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OPERAÇÃO ANACONDA
Documentos apreendidos indicam monitoramento de desembargadores
Rocha Mattos investigou 4 juízes
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Documentos, fotografias de
imóveis e automóveis e anotações
apreendidos pela Operação Anaconda indicam que o juiz federal
João Carlos da Rocha Mattos, da
4ª Vara Criminal de São Paulo, teria "investigado" por conta própria três desembargadores do
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 3ª Região de São Paulo, incluindo a atual vice-presidente do
tribunal, Diva Malerbi, além de
um juiz de primeira instância.
Diva foi relatora de dois processos administrativos sigilosos
abertos no TRF e que tinham como parte o juiz Rocha Mattos, em
1992 e 2003. Ela foi corregedora
do TRF, a quem competia averiguar denúncias contra juízes federais de São Paulo e de Mato
Grosso do Sul.
Rocha Mattos foi preso no último dia 30 sob acusação de integrar uma quadrilha de venda de
sentenças na Justiça Federal.
Num dos bilhetes apreendidos
entre as coisas do juiz, guardadas
no apartamento da sua ex-mulher, Norma Regina Cunha, há
anotação a respeito de uma "investigação" contra o desembargador Fábio Prieto de Souza: "Estou
investigando. Parece que não tem
receita. O apto [apartamento]
continua na declaração".
Prieto é próximo do ministro do
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
Jorge Scartezzini, um desafeto do
juiz Rocha Mattos.
Sobre a desembargadora Suzana de Camargo Gomes, além de
fotografias e escrituras de imóveis
registrados em seu nome e de familiares, há um papel timbrado
da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo com seus dados
pessoais e o valor mensal que declarou ao Imposto de Renda. O
papel tem a marca de um fax enviado em 21 de junho de 2000.
As cópias das escrituras foram
reconhecidas em cartório em Mato Grosso do Sul em 9 de novembro de 2001.
Suzana Gomes teve um papel
importante no afastamento do
desembargador Paulo Theotonio
Costa, determinado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em dezembro de 2001. Naquele ano, em
7 de novembro -portanto, dois
dias antes das cópias cartoriais de
seus imóveis-, Suzana confirmou, em juízo, haver recebido informações de advogados de Mato
Grosso do Sul de que Theotonio
Costa "vendia sentenças".
No escritório do empresário
Vagner Rocha, o "Peru", apontado pelo Ministério Público Federal como integrante da suposta
quadrilha que tinha ramificação
na Justiça Federal, a Polícia Federal encontrou um conjunto de documentos que indicam "apurações" também sobre a vida do juiz
substituto da 8ª Vara Federal
(previdenciária) Sidmar Dias
Martins, namorado da desembargadora Suzana.
De acordo com relatório de inteligência da Polícia Federal, os
papéis eram endereçados ao "sr.
Guilherme". Em gravações feitas
pela ex-mulher de Mattos, Norma
diz que José Guilherme Cavalheiro, motorista de um filho do casal
e ex-policial federal afastado da
PF em 1988, fazia "levantamentos" e "investigações" para o juiz.
Os desembargadores Diva e
Prieto não foram localizados ontem pela Folha. Suzana Gomes
preferiu não comentar o assunto.
O advogado do juiz Rocha Mattos, Alberto Toron, atendeu o telefone celular por volta das 18h00,
mas disse que estava em casa e
que só poderia atender à reportagem hoje.
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