São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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Eleitos por PT, PTB e PL declaram receita maior em 2006

SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
SILVANA FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputados eleitos pelos três partidos que admitiram ter feito "caixa dois" em 2002 -PT, PL e PTB- declararam à Justiça Eleitoral ter arrecadado mais recursos para bancar suas campanhas neste ano do que o montante informado pela bancada vitoriosa há quatro anos. As três siglas também saíram das urnas com bancadas mais enxutas neste ano.
O caso mais emblemático é o do PT. Na esteira da chamada "onda vermelha" de 2002, a receita total dos 91 eleitos atingiu R$ 17,5 milhões (já descontando a inflação pelo IPCA, de 35% no período). Neste ano , os eleitos recolheram, juntos, R$ 37,5 milhões -variação de 113%. O PT elegeu oito parlamentares a menos do que em 2002.
Dos partidos aliados do governo Lula arrolados no escândalo do mensalão, os deputados eleitos do PP foram os únicos que informaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terem arrecadado menos recursos do que na eleição anterior. Neste ano, o caixa dos pepistas encolheu R$ 1,4 milhão. O partido elegeu 41 deputados contra 49 do então PPB.
O levantamento foi feito pela Folha com base nas prestações de contas entregues ao TSE pelos deputados eleitos pelas respectivas siglas.
Dos 169 deputados que as quatro siglas elegeram juntas, seis (cinco do PT e um do PL) ainda não entregaram a contabilidade.
No total, os eleitos pelo PT, PTB, PL e PP captaram, somados, um montante de R$ 79,7 milhões para bancar campanhas à Câmara neste ano. Esse valor representa um aumento de 55% na arrecadação, se comparado com 2002 -R$ 51,3 milhões.
O aumento na arrecadação de um candidato de uma eleição para outra pode ter vários fatores, e não significa, necessariamente, evidência de "caixa dois".
O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), disse que o caixa da eleição passada foi de R$ 271 mil (valor corrigido). Neste ano, o petista informou ter recolhido R$ 2 milhões -variação de 662%. No caso do PT, a prestação de contas relaciona mais sete campanhas milionárias, seis delas de São Paulo: João Paulo Cunha, Janete Pietá, Arlindo Chinaglia, José Eduardo Cardozo, Paulo Teixeira e Antonio Palocci Filho.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), que comandou os processos de cassação no caso do mensalão, teve aumento de 148% na arrecadação de sua campanha à reeleição -R$ 289 mil (corrigido) em 2002, contra R$ 717 mil.
"Na eleição passada, detalhes pequenos como gastos com gasolina, água, luz, você não punha, pois a legislação não entrava em detalhe. Na outra eleição dava para gastar dinheiro até do próprio bolso. A prestação de contas nesta eleição se tornou uma preocupação de campanha. Coloquei dois profissionais para cuidar disso", disse Izar.


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