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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RUMO A 2006
Lula sugere que aliança eleitoral não pode ser obrigatória, mas "tem de ser por amor"
Presidente defende fim da verticalização nas eleições
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva defendeu publicamente
ontem, pela primeira vez, o fim da
verticalização, lei que obriga os
partidos a seguir nos Estados as
mesmas alianças que fazem para a
eleição no plano nacional.
"O instituto da reeleição não é
minha paixão. Para alguém ser
candidato à reeleição, existem fatores condicionantes. É preciso
contar até dez, até que se decida
claramente a viabilidade, as possibilidades e o que se pretende. Não
é um automaticismo em que você
aperta, como se apertasse uma
máquina de jogar qualquer coisa
num bingo e desse um resultado
final. Não é assim que funciona,
não é assim minha cabeça. E a
verticalização não é minha paixão. Eu acho que o casamento
tem de ser por amor, não pode ser
obrigatório, as pessoas casam
quando querem casar", afirmou.
A verticalização, cujo fim está
em discussão no Congresso, dificulta as alianças para uma eventual candidatura à reeleição. Isso
porque, se Lula fechar acordo
com um partido, o PMDB, por
exemplo, para sua reeleição, os
peemedebistas e os petistas não
poderão concorrer em campos
opostos nos Estados.
Lula discursou por mais de 50
minutos, ontem à noite, na posse
do deputado Eduardo Campos
(PSB-PE) como presidente do
Partido Socialista Brasileiro e falou que quer fazer uma reunião
com a executiva do partido e também de outras siglas, como o PC
do B, para analisar o panorama e
tratar de sua candidatura à reeleição, se for mesmo concorrer.
Em sua fala, Lula também fez
críticas veladas aos que cogitam
tirá-lo do cargo ou proibi-lo de
disputar a reeleição, hipótese que
surgiu depois da eclosão do escândalo do mensalão. "Tem gente
que estranha porque acha que eu
deveria manter mais a liturgia de
presidente da República, fazer
discursos escritos. Mas eu gostaria de dizer para vocês que o mandato de presidente da República
tem prazo para começar e para
terminar. De vez em quando, aparece um engraçadinho querendo
interromper o processo, dizendo
que democracia não tem de ser
respeitada", afirmou.
"Algumas pessoas neste país
precisam aprender uma lição, eles
precisam aprender que democracia significa alternância de poder.
Da mesma forma que um grande
empresário pode ser presidente
da República, respeitado pelos
trabalhadores, um trabalhador
pode ser presidente, respeitado
pelos outros setores da sociedade." Para Lula, "é preciso que alguém que não seja universitário
possa ser também presidente", referindo-se a Fernando Henrique
Cardoso.
(PEDRO DIAS LEITE, ADRIANO CEOLIN E EDUARDO SCOLESE)
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