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Lula diz que errou na relação com Congresso
Para presidente, relação distante com Legislativo no primeiro mandato prejuticou aprovação de projetos prioritários do
governo
Ao líder do PTB na Câmara, deputado José Múcio, Lula
promete ter ao menos uma reunião mensal com líderes
partidários a partir de 2007
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um dia de intensas articulações políticas no Palácio do
Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem
que errou em sua relação com o
Congresso nos últimos quatro
anos e afirmou que nenhum
dos ex-ministros que deixaram
o governo para se candidatar
terão vaga no primeiro escalão
do segundo mandato petista.
Em conversas reservadas
com integrantes de PMDB e
PTB, o presidente disse que nos
primeiros quatro anos de gestão se manteve distante do Legislativo, o que prejudicou o governo na aprovação de projetos
prioritários e também nas investidas para barrar investigações em CPIs, por exemplo.
Ao admitir tais falhas, Lula
prometeu que num segundo
mandato a relação com o Congresso será diferente. Ao líder
do PTB na Câmara, deputado
José Múcio (PE), Lula prometeu que, a partir de 2007, fará
pelo menos uma reunião mensal com líderes do Congresso,
incluindo, se necessário, os
oposicionistas. O Planalto confirmou a idéia. No encontro
com o petebista, Lula usou termos como "diminuir a distância" e "estreitar" o caminho entre Executivo e Legislativo.
Ontem, Lula deu início oficialmente a conversas com representantes de outros partidos para a montagem da base
aliada no Congresso e às costuras para a formação da equipe
ministerial do segundo governo. O ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo, está de licença
para descansar por 10 dias.
Além de Múcio, passaram
pelo Planalto o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e o senador paraibano José Maranhão
(PMDB), derrotado na disputa
pelo governo do Estado. As negociações devem prosseguir
pelas próximas semanas ainda.
Nas conversas, segundo a Folha apurou, Lula mostrou-se
decidido em não trazer de volta
à Esplanada aqueles que deixaram o cargo, no final de março
passado, para disputar as eleições em seus Estados, como José Fritsch (PT-SC), Miguel
Rossetto (PT-RS), Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Agnelo Queiroz (PC do B-DF). A um interlocutor ouvido ontem pela reportagem, Lula disse que quem
deixou o governo para disputar
as eleições não volta mais.
A única exceção deve ser Ciro
Gomes (PSB), deputado federal
eleito no Ceará, ex-ministro da
Integração Nacional e que aparece como cotado para a Saúde.
Sobre a escolha de sua nova
equipe de ministros, Lula foi
além. Disse que montará uma
equipe que tenha capacidade
administrativa, deixando em
segundo plano petistas e candidatos derrotados nos Estados.
Nos mesmos contatos políticos, Lula foi pragmático, ao tratar da necessidade de uma ampla base de apoio no Congresso.
Segundo o líder petebista na
Câmara, o presidente foi direto
ao assunto, ao afirmar que precisa dos votos da legenda para
apoiar projetos do governo. O
PTB respondeu positivamente
ao presidente. "Vamos ajudar
na governabilidade", disse Múcio, ao ser questionado sobre o
fato de o presidente da sigla, o
deputado cassado Roberto Jefferson, ser contrário ao apoio
do PTB ao segundo mandato.
Alma lavada
Ontem, tanto nas conversas
políticas como em contatos
com auxiliares diretos, Lula repetiu estar de "alma lavada"
por conta do recado que deu
um dia antes aos banqueiros
em evento promovido em São
Paulo pela revista "Carta Capital". Segundo a Folha apurou,
Lula avalia que, entre os banqueiros, houve aqueles que se
mobilizaram em prol do tucano Geraldo Alckmin.
No discurso de anteontem à
noite, diante de representantes
da instituições financeiras, Lula disse que "com o mesmo carinho que olha para um [Jorge]
Gerdau e o chama de companheiro, esse presidente da República tem coragem de olhar
para um Roberto Setubal [Itaú]
e chamá-lo de companheiro".
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