|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDICIÁRIO
Ponto é o mais importante da reforma processual, que tem mais 25 projetos
Senadores aprovam lei que simplifica o processo civil
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O plenário do Senado aprovou
ontem o mais importante dos 26
projetos de lei que compõem a reforma infraconstitucional do Poder Judiciário. Hoje os processos
civis -por exemplo, uma ação de
indenização- são divididos em
duas etapas. Com a nova lei, esse
tipo de processo terá tramitação
mais simples e rápida.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deverá sancionar esse projeto nos próximos dias. A reforma
infraconstitucional, também chamada de reforma processual, altera normas dos processos civil, trabalhista e penal. O governo a defende, afirmando que ela reduzirá
um dos maiores problemas da
Justiça brasileira: a lentidão.
A emenda constitucional da reforma do Judiciário, promulgada
há um ano, deu mais transparência ao Poder e criou o órgão de
controle externo, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mas não
conteve medidas para acelerar a
tramitação das ações.
A novidade do projeto aprovado ontem pelos senadores é que,
quando o juiz reconhecer algum
direito de uma pessoa, ela não
precisará mais entrar com uma
nova ação judicial para executar a
decisão da Justiça.
Hoje o cidadão que tem um direito lesado precisa entrar com
duas ações: uma para ter o seu direito reconhecido e outra para,
caso seja vitorioso no primeiro
processo, obter o cumprimento
da sentença.
Tramitação mais rápida
O secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça,
Pierpaolo Bottini, disse que a
principal vantagem da futura lei é
que, além de acelerar a tramitação, ela acabará com um passo
burocrático que hoje impede o
cumprimento de praticamente
metade das condenações: a notificação do réu.
Segundo Bottini, um estudo do
Banco Mundial em órgãos judiciais paulistas mostrou que 48%
dos processos de execução desaparecem (depois da ação de reconhecimento do direito), e os principais motivos seriam a dificuldade de o oficial de Justiça encontrar
o devedor para notificá-lo e a
ocorrência de acordo extrajudicial entre credor e devedor.
Dos processos que continuam,
41% não conseguem penhorar os
bens, em geral por dificuldade em
encontrá-los -cabe ao devedor
encontrar e penhorar os bens.
Esse estudo foi citado pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, em palestra em defesa da
aprovação da reforma infraconstitucional do Judiciário, na última
segunda-feira, na Faculdade de
Economia da Universidade de
São Paulo (FEA-USP).
Ele disse que acredita na aprovação da reforma processual até
meados do ano que vem. Ele citou
pesquisa realizada entre empresários em que 91% dos entrevistados consideraram o Judiciário
"ruim" ou "péssimo" em relação
à sua "agilidade".
Uma pesquisa realizada pela
Associação dos Magistrados Brasileiros e respondida por 3.258 filiados, principalmente juízes estaduais, revelou que eles próprios
reconhecem o problema da lentidão dos processos. Ao classificar a
sua agilidade, apenas 9,9% a classificaram de "muito boa" e "boa",
e 48,9% a avaliaram como "ruim"
e "muito ruim".
26 projetos de lei
O pacote da reforma processual
é composto por 26 projetos de lei.
Desse total, 19 foram propostos
pelo governo. O restante é de autoria de parlamentares, mas o governo apóia a sua aprovação.
Até ontem, somente um projeto
tinha sido aprovado pelo Congresso. Ele impede que o agravo,
um tipo de recurso contra atos
processuais, como inquirição de
testemunhas e produção de provas, paralise a sua tramitação e retarde o desfecho da ação.
Texto Anterior: Caso Dorothy: Defesa tenta reduzir pena de acusados Próximo Texto: TJ de São Paulo elege novo presidente Índice
|