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GASTOS PÚBLICOS
Lula cogita MP se Congresso não votar Orçamento
FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem a políticos do
PMDB que pretende editar uma
medida provisória caso o Congresso não consiga votar o Orçamento de 2006 até o dia 31. Nesse
caso, o governo garantiria os investimentos necessários logo no
início do ano que vem, que será
marcado pelas eleições.
Quando o Orçamento da União
não é votado, o Poder Executivo
fica limitado na hora de pagar
despesas. Só ficam liberados os
gastos obrigatórios (pagamentos
à Previdência, salários, transferências para Estados e cidades,
por exemplo), enquanto os investimentos ficam todos retidos, inclusive os das empresas estatais.
"Se a oposição pensa que vai
prejudicar o governo não votando o Orçamento, está enganada",
disse Lula aos políticos do PMDB,
na reunião no final da manhã de
ontem, segundo relato de presentes. Em seguida, o presidente contou a estratégia da MP.
Antes, quando o Orçamento
não era votado, o governo ficava
automaticamente autorizado a
gastar 1/12 por mês enquanto o
Congresso não decidia a questão.
Sem essa regra, a área jurídica do
governo estudou a saída da MP.
Segundo a Folha apurou, a
eventual medida provisória deve
conter créditos extraordinários
que contemplem todos os investimentos de interesse do governo
federal, nas administrações direta
e indireta. É possível que haja
contestação jurídica, mas o Planalto ganharia tempo para aprovar o Orçamento em definitivo.
O ano de 2006 é atípico do ponto de vista orçamentário. As
maiores despesas com investimentos só podem ser feitas no
primeiro semestre, porque a lei
eleitoral impede determinados
gastos perto das eleições, que serão realizadas em outubro.
Deputados e senadores não têm
demonstrado boa vontade com a
administração Lula porque há
atraso na liberação de verbas para
emendas que os congressistas fazem ao Orçamento. Nesta semana, ficou decidido que R$ 1,1 bilhão deve ser pago por conta desse tipo de despesa.
Planos A e B
A edição de uma MP é considerada no governo como um "plano
B". O "plano A" é apostar tudo
para tentar forçar a aprovação do
Orçamento até o fim do ano.
O Congresso só trabalha até o
dia 15. Depois, já é dada como certa a prorrogação da sessão legislativa até o dia 31, sem uma convocação extraordinária -há entendimento dentro do Legislativo.
O Planalto usará alguns argumentos para convencer parlamentares. O primeiro deles é a liberação das emendas. Ocorre que
essas emendas são, em sua maioria, para investimentos e, nesse
caso, só poderão de fato ser liberadas no início de 2006 se o Orçamento estiver aprovado.
O segundo argumento será sobre o pagamento das compensações previstas na Lei Kandir
-que ressarce Estados que perdem receita por não tributarem
produtos exportados. Ocorre que
esse dinheiro só será repassado
com o Orçamento sancionado.
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