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Antiga moradora do morro do Alemão não deseja ser removida de sua residência
DA SUCURSAL DO RIO
O morro do Alemão, uma
das 12 favelas que compõem
o complexo do Alemão, fala a
língua do rap. Dulcinéia Coelho é uma exceção neste jovem mundo hip hop. Aos 77
anos, é a porta-bandeira da
Velha Guarda da Imperatriz
Leopoldinense e uma das
moradores mais antigas da
favela.
Dona Dulce recebe uma
pensão de um salário mínimo e mora só numa casinha
de quatro cômodos equilibrada em uma das ladeiras.
Ela está preocupada com o
que vai acontecer: o governo
começou a marcar de vermelho casas e becos para as
obras do PAC e ela teme ser
removida. Há uma marca
bem em frente à sua casa.
Não importa que o Alemão
tenha alguns dos piores indicadores socioeconômicos da
cidade, ela quer ficar no
morro. Cercado por bairros
tradicionais do subúrbio carioca, o entorno das favelas
está deteriorado. Antiga área
industrial, poucas fábricas
sobreviveram à perda de
competitividade e ao crescimento da violência.
O complexo está em último lugar entre 126 bairros
no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(0,711), numa escala de 0 a 1
em que o melhor bairro é a
Gávea (zona sul), com 0,970.
Segundo o governo estadual,
as favelas têm três postos de
saúde e três escolas infantis.
A situação é praticamente a
mesma nos complexos da
Penha (seis favelas) e do Caricó (sete favelas), que, junto
com o Alemão, dividem o
mesmo espaço geográfico.
Apesar disso, ficaram de fora
do PAC. O governo estadual
promete incluí-las nos próximos pacotes, embora admita que não tenha recursos.
Além do teleférico, as favelas do Alemão terão completados os sistemas de abastecimento de água, esgoto, coleta de lixo, iluminação e
drenagem pluvial, alargadas
as principais ruas de acesso e
construídos 21 centros de
serviços e de cultura, 6 creches e escolas infantis, 5 escolas de ensino médio e uma
profissionalizante, 4 centros
de saúde, 2.620 novas casas
para as famílias removidas,
praças e, no alto da serra, o
parque da Misericórdia, com
329,81 hectares e um lago.
O parque pode não sair do
papel tão cedo. Para ser implantado depende da desativação de três pedreiras que
abriram uma imensa cratera
no miolo da serra. A maior
delas acaba de obter licença
para explosões e exploração
de brita até 2012.
(MB)
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