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PSDB reage a comparação feita por Lula
Presidente declarou ver semelhanças em ação do partido com as adotadas por Hitler; tucanos criticam "autoritarismo"
Para oposição, petista não aceita "contraditório"; em outra frente, ex-presidente FHC faz críticas à política ambiental do atual governo
DA REPORTAGEM LOCAL
O tom de críticas entre dois
dos principais grupos que disputam o poder em 2010 parece
ter se elevado. Tucanos reagiram a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
os comparou ao ditador nazista
Adolf Hitler (1889-1945) durante discurso anteontem. Para
os oposicionistas, a fala de Lula
transpareceria sua "aversão ao
contraditório".
O presidente fez a analogia
ao comentar a estratégia tucana de treinar, a partir desta semana, cerca de 4.500 militantes no Nordeste. O alvo é afinar
discurso e conseguir votos para
a eleição de 2010. Os governadores José Serra (SP) e Aécio
Neves (MG) disputam a indicação do partido para concorrer à
sucessão de Lula.
Para o petista, esta tentativa
de convencimento dos eleitores seria análoga a estratégia de
Hitler de arregimentar forças
para destruir inimigos, como os
judeus. O deputado José Aníbal
(SP), líder do PSDB na Câmara,
acha que "o presidente demonstra irritação porque colocou-se o dedo na ferida no autoritarismo dele, o quanto ele é
avesso ao contraditório, à crítica, à fiscalização".
O deputado disse que Lula e a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil) cometem "crime eleitoral" por viajar num avião do governo para, segundo ele, fazer
ato eleitoral. "Ele [Lula] tem
uma concepção fascista, mussoliniana do que deve ser o papel da imprensa", disse Aníbal.
O senador Sérgio Guerra,
presidente nacional do PSDB,
disse que as declarações do presidente "não podem ser sinceras". "Estamos fazendo curso
sobre democracia, não gostamos de Hitler nem de [o presidente da Venezuela, Hugo]
Chávez. Não discutimos ditadores. Se o presidente tiver curiosidade, podemos mandar
nossas apostilas para ele."
Para o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR), "nunca se viu na
história do país um presidente
falar tanta bobagem".
Em outra frente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez críticas a política ambiental do atual governo.
Ele disse que o Brasil poderia
fazer mais do que só reduzir o
desmatamento para auxiliar o
esforço contra o aquecimento
global. Disse também que gostaria de ver uma postura "mais
afirmativa" do governo Lula
nas negociações climáticas globais que acontecem em dezembro em Copenhague, e que temia o retorno de "uma visão de
crescer a qualquer preço".
O tucano falou durante a
Conferência de São Paulo,
evento sobre governança mundial organizado pela CPFL Cultura, pelo Instituto Fernando
Henrique Cardoso e pelo Collegium International, grupo dirigido pelo ex-primeiro-ministro
francês Michel Rocard.
O ex-presidente, Rocard e
outros intelectuais e políticos
usaram o encontro para divulgar a Carta de São Paulo, um
manifesto pedindo a reformulação da ideia de soberania nacional para que seja possível
enfrentar com sucesso desafios
que são realmente mundiais.
"Ou nós mudamos o sistema
decisório internacional, ou vamos ser atingidos por uma espécie de policatástrofe", disse.
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