São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Novo embaixador em Washington diz que Brasil pode ajudar na transição em Cuba

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Antonio de Aguiar Patriota, 52, disse ontem, em entrevista à Radiobrás, que o Brasil está propenso a intermediar o processo de transição de poder em Cuba.
Segundo o embaixador, Brasília tem hoje relações intensas com Cuba e, por isso, "possivelmente haja um papel a ser desempenhado pelo Brasil na busca de uma transição para a democracia". "Tenho certeza de que o governo norte-americano terá muito interesse em ouvir as nossas ponderações e análises", afirmou.
Indicado para o posto no fim do ano passado, Patriota, um diplomata próximo ao chanceler Celso Amorim, assume o posto em fevereiro. De acordo com o que disse à Radiobrás, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos "vivem um momento de amadurecimento", que ele credita a pontos de convergência, como a situação e necessidade de ajuda ao Haiti e à proximidade das relações dos presidentes Lula e George W. Bush, além dos freqüentes contatos entre o chanceler Amorim e a secretária de Estado Condoleezza Rice e a secretária de Comércio, Susan Schwab.
O novo embaixador terá desafios tanto na área política como na comercial. Comercialmente, a maior preocupação do governo é com a exigência do atual Congresso americano, com maioria democrata -com tendência a um maior protecionismo-, de introduzir cláusulas trabalhistas e ambientais nos acordos comerciais bilaterais, o que pode se transformar em barreiras para o comércio.
Essa exigência ainda não afeta o Brasil diretamente, já que os EUA se negam a assinar um acordo com o Mercosul, conforme propôs o governo brasileiro. Eles preferem negociar acordos comerciais com o Brasil no âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), cujas negociações estão paradas e ameaçadas por causa da atual composição do Congresso americano e do desinteresse do governo brasileiro de incluir temas que interessam aos EUA, mas não ao Brasil, como regras para propriedade intelectual.
"As relações econômico-comerciais com os Estados Unidos estão paradas. A área financeira é coberta pelo FMI [Fundo Monetário Internacional], mas atualmente não temos dívidas. Restam as relações comerciais. O governo terá de colocar ênfase nisso, já que os Estados Unidos são um mercado de US$ 1,9 trilhão e nós só exportamos cerca de US$ 24 milhões por ano", avalia o ex-embaixador dos Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa.
Outro desafio é afinar posições nas discussões da Rodada Doha de liberalização comercial, o que significa convencer os EUA a reduzir os subsídios que oferecem aos agricultores.


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