São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Para ter "anticandidato" na Câmara, 3ª via busca PMDB

Presidente da legenda, Temer diz que alternativa a Aldo e Chinaglia é "inviável'

Em reunião em SP, frente suprapartidária cogita os nomes de Cardozo, Serraglio ou Luiza Erundina; todos, porém, têm restrição à idéia

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A possibilidade de o "Grupo dos 30" -união suprapartidária de parlamentares- lançar um candidato de fato competitivo à sucessão da presidência da Câmara dependerá sobretudo do apoio de parte do PMDB e da capacidade de entendimento entre PSDB e PFL.
Em reunião ontem em um hotel da região central de São Paulo, 16 parlamentares de oito legendas que integram o grupo discutiram reservadamente três nomes: Osmar Serraglio (PMDB-PR), José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Luiza Erundina (PSB-SP). Todos, no entanto, teriam apresentado restrições à idéia. A idéia é buscar um nome no PMDB ou no PT.
O grupo descarta apoiar as candidaturas de Aldo Rebelo (PC do B-SP), atual presidente, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Casa. Somente na próxima terça-feira é que a frente pretende oficializar o nome do "anticandidato".
O grupo elaborou um documento com itens que considera prioritários em troca de seu apoio, entre eles o voto aberto para todas as votações, a transparência dos gastos, e eleição de um presidente sem envolvimento nos recentes episódios que desgastaram a Câmara.
Uma razão para que o grupo descarte apoiar Aldo ou Chinaglia é o fato de ambos terem defendido o elevar o salário dos parlamentares a R$ 24,5 mil.
Hoje, em Brasília, o grupo formaliza a decisão de candidatura independente ao deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB, e busca apoio da sigla. Para Temer, porém, um nome alternativo é "inviável": "O ideal é que haja um candidato de consenso dos partidos que apóiam o governo".
A bancada do PMDB (90 deputados) pretende anunciar hoje quem apoiará. Os caciques do partido acreditam haver tendência pró-Chinaglia. A possibilidade de um terceiro nome levou o Planalto a se apressar na busca de consenso.
Numa sinalização de que a intenção do PT é forçar a desistência de Aldo, o líder da sigla na Casa, Henrique Fontana (RS), afirmou que o preterido pode ir para o governo. "O que não for o presidente da Câmara seguramente estará contribuindo para o ministério."

Defesa do aumento
Em reunião secreta com aliados da base ontem, Chinaglia terminou de redigir uma carta aos deputados. Promete enfrentar temas polêmicos: "Estou tranqüilo, inclusive, para defender a equiparação [com os salários dos ministros do STF]", escreveu o petista.
Antes mesmo do término do encontro do "Grupo dos 30" ontem, seus porta-vozes já adiantavam que vão lançar um candidato, mesmo sem o apoio do PMDB e do PFL. O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), defende a candidatura de Aldo.
Nesse caso, a estratégia seria apostar no segundo turno e em uma divisão da base. Mas existe no grupo, sobretudo no PSDB, quem avalie que, se o movimento inviabilizar Chinaglia, já será vitorioso, ainda que esse raciocínio despreze o fato de que o candidato de Lula é Aldo.
"As duas candidaturas que estão colocadas são de continuísmo. Chinaglia é o resultado de uma aliança entre Marta Suplicy e José Dirceu, representa o retorno de mensaleiros e de sanguessugas. Representa colocar na cadeira de presidente o José Dirceu, a abertura da anistia para quem foi condenado", disse Raul Jungmann (PPS-PE). Nenhum petista participou da reunião de ontem. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG, LETÍCIA SANDER e SILVIO NAVARRO)

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