|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Moradores pedem mais diálogo sobre o projeto nos complexos
DA SUCURSAL DO RIO
Parece improvável que um
projeto da magnitude do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) possa gerar resistência, mas é o que vem
acontecendo no Rio.
O pacote foi preparado a toque de caixa. Os projetos reunidos ou já estavam em curso (como o dos morros Pavão/Pavãozinho/ Cantagalo e parte da Rocinha), ou eram diretrizes para
os Planos Diretores (casos do
Alemão, Manguinhos e parte
da Rocinha), que tiveram de ser
adaptadas às pressas.
Essa foi a justificativa para a
demora no lançamento dos editais. As empreiteiras só serão
conhecidas às vésperas do Ano
Novo e as obras estão previstas
para começar em 2008, junto
com a eleição municipal, e devem terminar em 2010, com a
disputa presidencial.
Como a licitação para as
obras nas três favelas foi realizada antes da montagem do
PAC, o presidente Lula deu início às obras no dia 30.
Os moradores, principalmente os do complexo do Alemão e de Manguinhos, não se
sentem bem informados e cobram mais diálogo. Contatadas
pela Folha, 12 associações e
ONGs que atuam nessas favelas disseram que não sabem como esclarecer as principais dúvidas, referentes à abertura de
ruas, remoções e à opção por
obras monumentais.
O superintendente da Caixa
Econômica Federal e responsável pela liberação dos recursos da União, José Domingos
Vargas, informou que 30% do
orçamento serão gastos em habitação e diz que não haverá remoções, mas realocações dentro da própria comunidade. Segundo Vargas, as casas oferecidas serão melhores do que o
padrão normal de moradias
populares e a prioridade será
contratar mão-de- obra local.
O arquiteto Jorge Mário Jáuregui considera um erro a rejeição ao teleférico do Alemão e a
suspensão da via férrea em
Manguinhos. "São obras para
toda a cidade, atributos de
grande escala criados para ajudar a acabar com os estigmas
que marcam estas comunidades". Na sua concepção, são
obras programadas para serem
as novas vitrines do Rio e para
serem visitadas.
Embora tenham resultado
em melhorias, os programas do
Favela Bairro não tiveram fôlego para transformar as favelas
em bairros, como se anunciava.
A grande questão é saber se o
PAC, com seus projetos monumentais e boas intenções, mas
sem a definição prévia de uma
política pública para as favelas,
conseguirá.
(MB)
Texto Anterior: PAC adota favelas do Rio como vitrines Próximo Texto: Antiga moradora do morro do Alemão não deseja ser removida de sua residência Índice
|