São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Moradores pedem mais diálogo sobre o projeto nos complexos

DA SUCURSAL DO RIO

Parece improvável que um projeto da magnitude do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) possa gerar resistência, mas é o que vem acontecendo no Rio.
O pacote foi preparado a toque de caixa. Os projetos reunidos ou já estavam em curso (como o dos morros Pavão/Pavãozinho/ Cantagalo e parte da Rocinha), ou eram diretrizes para os Planos Diretores (casos do Alemão, Manguinhos e parte da Rocinha), que tiveram de ser adaptadas às pressas.
Essa foi a justificativa para a demora no lançamento dos editais. As empreiteiras só serão conhecidas às vésperas do Ano Novo e as obras estão previstas para começar em 2008, junto com a eleição municipal, e devem terminar em 2010, com a disputa presidencial.
Como a licitação para as obras nas três favelas foi realizada antes da montagem do PAC, o presidente Lula deu início às obras no dia 30.
Os moradores, principalmente os do complexo do Alemão e de Manguinhos, não se sentem bem informados e cobram mais diálogo. Contatadas pela Folha, 12 associações e ONGs que atuam nessas favelas disseram que não sabem como esclarecer as principais dúvidas, referentes à abertura de ruas, remoções e à opção por obras monumentais.
O superintendente da Caixa Econômica Federal e responsável pela liberação dos recursos da União, José Domingos Vargas, informou que 30% do orçamento serão gastos em habitação e diz que não haverá remoções, mas realocações dentro da própria comunidade. Segundo Vargas, as casas oferecidas serão melhores do que o padrão normal de moradias populares e a prioridade será contratar mão-de- obra local.
O arquiteto Jorge Mário Jáuregui considera um erro a rejeição ao teleférico do Alemão e a suspensão da via férrea em Manguinhos. "São obras para toda a cidade, atributos de grande escala criados para ajudar a acabar com os estigmas que marcam estas comunidades". Na sua concepção, são obras programadas para serem as novas vitrines do Rio e para serem visitadas.
Embora tenham resultado em melhorias, os programas do Favela Bairro não tiveram fôlego para transformar as favelas em bairros, como se anunciava. A grande questão é saber se o PAC, com seus projetos monumentais e boas intenções, mas sem a definição prévia de uma política pública para as favelas, conseguirá. (MB)


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