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Relator cita cartas como prova contra Azeredo
Documentos de prima do tesoureiro da campanha relacionariam tucano a Valério
Advogado do tucano diz que tesoureiro "faltou com a lealdade"; senador nega encontros para discutir doações de campanha
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos indícios citados pelo
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa em seu voto no processo do
valerioduto mineiro, pelo qual
acolheu a denúncia contra o senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), são cartas e o depoimento de uma prima do tesoureiro da campanha do tucano em 1998, Cláudio Mourão.
Barbosa leu trechos da carta
enviada ao Ministério Público e
à CPI de Minas Gerais por Vera
Lúcia Mourão de Carvalho Veloso, que disse ter trabalhado
nas campanhas de Azeredo de
1994 e 1998. Ela afirma que
Azeredo participava pessoalmente das decisões sobre o fluxo financeiro da campanha.
"Posso afirmar com certeza
que o sr. Clésio [Andrade, candidato a vice-governador], o governador Eduardo Azeredo, o
[então] vice-governador Walfrido dos Mares Guia, Cláudio
Mourão, [o publicitário] Marcos Valério, sua secretária e eu
fazíamos semanalmente reuniões para tratar de assuntos
referentes a entrada e saída de
verbas, doações de empresários
e doações que entravam como
empréstimos que seriam pagos
após a eleição", escreveu Vera
Lúcia, que repetiu a informação ao depor na PF em 2006.
Em entrevista à Folha, divulgada ontem, Azeredo afirmou
que nunca se reuniu com Vera.
A estratégia de defesa de
Azeredo tem sido atribuir a
Mourão toda a responsabilidade pela parte financeira do comitê. O defensor do tucano, José Gerardo Grossi, disse, no
plenário do STF que seu cliente
foi traído por Mourão: "Lamentavelmente, faltou-lhe
com a lealdade".
Em seu relatório, o ministro
Barbosa citou outros seis indícios do envolvimento de Azeredo com o valerioduto, como "a
presença constante" de Valério
no comitê eleitoral.
O julgamento no STF foi paralisado, na última quinta-feira, após o pedido de vista dos
autos formulado pelo ministro
José Antonio Dias Toffoli.
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