São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CAIXA-PRETA

Vice afirma ainda ser responsável pela Coteminas e classifica partido de "instituição de respeito"

Alencar defende PT e diz que presidente está "triste"

ADRIANO CEOLIN
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente da República, José Alencar, saiu ontem em defesa do PT, que usou R$ 1 milhão de caixa dois para pagar parte de dívida com sua empresa, a Coteminas. Segundo o vice, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "triste" com o episódio.
"A instituição PT é uma instituição que eu respeito, fui eleito vice-presidente da República, porque o eleitor, quando digitou, digitou o número 13, então qualquer coisa que aconteça contra a instituição PT me atinge", disse.
Alencar também defendeu o presidente Lula, com quem conversou sobre o assunto anteontem: "O presidente fez questão de me dizer que está triste, mas ele não tem nada a ver com isso".
O presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho de Alencar, esteve ontem em Brasília e distribuiu cópias do dossiê intitulado "Nota de Esclarecimento", no qual reuniu documentos relativos à encomenda de 2,7 milhões de camisetas para a campanha do PT às prefeituras, em 2004.
Depois de depor à Polícia Federal, Josué Gomes disse que não poderá colaborar com as investigações que buscam esclarecer a origem do dinheiro do caixa dois petista usado no pagamento à Coteminas. Ele riu quando questionado se acreditava na versão apresentada na véspera por Delúbio Soares. O ex-tesoureiro petista disse que o dinheiro saíra de uma reserva de recursos do caixa dois operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza.
O presidente da Coteminas também encontrou-se com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Josué Gomes culpou o PT pelo caso que, de acordo com ele, "aborrece" e "chateia".
"Estamos surpresos com esse fato de que o próprio partido está admitindo que era dinheiro de caixa dois", disse Josué Gomes.
"Era caixa dois para eles. Para nós, é caixa um. Até porque nós só temos um caixa, que é o caixa de toda a contabilidade da nossa empresa", afirmou.
Apesar de ter escalado o filho para fazer a defesa da imagem da Coteminas, o vice-presidente da República não se isentou da responsabilidade sobre os negócios da empresa da família.
"Eu sou responsável pela empresa, ainda que tenha me desligado para assumir a vice-presidência. E está à frente da presidência [da Coteminas] o meu filho e eu sou acionista controlador dela. Portanto a responsabilidade é toda minha", afirmou.
Para Alencar, a Coteminas agiu dentro da lei porque registrou na contabilidade da empresa o dinheiro recebido pelo partido.
"[O dinheiro] foi depositado na conta da companhia e dado um recibo para que fosse utilizado pelo partido para proceder aos registros contábeis desse pagamentos", disse. "Nós não podemos fiscalizar a instituição que é compradora, se ela contabiliza ou não o pagamento", completou Alencar.


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