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"Levaria Dirceu a meu palanque", afirma Lula
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fez ontem uma defesa enfática do ex-deputado José Dirceu ao
afirmar que levaria ao palanque
seu ex-ministro da Casa Civil. Lula repetiu que não existem provas
contra Dirceu e mais uma vez atacou a tese do "mensalão".
Em entrevista a quatro emissoras nacionais de rádio, o presidente rotulou de "abominável" o
uso de caixa dois pelo PT em recentes campanhas eleitorais e pela
primeira vez classificou a prática
como "crime". "Primeiro, houve
um crime eleitoral de caixa dois,
já provado na CPI. Ninguém nega
isso. E há, inclusive, quem assumiu a responsabilidade por esse
crime eleitoral", disse, em alusão
ao ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Por uma hora e meia, ele respondeu a perguntas de jornalistas
das redes Bandeirantes, Bandnews, CBN e Jovem Pan. Questionado se sabia dos esquemas irregulares do PT, o presidente fechou o semblante e deu um soco
na mesa. Negou mais uma vez.
Palanque
Questionado se levaria Dirceu
ao seu palanque, Lula respondeu:
"Eu levaria o José Dirceu para o
palanque, até porque ele foi cassado e não foi provado nada contra
ele. Ele é um cidadão que perdeu o
mandato de parlamentar, mas até
agora eu não vi nenhuma acusação que possa dizer: "O José Dirceu cometeu um delito'".
O presidente tentou justificar a
afirmação de que tanto ele como
Dirceu não tiveram conhecimento prévio das irregularidades petistas. "Quantas mães de família e
quantos pais de família têm um filho dentro de casa que está praticando algum delito, que está
usando droga, e não sabem? Ora,
se a gente não sabe as coisas que
acontecem dentro de casa, por
que num Estado o ministro tem
que saber de tudo o que acontece
no território nacional?"
Lula cobrou "responsabilidade"
aos denunciantes para "não cometermos injustiças com quem
quer que seja, de direita ou de esquerda, do PT ou de outro partido
político, ou até gente da sociedade
civil". E completou: "Se depender
de mim, jamais cometerei o desatino de condenar alguém antes de
essa pessoa ser investigada corretamente, apurado. Aí, sim, puni-la exemplarmente para o mundo
inteiro saber o que você fez".
Apesar de condenar o caixa
dois, se disse orgulhoso de ser petista. "Não pense que eu fiquei inibido de ser petista. Pelo contrário:
agora estou mais orgulhoso. Porque nós também não somos infalíveis, cometemos erros e, quando
cometemos erros, temos que pagar e pagar forte, porque a sociedade brasileira precisa nos cobrar
sistematicamente, de forma implacável, para que a gente seja
uma referência ética neste país."
Ele disse que o PT precisa
aprender a apanhar: "Se você encontrar um petista lamentando:
"A oposição está batendo", não leve muito em conta, não, porque
eles têm que aprender a apanhar;
bateram a vida inteira. Não temos
que nos queixar".
Lula voltou a dizer que ainda
não é candidato. "O Brasil poderia ter um mandato de cinco anos
sem reeleição, porque quem está
presidindo não ficaria preocupado em fazer negociações para poder se reeleger."
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