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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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VIAGEM AO ORIENTE

Presidente afirma que resultado depende do que "cabeça política dos políticos brasileiros permite"

Lula diz que reforma não reflete seu desejo

DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI

Na declaração mais realista sobre as reformas que enviou ao Congresso Nacional no início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o resultado deverá ser apenas o que "a cabeça política dos políticos brasileiros permite".
"Não dá para você inventar. Não dá para você fazer uma reforma virtual, aquela do desejo do presidente, aquela do desejo do ministro tal qual. A reforma, na medida que entra no Congresso Nacional, ela será o resultado da visão do Congresso Nacional. E nós, enquanto Executivo, temos apenas de acatar a decisão do Congresso Nacional", disse Lula na sua primeira entrevista em seu giro pelos países árabes.
A assessoria de imprensa da Presidência da República disse que o presidente só daria a entrevista se as perguntas fossem sobre assuntos relacionados à viagem. Para que não houvesse cancelamento, os jornalistas concentraram suas perguntas sobre o Brasil no final. Foi quando Lula falou da reforma tributária, mas foi econômico nas respostas.
Indagado se estava satisfeito com a reforma tributária -que foi esfacelada pelo Congresso-, o presidente sorriu e disse: "Olha a minha cara. Quando eu chegar no Brasil eu vou convocar uma coletiva para falar sobre isso".
O governo conseguiu fechar na semana passada um acordo para aprovar a reforma tributária ainda neste ano. Para isso, teve de ceder e aceitar que a guerra fiscal (concessão de incentivos fiscais pelos Estados para atrair empresas) continue valendo até a promulgação da emenda constitucional que trata da reforma tributária. Cedeu também mais recursos para os Estados e municípios.
A entrevista de Lula durou cerca de 50 minutos e concedida na manhã de ontem em Abu Dhabi, antes de vir para Dubai. Hoje ele estará no Egito.
O presidente disse que "as reformas são o resultado do grau de confiança da população". Em seguida, num tom realista, afirmou que "a reforma que vai sair do Congresso Nacional é a reforma que a cabeça política dos políticos brasileiros permite que saia".
No início do governo, os petistas acreditavam que conseguiriam aprovar com mais facilidade as reformas tributária e previdenciária. Agora, estão sendo obrigados a fazer concessões para evitar que elas fiquem para o próximo ano, o que poderia fazer com que o governo entrasse 2004 sem a cobrança da CPMF (o tributo do cheque), essencial para o controle das contas públicas -ela rende por ano R$ 24 bilhões.
(FERNANDO RODRIGUES)


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