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Esquema de AL usou ao menos 150 pessoas
Cruzamento da PF, da Receita e do Ministério Público aponta fantasmas e laranjas lotados em gabinetes de deputados
Segundo a polícia, 10 dos 27 deputados da Assembléia do Estado estão envolvidos; parlamentares tentaram, em vão, adiar depoimentos
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Cruzamento de dados feito
pela Receita Federal, pelo Ministério Público e pela Polícia
Federal indica que ao menos
150 pessoas podem ter sido utilizadas como laranjas ou fantasmas no suposto esquema de
desvio de recursos da Assembléia Legislativa de Alagoas.
Anteontem, 41 pessoas foram presas, entre elas um ex-governador do Estado, um deputado e dois ex-deputados estaduais. Segundo a PF, deputados e assessores fraudaram a
folha de pagamento da Casa de
2001 a 2006 e desviaram cerca
de R$ 200 milhões.
"Os fantasmas e laranjas estavam lotados nos gabinetes
dos deputados ou ocupando
cargos comissionados", disse o
delegado Janderlyer Gomes,
que afirmou que funcionários
regularizados eram mais suscetíveis às irregularidades.
Estudante de direito, Daniel
de Oliveira Sampaio, 28, é um
dos fantasmas apontados pela
PF. "Desde 2000, quando pedi
exoneração do cargo comissionado na Assembléia, nunca
mais fui à Casa", disse à Folha.
Pela investigação da Operação Taturana, ele ainda aparece
como funcionário da Assembléia, com salário de R$ 1.800.
A advogada Gysele Rodrigues Romanholo Ferreira, 27,
também aparece como funcionária, mas, segundo sua mãe,
vive há 20 meses na Bahia.
O bioquímico Paulo César
dos Santos Ferreira, 42, que
também teria sido usado pelo
suposto esquema, disse que há
quatro anos não trabalha na
Assembléia. "Será que vou ter
direito a parte do salário embolsado pelos deputados?"
Depoimentos
Suspeitos de desviar recursos da Casa começaram a ser
ouvidos ontem pela PF.
Todos contaram que foram
envolvidos pelo esquema e que
não sabiam que servidores fantasmas e laranjas integravam a
folha de pagamento da Casa.
"Além da invenção de funcionários para justificar pagamentos, os envolvidos aumentavam
vencimentos de funcionários
contratados e desviavam a diferença entre o valor real e o do
contracheque", disse o delegado Janderlyer Gomes.
Até as 20h de ontem, cinco
suspeitos haviam prestado depoimento -o ex-deputado estadual Gilberto Gonçalves, o
prefeito de Roteiro (AL) e ex-diretor financeiro da Assembléia, Fábio Jatobá (PTB), dois
assessores e um empresário.
A PF diz que dez dos 27 deputados estaduais de Alagoas têm
participação no suposto esquema. Dos dez, só Cícero Ferro
(PMN) foi preso, num flagrante
de porte ilegal de arma.
Os crimes em apuração são
estelionato, crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, peculato (desvio de verba pública), corrupção passiva
e formação de quadrilha.
A PF também fez busca e
apreensão na empresa Elógica,
em Olinda (PE), que emite os
contracheques da Assembléia
alagoana. Para a polícia, a empresa emitia, a pedido do Legislativo, contracheque superior
ao salário, e a Casa e a empresa
ficavam com a diferença.
Dos 43 mandados de prisão
expedidos, dois não haviam sido cumpridos até ontem. O ex-governador Manoel Gomes de
(1997-1999, pelo PTB) deixou a
prisão anteontem, beneficiado
por habeas corpus. Outras cinco pessoas foram liberadas. O
Tribunal Regional Federal da
5ª Região negou pedido dos deputados suspeitos para que depusessem em janeiro. Todos
devem depor até terça-feira.
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