São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RUMO A 2006

Lula sugere que aliança eleitoral não pode ser obrigatória, mas "tem de ser por amor"

Presidente defende fim da verticalização nas eleições

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente ontem, pela primeira vez, o fim da verticalização, lei que obriga os partidos a seguir nos Estados as mesmas alianças que fazem para a eleição no plano nacional.
"O instituto da reeleição não é minha paixão. Para alguém ser candidato à reeleição, existem fatores condicionantes. É preciso contar até dez, até que se decida claramente a viabilidade, as possibilidades e o que se pretende. Não é um automaticismo em que você aperta, como se apertasse uma máquina de jogar qualquer coisa num bingo e desse um resultado final. Não é assim que funciona, não é assim minha cabeça. E a verticalização não é minha paixão. Eu acho que o casamento tem de ser por amor, não pode ser obrigatório, as pessoas casam quando querem casar", afirmou.
A verticalização, cujo fim está em discussão no Congresso, dificulta as alianças para uma eventual candidatura à reeleição. Isso porque, se Lula fechar acordo com um partido, o PMDB, por exemplo, para sua reeleição, os peemedebistas e os petistas não poderão concorrer em campos opostos nos Estados.
Lula discursou por mais de 50 minutos, ontem à noite, na posse do deputado Eduardo Campos (PSB-PE) como presidente do Partido Socialista Brasileiro e falou que quer fazer uma reunião com a executiva do partido e também de outras siglas, como o PC do B, para analisar o panorama e tratar de sua candidatura à reeleição, se for mesmo concorrer.
Em sua fala, Lula também fez críticas veladas aos que cogitam tirá-lo do cargo ou proibi-lo de disputar a reeleição, hipótese que surgiu depois da eclosão do escândalo do mensalão. "Tem gente que estranha porque acha que eu deveria manter mais a liturgia de presidente da República, fazer discursos escritos. Mas eu gostaria de dizer para vocês que o mandato de presidente da República tem prazo para começar e para terminar. De vez em quando, aparece um engraçadinho querendo interromper o processo, dizendo que democracia não tem de ser respeitada", afirmou.
"Algumas pessoas neste país precisam aprender uma lição, eles precisam aprender que democracia significa alternância de poder. Da mesma forma que um grande empresário pode ser presidente da República, respeitado pelos trabalhadores, um trabalhador pode ser presidente, respeitado pelos outros setores da sociedade." Para Lula, "é preciso que alguém que não seja universitário possa ser também presidente", referindo-se a Fernando Henrique Cardoso. (PEDRO DIAS LEITE, ADRIANO CEOLIN E EDUARDO SCOLESE)

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