São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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Presidente quer negociar com PMDB unido

Lula não descarta ajudar partido a conquistar as presidências da Câmara e do Senado ao mesmo tempo

VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas ontem e nos últimos dias com dirigentes do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a unificação do partido em torno do apoio ao governo é a principal precondição para negociar ministérios e as presidências da Câmara e do Senado.
Lula usou as palavras "interlocução única" e "fim da guerra entre governistas e oposicionistas" para descer aos detalhes da participação do partido no governo. Ele teme que negociar com só uma ala da legenda, como fez no primeiro mandato, mantenha a sigla dividida e, conseqüentemente, deixe o governo sem votos no Congresso.
O presidente sabe ser difícil, mas não descarta bancar articulação para o PT apoiar peemedebistas para as presidências do Senado e da Câmara. Nas eleições, o PMDB obteve a maior bancada para a Câmara (89 deputados). A tradição parlamentar, já quebrada em outras eleições congressuais, reza que a maior bancada indique o presidente. No PMDB, os possíveis candidatos à presidência são os deputados Geddel Vieira Lima (BA), Michel Temer (SP) e Eunício Oliveira (CE).
O atual comandante do Senado, o peemedebista Renan Calheiros (AL), deseja ser reeleito em fevereiro. É possível a reeleição na virada de uma legislatura para outra. No Senado, um projeto de resolução fixou o dia da diplomação dos novos integrantes da Casa como data-limite para a contagem do tamanho das bancadas, critério para a formação da Mesa Diretora.
Hoje, o PMDB tem 17 senadores. Na semana que vem, com o retorno de Gerson Camata (ES), chegará a 18. Poderá atingir 20 até o dia 19 de dezembro, data que a Justiça Eleitoral marcou para a diplomação dos eleitos em outubro.
Com isso ficaria com uma bancada superior à do PFL e pleitearia a presidência do Senado. Logo após as eleições, o PFL tornou-se a maior bancada do Senado, com 18 membros. Só que a senadora Roseana Sarney (MA) já decidiu sair. Seu destino deve ser o PMDB.
Uma articulação comandada por Lula para que os aliados apóiem peemedebistas no Senado e na Câmara teria chance de sucesso e ajudaria o presidente a destinar menos pastas à sigla no segundo mandato.
Hoje, a cota peemedebista é de três pastas (Saúde, Minas e Energia e Comunicação). A Saúde está na conta da bancada da Câmara: o deputado Saraiva Felipe indicou o técnico Agenor Alvares. As Minas e Energia são da cota do grupo do senador José Sarney. As Comunicações representam o Senado.
Lula poderia negociar a troca da Saúde por outra pasta na área de infra-estrutura. Geddel é cotado para a Integração Nacional. O ex-presidente do STF Nelson Jobim seria opção para a Justiça ou articulação política. A senadora Roseana Sarney (MA), se se filiar ao PMDB, é cotada para o primeiro escalão.


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