São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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Berzoini afirma que quer voltar à presidência do PT

Deputado diz que vai reocupar cargo após conclusão de inquérito sobre dossiê

Com mandato até 2008 e afastado há um mês, ele tem a seu favor o estatuto do partido, mas enfrenta resistências de colegas


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo com as suspeitas de que pode estar envolvido na tentativa de compra do dossiê contra políticos do PSDB, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) adotou ontem atitude desafiadora e afirmou que pretende retornar "logo" à presidência do PT, da qual se afastou no dia 6 de outubro.
A volta, segundo ele, estaria condicionada ao término do inquérito da Polícia Federal sobre o dossiegate, previsto para daqui a um mês, ainda que a conclusão lhe seja desfavorável. "Pretendo voltar [à presidência do partido] assim que terminar esse processo. Não estou condicionando ao resultado do inquérito, mas à sua conclusão. Inquérito não condena ninguém, no máximo indicia", declarou Berzoini, pouco depois de seu primeiro discurso na tribuna da Câmara desde a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Minha avaliação é que isso vai se resolver logo", completou. A previsão foi feita um dia após terem sido descobertas ligações de seu escritório político para uma empresa ligada ao ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy, também suspeito de participação no dossiegate, nos dias que antecederam o estouro do caso. Berzoini voltou a declarar ontem que as ligações diziam respeito a um contrato de segurança da empresa da mulher de Freud com seu escritório.

Estatuto
Deixando claro que o afastamento da presidência foi um mero "movimento tático" para não prejudicar a reeleição de Lula, ele afirmou que tem a seu lado o estatuto do partido e o respaldo das urnas.
Berzoini foi eleito presidente do PT no ano passado, em um processo no qual votaram aproximadamente 315 mil filiados. O estatuto do partido não prevê o impeachment do seu presidente. É Berzoini, cujo mandato expira apenas em 2008, quem decide seu futuro: se fica afastado, se retorna efetivamente à presidência ou se renuncia ao cargo.

Resistências
Mas essa regra é relativizada por condições políticas. Entre assessores diretos de Lula, o retorno pleno de Berzoini à presidência do PT não agrada, segundo a Folha apurou. A avaliação é que desgastaria o partido e Lula, além de ser mais produtivo politicamente que Marco Aurélio Garcia permaneça à frente do PT durante todo o processo de composição do novo governo.
"Essa não é uma pauta do momento [a volta de Berzoini].
Nós tivemos uma reunião da Executiva e todos estão de acordo que o Marco Aurélio continua presidindo o PT. E ponto. É isso", afirmou à Folha o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).
"Confio na total inocência do Berzoini e reputo como meritória a decisão dele de se afastar do partido. Portanto, entendo que o PT tem uma situação estável. Não é do nosso interesse colocar isso na pauta. Seria infantilidade política", enfatizou Fontana.
Segundo o terceiro vice-presidente do PT, Jilmar Tatto (SP), "não tem sentido tirar o mandato de Berzoini no tapetão". "Assim que for apurado o caso do dossiê, ele pode voltar à presidência. Acredito na inocência dele", disse Tatto.


Colaborou MALU DELGADO, da Reportagem Local

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