São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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Entre credores, PT priorizou Coteminas

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pagamento de R$ 1 milhão feito em maio pelo PT à empresa Coteminas surpreendeu outros grandes credores do Diretório Nacional do partido que esperam pagamento por serviços prestados durante a campanha de 2004.
Entre os principais cobradores do PT estão a empresa de aluguel de aviões Líder Táxi Aéreo, credora de R$ 950 mil; a Dandera, fabricante de camisetas que cobra R$ 514 mil; a cantora Wanessa Camargo, credora de R$ 319 mil; e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, credor de R$ 133 mil.
"Estamos há muito tempo querendo receber do PT pelos serviços prestados em 2004", disse o presidente da Líder, Eduardo Vaz. A última promessa do PT é pagar em três parcelas, a primeira no próximo dia 12.
"Quase todo dia procuro o PT para resolver o problema. Pedem calma, mas os meus credores não têm calma", afirmou Francivaldo Santos, diretor da Dandera, que fabricou camisetas para o partido.
"Nem um centavo foi pago", disse a assessoria da cantora Wanessa Camargo.
A dupla Zezé di Camargo & Luciano ainda não tem previsão para receber R$ 370 mil por shows para campanhas de 2004, mas reconheceu, por meio do representante Romel Marques, ter recebido "algum abatimento" em 2005. O valor não foi divulgado.
Outra grande credora do PT, a empresa de aviação TAM se recusou a dizer se alguma parcela da dívida de R$ 1,9 milhão foi paga ao longo de 2005.
A agência de viagens BBTur, ligada ao Banco do Brasil, à qual o PT assumiu dever R$ 288 mil em dezembro de 2004, disse que parte da dívida foi paga em 2005, mas não divulgou o valor. O restante foi repactuado em setembro, após acordo com a nova direção do PT.
A Folha apurou que os pagamentos ocorridos em 2005 se deram por meio de boleto bancário, que pode ser quitado com dinheiro ou com cheque.
O BB é o maior credor do PT. O partido devia ao banco, em valores de 2004, R$ 17 milhões por três contratos de leasing para aquisição de computadores e R$ 3,5 milhões por outro empréstimo. O BB informou que, para garantir o pagamento das parcelas de leasing, faz desconto nas contas do PT destinadas ao recebimento das parcelas do Fundo Partidário.
O documento pelo qual o PT assumiu as dívidas, entregue em abril ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é assinado pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Em julho, o PT afirmou que "honrará todos os seus compromissos financeiros". Em agosto, reconheceu um total não pago de R$ 38 milhões em "compromissos contratuais".
A Folha procurou o PT, mas não conseguiu contato até o fechamento desta edição.


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