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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CAIXA-PRETA
Vice afirma ainda ser responsável pela Coteminas e classifica partido de "instituição de respeito"
Alencar defende PT e diz que presidente está "triste"
ADRIANO CEOLIN
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente da República,
José Alencar, saiu ontem em defesa do PT, que usou R$ 1 milhão de
caixa dois para pagar parte de dívida com sua empresa, a Coteminas. Segundo o vice, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva está
"triste" com o episódio.
"A instituição PT é uma instituição que eu respeito, fui eleito vice-presidente da República, porque
o eleitor, quando digitou, digitou
o número 13, então qualquer coisa que aconteça contra a instituição PT me atinge", disse.
Alencar também defendeu o
presidente Lula, com quem conversou sobre o assunto anteontem: "O presidente fez questão de
me dizer que está triste, mas ele
não tem nada a ver com isso".
O presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho de Alencar, esteve ontem em Brasília e
distribuiu cópias do dossiê intitulado "Nota de Esclarecimento",
no qual reuniu documentos relativos à encomenda de 2,7 milhões
de camisetas para a campanha do
PT às prefeituras, em 2004.
Depois de depor à Polícia Federal, Josué Gomes disse que não
poderá colaborar com as investigações que buscam esclarecer a
origem do dinheiro do caixa dois
petista usado no pagamento à Coteminas. Ele riu quando questionado se acreditava na versão
apresentada na véspera por Delúbio Soares. O ex-tesoureiro petista disse que o dinheiro saíra de
uma reserva de recursos do caixa
dois operado pelo publicitário
Marcos Valério de Souza.
O presidente da Coteminas
também encontrou-se com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos. Josué Gomes culpou o PT
pelo caso que, de acordo com ele,
"aborrece" e "chateia".
"Estamos surpresos com esse
fato de que o próprio partido está
admitindo que era dinheiro de
caixa dois", disse Josué Gomes.
"Era caixa dois para eles. Para
nós, é caixa um. Até porque nós
só temos um caixa, que é o caixa
de toda a contabilidade da nossa
empresa", afirmou.
Apesar de ter escalado o filho
para fazer a defesa da imagem da
Coteminas, o vice-presidente da
República não se isentou da responsabilidade sobre os negócios
da empresa da família.
"Eu sou responsável pela empresa, ainda que tenha me desligado para assumir a vice-presidência. E está à frente da presidência [da Coteminas] o meu filho e eu sou acionista controlador
dela. Portanto a responsabilidade
é toda minha", afirmou.
Para Alencar, a Coteminas agiu
dentro da lei porque registrou na
contabilidade da empresa o dinheiro recebido pelo partido.
"[O dinheiro] foi depositado na
conta da companhia e dado um
recibo para que fosse utilizado pelo partido para proceder aos registros contábeis desse pagamentos", disse. "Nós não podemos fiscalizar a instituição que é compradora, se ela contabiliza ou não o
pagamento", completou Alencar.
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