São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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entrevista

"Choquei porque sou honesta", afirma Rogéria

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Rogéria, nome artístico de Astolfo Barroso Pinto, 64, acha que tem mais é que "morrer de rir deste país". Para ela, foi censura o fato de o Congresso ter decidido segregar da exposição a foto em que mostra seus pêlos pubianos. "Vocês da imprensa têm que cair de pau neles." Apesar do incidente em Brasília (leia texto nesta página), Rogéria, em entrevista à Folha ontem, por telefone, demonstrou o bom humor ácido que é uma de suas marcas, revelando que "jamais posaria de pau para fora, a não ser que recebesse R$ 50 milhões". Leia abaixo trechos da conversa com Rogéria, transformista desde a adolescência, ex-maquiadora de TV, ex-vedete e um dos maiores ícones gays do país.

 

FOLHA - O que achou de o Congresso ter decidido colocar a sua foto dentro de uma cabine?
ROGÉRIA -
Menina, acho muito engraçado, tenho que morrer de rir. Eles acabam dando mais publicidade para a foto.

FOLHA - Em sua opinião, é censura?
ROGÉRIA -
É uma censura, sim. Quem tem que cair de pau neles são vocês da imprensa. Eu não posaria nua, de pau para fora, jamais, a não ser que me pagassem R$ 50 milhões para eu não me arrepender never [nunca]. Aquela foto é uma brincadeira com o Astolfo [Barroso Pinto, seu nome verdadeiro].
Fotografamos há cerca de três anos, e o Luiz Garrido [fotógrafo] nem achou que fosse fazer esse sucesso absoluto.

FOLHA - Acha curioso que o Congresso se incomode com essa imagem?
ROGÉRIA -
É suspeito que o Congresso censure. Quando um cara tem consciência de sua masculinidade, esse tipo de coisa [a foto] não o afeta. Aí você coloca [no texto da reportagem] etc.
Se eu estivesse de pau de fora, seria um acinte, mas é uma coisa engraçada. O governo não é chegado à arte, ele é chegado a banalidades.

FOLHA - Você quer dizer os congressistas ou o governo?
ROGÉRIA -
Os dois. E que não saia nenhum processo para mim [por essas declarações] porque esse pessoal é filho da mãe. Mas os brasileiros gostam de mim porque nunca fiquei dentro do armário, nunca neguei que fosse homem, nunca fiz plástica ou escondi a idade, sou autêntica. Esse pessoal [do Congresso] ficou chocado porque eu sou honesta.

FOLHA - Você foi vítima da censura no governo militar?
ROGÉRIA -
Nunca. Uma vez um delegado de polícia quis encrencar comigo e pedi ajuda para a dona Marina, uma censora. Ela mandou ele me deixar em paz e continuei o meu trabalho.


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