DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por causa do hábito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de quebrar o protocolo e cumprimentar populares, cinco soldados do Bope (Batalhão de Operações Especiais, da PM) estão desde ontem reforçando a segurança em frente ao Palácio da Alvorada.
O maior susto que Lula pregou na segurança depois da posse foi anteontem à noite. O presidente desceu do carro, quando voltava do trabalho. Foi abordado por José Cândido de Lima, 50, aos gritos: "Patrão, cadê minha foto?".
Não foi por obra do acaso que o viajante pernambucano conseguiu fazer o presidente do Brasil sentar-se em sua velha mobilete. O sonho foi realizado depois de dez dias de plantão em frente à Granja do Torto e ao Alvorada.
Sorridente ao lado de Lima, Lula fez pose sobre a moto ano 80, enfeitada com as bandeiras do Brasil, do PT e do Sport Clube de Recife. Um segurança tirou a foto histórica com a máquina do viajante, vendida depois a um jornal.
Lima passou os últimos dois anos, desde que deixou Recife, parando de cidade em cidade. De Rio Branco, sua última parada principal, a Brasília, foram 15 dias na estrada. Ele teve a ajuda de caminhoneiros e ganhou dinheiro consertando carros enguiçados pelo caminho. Na capital federal, se alojou numa área de camping.
Para Lima, no entanto, a foto ao lado de Lula não foi recompensa pela longa viagem, mas pela campanha solitária que fez na eleição. "Há mais de um ano que sou um cabo eleitoral anônimo do Lula. Convencia as pessoas deste país a votar nele", afirma.
A cena em frente ao Alvorada foi tão rápida que Lima nem teve tempo de pedir ao presidente que desse uma volta com ele na garupa, como pretendia. "Fiquei emocionado e não soube o que falar. Vou continuar atrás dele e pedir a gasolina para eu voltar para Recife. Mas se ele me chamar para trabalhar na oficina da Presidência, fico e conserto o Rolls-Royce dele com o maior prazer." (RICARDO WESTIN)


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