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VIAGEM AO ORIENTE
Presidente afirma que resultado depende do que "cabeça política dos políticos brasileiros permite"
Lula diz que reforma não reflete seu desejo
DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI
Na declaração mais realista sobre as reformas que enviou ao
Congresso Nacional no início do
ano, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem que o resultado deverá ser apenas o que "a
cabeça política dos políticos brasileiros permite".
"Não dá para você inventar.
Não dá para você fazer uma reforma virtual, aquela do desejo do
presidente, aquela do desejo do
ministro tal qual. A reforma, na
medida que entra no Congresso
Nacional, ela será o resultado da
visão do Congresso Nacional. E
nós, enquanto Executivo, temos
apenas de acatar a decisão do
Congresso Nacional", disse Lula
na sua primeira entrevista em seu
giro pelos países árabes.
A assessoria de imprensa da
Presidência da República disse
que o presidente só daria a entrevista se as perguntas fossem sobre
assuntos relacionados à viagem.
Para que não houvesse cancelamento, os jornalistas concentraram suas perguntas sobre o Brasil
no final. Foi quando Lula falou da
reforma tributária, mas foi econômico nas respostas.
Indagado se estava satisfeito
com a reforma tributária -que
foi esfacelada pelo Congresso-,
o presidente sorriu e disse: "Olha
a minha cara. Quando eu chegar
no Brasil eu vou convocar uma
coletiva para falar sobre isso".
O governo conseguiu fechar na
semana passada um acordo para
aprovar a reforma tributária ainda neste ano. Para isso, teve de ceder e aceitar que a guerra fiscal
(concessão de incentivos fiscais
pelos Estados para atrair empresas) continue valendo até a promulgação da emenda constitucional que trata da reforma tributária. Cedeu também mais recursos
para os Estados e municípios.
A entrevista de Lula durou cerca
de 50 minutos e concedida na manhã de ontem em Abu Dhabi, antes de vir para Dubai. Hoje ele estará no Egito.
O presidente disse que "as reformas são o resultado do grau de
confiança da população". Em seguida, num tom realista, afirmou
que "a reforma que vai sair do
Congresso Nacional é a reforma
que a cabeça política dos políticos
brasileiros permite que saia".
No início do governo, os petistas acreditavam que conseguiriam aprovar com mais facilidade
as reformas tributária e previdenciária. Agora, estão sendo obrigados a fazer concessões para evitar
que elas fiquem para o próximo
ano, o que poderia fazer com que
o governo entrasse 2004 sem a cobrança da CPMF (o tributo do
cheque), essencial para o controle
das contas públicas -ela rende
por ano R$ 24 bilhões.
(FERNANDO RODRIGUES)
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