São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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Tarso não confirma MST em conselho

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Secretário especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão criado para a formulação do chamado pacto social, Tarso Genro é evasivo quando o assunto é a participação do MST na instância consultiva.
 

Folha - Por que o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, não integra o conselho se a reforma do setor é uma das prioridades?
Tarso Genro
- Porque os ministros que estão relacionados com a agenda proposta pelo presidente são os que conduzirão a discussão, independentemente de estarem no conselho. Eu faço a arquitetura política, a composição do conselho e da reunião. Quem dirige a discussão de conteúdo, no caso concreto, é o ministro Berzoini.

Folha - E se o ministro colher das discussões pelo país sobre o assunto idéias diferentes da proposta do conselho e da do PT?
Tarso
- Essa é a própria idéia de concertação. Ela só pode existir com opiniões diferentes e significa as pessoas não só buscarem pontos comuns, mas também saberem ceder para encontrar pontos comuns.

Folha - O conselho servirá como forma de pressionar o Congresso?
Tarso
- Não, porque o conselho é uma estrutura de consulta e de formulação política do Executivo. Através do conselho, o Executivo produz propostas para o Congresso. A partir do momento em que elas se transformam em projetos de lei e vão para o Congresso, ele não só tem autonomia constitucional como exercerá plenamente sua capacidade de afirmação e de modificação.

Folha - A Igreja Católica...
Tarso
- D. Tomás Balduíno [presidente da Comissão Pastoral da Terra]. Não falei com ele, mas vou fazer o convite e tenho convicção de que vai aceitar.

Folha - E as demais igrejas?
Tarso
- Temos a preocupação de que todas as igrejas que têm implantação nacional tenham algum tipo de representação.

Folha - O MST vai participar? Se vai, representantes dos proprietários rurais também vão?
Tarso
- Haverá pessoas vinculadas à área agrária. Queremos um espectro geral da sociedade.

Folha - O MST vai participar?
Tarso
- Achamos, por exemplo, que d. Tomás é um homem muito ligado a todos os movimentos pela terra e que a participação dele terá um apoio muito grande não só do MST como de todos os que lutam pela reforma agrária.

Folha - Mas do MST mesmo não está prevista a participação?
Tarso
- [Hesita] Não posso responder ainda.

Folha - Apesar da ligação de d. Tomás com o tema, o MST, como entidade, deve querer participar.
Tarso
- Se o movimento, como entidade, requerer participação, o MST é um movimento que tem muita importância política.

Folha - Mas o sr. não pode dizer...
Tarso
- Estamos discutindo os nomes e eu seria infiel à preocupação que estamos tendo de ter uma postura discreta, bem articulada, para não causar celeuma.


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