|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Novo embaixador em Washington diz que Brasil pode ajudar na transição em Cuba
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo embaixador do Brasil
nos Estados Unidos, Antonio
de Aguiar Patriota, 52, disse ontem, em entrevista à Radiobrás,
que o Brasil está propenso a intermediar o processo de transição de poder em Cuba.
Segundo o embaixador, Brasília tem hoje relações intensas
com Cuba e, por isso, "possivelmente haja um papel a ser desempenhado pelo Brasil na
busca de uma transição para a
democracia". "Tenho certeza
de que o governo norte-americano terá muito interesse em
ouvir as nossas ponderações e
análises", afirmou.
Indicado para o posto no fim
do ano passado, Patriota, um
diplomata próximo ao chanceler Celso Amorim, assume o
posto em fevereiro. De acordo
com o que disse à Radiobrás, as
relações entre o Brasil e os Estados Unidos "vivem um momento de amadurecimento",
que ele credita a pontos de convergência, como a situação e
necessidade de ajuda ao Haiti e
à proximidade das relações dos
presidentes Lula e George W.
Bush, além dos freqüentes contatos entre o chanceler Amorim e a secretária de Estado
Condoleezza Rice e a secretária
de Comércio, Susan Schwab.
O novo embaixador terá desafios tanto na área política como na comercial. Comercialmente, a maior preocupação do
governo é com a exigência do
atual Congresso americano,
com maioria democrata -com
tendência a um maior protecionismo-, de introduzir cláusulas trabalhistas e ambientais
nos acordos comerciais bilaterais, o que pode se transformar
em barreiras para o comércio.
Essa exigência ainda não afeta o Brasil diretamente, já que
os EUA se negam a assinar um
acordo com o Mercosul, conforme propôs o governo brasileiro. Eles preferem negociar
acordos comerciais com o Brasil no âmbito da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas),
cujas negociações estão paradas e ameaçadas por causa da
atual composição do Congresso
americano e do desinteresse do
governo brasileiro de incluir temas que interessam aos EUA,
mas não ao Brasil, como regras
para propriedade intelectual.
"As relações econômico-comerciais com os Estados Unidos estão paradas. A área financeira é coberta pelo FMI [Fundo Monetário Internacional],
mas atualmente não temos dívidas. Restam as relações comerciais. O governo terá de colocar ênfase nisso, já que os Estados Unidos são um mercado
de US$ 1,9 trilhão e nós só exportamos cerca de US$ 24 milhões por ano", avalia o ex-embaixador dos Brasil nos Estados
Unidos, Rubens Barbosa.
Outro desafio é afinar posições nas discussões da Rodada
Doha de liberalização comercial, o que significa convencer
os EUA a reduzir os subsídios
que oferecem aos agricultores.
Texto Anterior: MST realiza as primeiras invasões no governo Serra Próximo Texto: Seca no Nordeste: Exército voltará a distribuir água, afirma coronel Índice
|