São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Saída pela saúde

A sinalização, feita pelo Planalto aos governadores tucanos, de um possível aumento da fatia da CPMF destinada à saúde é considerado o último recurso para obter do PSDB uns poucos "votos de segurança" -no conjunto da base aliada, faltavam ontem três para os 49 necessários à prorrogação do imposto.
Há dias os tucanos mais interessados em cooperar advertem o governo: promessa de corte de despesas ou outras bolas de Natal não vão resolver. Já o compromisso de mais dinheiro para a saúde pode "abrir um espaço", nas palavras de um cardeal do partido, e eventualmente oferecer discurso a dois ou três senadores que estariam perto de votar a favor mas não podem fazê-lo na base da adesão pura e simples.

Cantada. Em suas conversas com senadores, José Temporão repete sempre a mesma história: a alíquota decrescente da CPMF, combinada com a regulamentação da emenda 29, resultaria em cem por cento do imposto do cheque destinado à saúde... em 2011.

Parceria. O ministro da Saúde gasta em média 40 minutos com cada senador expondo as virtudes do imposto do cheque. A lista dos alvos prioritários é fornecida pelo colega José Múcio (Relações Institucionais), com base em sua planilha de votos.

Alto lá. Desde que recebeu, na CCJ, a emenda que prorroga a CPMF, Marco Maciel (DEM-PE) tem mandado um recado ao governo: "Não existe urgência em matéria constitucional". Os "demos" ameaçam ir à Justiça se o presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), suprimir o intervalo de cinco sessões entre os dois turnos de votação na Casa.

Posição 1. A Mensagem ao Partido, capitaneada por Tarso Genro, deve sugerir voto em Ricardo Berzoini no segundo turno das eleições do PT. O grupo do ministro havia surgido justamente para contrapor ao antigo Campo Majoritário, do atual presidente.

Posição 2. A Mensagem alega que eleger Jilmar Tatto seria "mudança para pior". "Substituiríamos um grupo em baixa por outro entusiasmado, com práticas ainda mais danosas ao PT", diz a resolução a ser aprovada hoje.

Eu não. Berzoini recusou o convite da Folha para participar de debate com Jilmar Tatto. A campanha do atual presidente diz que haverá um único debate, organizado pelo próprio partido, na próxima quarta-feira em Brasília.

Plano gold. O esquema montado para atender d. Luiz Cappio, em greve de fome contra a transposição do São Francisco, inclui enfermeira e ambulância 24 horas, estrutura para emergências num hospital de Sobradinho e avião com UTI móvel caso seja necessária remoção para Salvador. Às turras com o bispo, o ministério da Integração Nacional e o governo da Bahia não querem correr riscos.

Acomodações. O líder da bancada do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), deve ser reconduzido ao cargo no ano que vem. Assim, fica removido um dos últimos obstáculos para que Michel Temer (SP) seja o peemedebista eleito presidente da Casa no biênio 2009-2010.

Último recurso. Sem obter sucesso junto à Mesa Mesa Diretora da Câmara paulistana, a bancada do PT vai entrar na Justiça, na segunda-feira, contra o Orçamento de 2008 enviado pela gestão Gilberto Kassab (DEM). Os opositores dizem que o prefeito mandou uma peça com informações genéricas sobre gastos com obras e projetos, o que dificultaria uma futura fiscalização.

Tour paulistano. Marco Aurélio Mello recebe na segunda o prêmio de direitos humanos da OAB-SP. No mesmo dia, outro ministro do STF, Gilmar Mendes, estará na capital para lançar, na São Francisco, o livro "Curso de Direito Constitucional".

Tiroteio

"Como se sentiria o PT se o PMDB resolvesse interferir em seus assuntos internos? Esse movimento só atrapalha."


Da líder da bancada do PT, IDELI SALVATTI, sobre a iniciativa do colega Eduardo Suplicy de lançar à presidência do Senado o peemedebista Pedro Simon, ausente da lista de candidatos feita por seu próprio partido.

Contraponto

Terceirização

Um grupo de deputados conversava animadamente no plenário, anteontem, quando o vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB-RS) começou a se queixar da paralisia da Câmara, que entrou em "recesso branco" a fim de não trancar a pauta do Senado, às voltas com a CPMF:
-É hora de arrumar outra atividade aqui em Brasília...
Conhecido boleiro, Julio Delgado (PSB-MG) sugeriu:
-Que tal organizar um torneio de futebol?
Emanuel Fernandes (PSDB-SP) achou a solução:
-Que nada... Já que os senadores estão tão atarefados, podemos emprestar 81 deputados para votar a CPMF enquanto eles discutem quem vai ser o presidente da Casa!


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