições
do país, e, de outra, o lucro
bancário, os mais de R$ 4 bilhões ganhos pelo Bradesco
têm tudo para ser recorde no
mundo. Ao Bradesco, parabéns.
Ao pobre Lula, isso mesmo,
que pobreza.
Desdito
Se algum deputado interessar-se pelo tema, depois de
amanhã haverá oportunidade
de atacar uma contradição que
vai passando ilesa na história
dos ditos dólares ditos cubanos
para a campanha de Lula. Vladimir Poleto, o economista e
ex-assessor do então prefeito
Antonio Palocci que transportou as ditas caixas com o dito
dinheiro, é esperado na CPI
dos Bingos para depor a partir
das 11h. E a história que deu à
"Veja", como peça fundamental da denúncia, reduz-se à
mentira em seu ponto mais importante, quando se atenta para a aparente confirmação feita por sua dita testemunha.
Com os convenientes pormenores, até de horas, Vladimir
Poleto contou à revista que foi
mandado ao aeroporto de
Congonhas e dali saiu, em
avião particular emprestado,
para Brasília, onde um pequeno desencontro foi superado e,
afinal, ele embarcou com as
três ditas caixas de volta até
Campinas.
O piloto Alécio Fongaro lembra-se do vôo. Em narrativa a
Catia Seabra, preciosa repórter
da Folha, pôde fazer referências precisas a pormenores, inclusive de horas. Mas decolou
de Penápolis, e não de Congonhas, na capital. Não levava
Poleto: voou sozinho até Brasília, onde uma pequena espera
se encerrou com a chegada de
Poleto e suas ditas caixas, para
a volta até Campinas.
O piloto de um pequeno
avião jamais se enganaria sobre a presença, ou não, de companhia a bordo. E Vladimir
Poleto ainda tem que explicar
por que um economista é mandado de São Paulo a Brasília
para pegar três caixas de bebida, já que, tão servilmente
prestativo, na ocasião nem
imaginava que as ditas caixas
não contivessem senão bebidas.
O visitante
Os analistas da Cúpula das
Américas podem ter toda a razão, ao depositar nas divergências em torno da Alca o aspecto
relevante da reunião de presidentes. Mas, vistas as coisas
com olhos mais cansados, parece que Bush estava pouco se
incomodando com Alca e
quaisquer outras divergências.
Sua viagem foi uma operação
de relações públicas, na qual
esbanjou simpatia. Até à franqueza crítica de Néstor Kirchner respondeu com compreensão e retribuiu com elogios.
Imperdoável na visita de
Bush, só a montagem do palco,
para as declarações presidenciais, bem no campo de futebol
da Granja do Torto. Esse campo compõe, com a churrasqueira do Alvorada, as realizações
mais notáveis de engenharia
civil do governo para os pobres.
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