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Berzoini afirma que quer voltar à presidência do PT
Deputado diz que vai reocupar cargo após conclusão de inquérito sobre dossiê
Com mandato até 2008 e afastado há um mês, ele tem a seu favor o estatuto do partido, mas enfrenta resistências de colegas
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com as suspeitas de
que pode estar envolvido na
tentativa de compra do dossiê
contra políticos do PSDB, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) adotou ontem atitude
desafiadora e afirmou que pretende retornar "logo" à presidência do PT, da qual se afastou
no dia 6 de outubro.
A volta, segundo ele, estaria
condicionada ao término do inquérito da Polícia Federal sobre o dossiegate, previsto para
daqui a um mês, ainda que a
conclusão lhe seja desfavorável. "Pretendo voltar [à presidência do partido] assim que
terminar esse processo. Não estou condicionando ao resultado do inquérito, mas à sua conclusão. Inquérito não condena
ninguém, no máximo indicia",
declarou Berzoini, pouco depois de seu primeiro discurso
na tribuna da Câmara desde a
reeleição do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
"Minha avaliação é que isso
vai se resolver logo", completou. A previsão foi feita um dia
após terem sido descobertas ligações de seu escritório político para uma empresa ligada ao
ex-assessor da Presidência da
República Freud Godoy, também suspeito de participação
no dossiegate, nos dias que antecederam o estouro do caso.
Berzoini voltou a declarar ontem que as ligações diziam respeito a um contrato de segurança da empresa da mulher de
Freud com seu escritório.
Estatuto
Deixando claro que o afastamento da presidência foi um
mero "movimento tático" para
não prejudicar a reeleição de
Lula, ele afirmou que tem a seu
lado o estatuto do partido e o
respaldo das urnas.
Berzoini foi eleito presidente
do PT no ano passado, em um
processo no qual votaram aproximadamente 315 mil filiados.
O estatuto do partido não prevê
o impeachment do seu presidente. É Berzoini, cujo mandato expira apenas em 2008,
quem decide seu futuro: se fica
afastado, se retorna efetivamente à presidência ou se renuncia ao cargo.
Resistências
Mas essa regra é relativizada
por condições políticas. Entre
assessores diretos de Lula, o retorno pleno de Berzoini à presidência do PT não agrada, segundo a Folha apurou. A avaliação é que desgastaria o partido e Lula, além de ser mais produtivo politicamente que Marco Aurélio Garcia permaneça à
frente do PT durante todo o
processo de composição do novo governo.
"Essa não é uma pauta do
momento [a volta de Berzoini].
Nós tivemos uma reunião da
Executiva e todos estão de
acordo que o Marco Aurélio
continua presidindo o PT. E
ponto. É isso", afirmou à Folha
o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).
"Confio na total inocência do
Berzoini e reputo como meritória a decisão dele de se afastar do partido. Portanto, entendo que o PT tem uma situação
estável. Não é do nosso interesse colocar isso na pauta. Seria
infantilidade política", enfatizou Fontana.
Segundo o terceiro vice-presidente do PT, Jilmar Tatto
(SP), "não tem sentido tirar o
mandato de Berzoini no tapetão". "Assim que for apurado o
caso do dossiê, ele pode voltar à
presidência. Acredito na inocência dele", disse Tatto.
Colaborou MALU DELGADO, da Reportagem Local
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