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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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Presidente tenta marcar diferença em relação a FHC

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar amanhã, durante reunião ministerial, medidas com o objetivo de começar a marcar diferença do seu governo para o do Fernando Henrique Cardoso. Segundo a Folha apurou, as medidas teriam a intenção de mostrar que o governo pretende reativar a economia.
O principal objetivo do pacote é estimular a queda dos juros praticadas pelos bancos para empréstimos e aumentar o crédito bancário do país principalmente para as pequenas e médias empresas.
Até a noite de sexta-feira, o governo ainda não tinha decidido sobre todas as medidas -tanto as de grande como as de menor impacto sobre a economia- que deveriam ser incluídas no pacote.
O incentivo às cooperativas de crédito e a aceleração por parte do governo do projeto de Lei de Falências já eram questões definidas para a reunião de amanhã.
O governo chegou a pensar na possibilidade de redução do recolhimento compulsório dos bancos, mas a equipe econômica afastou essa idéia, pelo menos por ora. Com a ameaça de guerra no Oriente Médio e com índices da inflação ainda bastante preocupantes, a Fazenda achou melhor não mexer agora em medidas que possam ter impacto inflacionário.
Lula deverá anunciar mesmo medidas mais nas áreas da microeconomia para sinalizar ao país a disposição de incentivar o país a voltar a crescer.
O pacote de estímulo à economia serviria também como uma espécie de anestésico para contrabalançar os grandes cortes orçamentários que serão anunciados pela Fazenda amanhã. Para atingir a nova meta de 4,25% do PIB para o superávit primário neste ano, a equipe da Fazenda preparou um corte bastante duro de despesas, que tende a ter reflexos recessivos para a economia.
Segundo a Folha apurou, só os programas sociais serão preservados. Todos os demais setores do governo irão sofrer cortes drásticos para dar credibilidade ao comprimento das metas de superávit fiscal não só deste ano, mas também dos próximos anos.
O objetivo da Fazenda é o de garantir estabilidade da relação dívida/PIB e, com isso, provocar a queda do risco Brasil para o país voltar a ter acesso às linhas de crédito externas. A equipe econômica do governo acredita que, medidas como essas, na linha da austeridade, é que atrairão investimentos e provocarão a reativação do crescimento econômico. Nesse ponto, há uma divergência em relação à ala política do governo. Os membros do governo mais ligados à área política querem mais pressa na adoção de medidas que estimulem redução de juros e façam o país voltar a crescer.
O almoço de Lula na última quinta-feira com os principais banqueiros do país teve o objetivo de traçar com eles uma estratégia que acelere a redução dos juros bancários para empréstimos. Nos últimos dias, Lula tem se reunido com vários setores da sociedade.
A aceleração da nova Lei de Falências a ser encaminhada ao Congresso tem exatamente o objetivo de ajudar no processo de redução dos "spreads" (taxas de risco) cobradas pelo banco.
Hoje, os "spreads" bancários são bastante elevados porque os bancos fazem grandes provisionamentos para empréstimos de retorno duvidoso.



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