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Para ter "anticandidato" na Câmara, 3ª via busca PMDB
Presidente da legenda, Temer diz que alternativa a Aldo e Chinaglia é "inviável'
Em reunião em SP, frente suprapartidária cogita os nomes de Cardozo, Serraglio ou Luiza Erundina; todos, porém, têm restrição à idéia
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A possibilidade de o "Grupo
dos 30" -união suprapartidária de parlamentares- lançar
um candidato de fato competitivo à sucessão da presidência
da Câmara dependerá sobretudo do apoio de parte do PMDB
e da capacidade de entendimento entre PSDB e PFL.
Em reunião ontem em um
hotel da região central de São
Paulo, 16 parlamentares de oito
legendas que integram o grupo
discutiram reservadamente
três nomes: Osmar Serraglio
(PMDB-PR), José Eduardo
Cardozo (PT-SP) e Luiza Erundina (PSB-SP). Todos, no entanto, teriam apresentado restrições à idéia. A idéia é buscar
um nome no PMDB ou no PT.
O grupo descarta apoiar as
candidaturas de Aldo Rebelo
(PC do B-SP), atual presidente,
e Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Casa. Somente na próxima terça-feira é
que a frente pretende oficializar o nome do "anticandidato".
O grupo elaborou um documento com itens que considera
prioritários em troca de seu
apoio, entre eles o voto aberto
para todas as votações, a transparência dos gastos, e eleição
de um presidente sem envolvimento nos recentes episódios
que desgastaram a Câmara.
Uma razão para que o grupo
descarte apoiar Aldo ou Chinaglia é o fato de ambos terem defendido o elevar o salário dos
parlamentares a R$ 24,5 mil.
Hoje, em Brasília, o grupo
formaliza a decisão de candidatura independente ao deputado
Michel Temer (SP), presidente
do PMDB, e busca apoio da sigla. Para Temer, porém, um nome alternativo é "inviável": "O
ideal é que haja um candidato
de consenso dos partidos que
apóiam o governo".
A bancada do PMDB (90 deputados) pretende anunciar
hoje quem apoiará. Os caciques
do partido acreditam haver
tendência pró-Chinaglia. A
possibilidade de um terceiro
nome levou o Planalto a se
apressar na busca de consenso.
Numa sinalização de que a
intenção do PT é forçar a desistência de Aldo, o líder da sigla
na Casa, Henrique Fontana
(RS), afirmou que o preterido
pode ir para o governo. "O que
não for o presidente da Câmara
seguramente estará contribuindo para o ministério."
Defesa do aumento
Em reunião secreta com aliados da base ontem, Chinaglia
terminou de redigir uma carta
aos deputados. Promete enfrentar temas polêmicos: "Estou tranqüilo, inclusive, para
defender a equiparação [com
os salários dos ministros do
STF]", escreveu o petista.
Antes mesmo do término do
encontro do "Grupo dos 30"
ontem, seus porta-vozes já
adiantavam que vão lançar um
candidato, mesmo sem o apoio
do PMDB e do PFL. O líder do
PFL, Rodrigo Maia (RJ), defende a candidatura de Aldo.
Nesse caso, a estratégia seria
apostar no segundo turno e em
uma divisão da base. Mas existe
no grupo, sobretudo no PSDB,
quem avalie que, se o movimento inviabilizar Chinaglia, já
será vitorioso, ainda que esse
raciocínio despreze o fato de
que o candidato de Lula é Aldo.
"As duas candidaturas que
estão colocadas são de continuísmo. Chinaglia é o resultado
de uma aliança entre Marta Suplicy e José Dirceu, representa
o retorno de mensaleiros e de
sanguessugas. Representa colocar na cadeira de presidente o
José Dirceu, a abertura da anistia para quem foi condenado",
disse Raul Jungmann (PPS-PE). Nenhum petista participou da reunião de ontem.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG, LETÍCIA SANDER e SILVIO NAVARRO)
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