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Presidente tenta marcar diferença em relação a FHC
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deve anunciar amanhã, durante reunião ministerial, medidas com o objetivo de começar a
marcar diferença do seu governo
para o do Fernando Henrique
Cardoso. Segundo a Folha apurou, as medidas teriam a intenção
de mostrar que o governo pretende reativar a economia.
O principal objetivo do pacote é
estimular a queda dos juros praticadas pelos bancos para empréstimos e aumentar o crédito bancário do país principalmente para
as pequenas e médias empresas.
Até a noite de sexta-feira, o governo ainda não tinha decidido
sobre todas as medidas -tanto as
de grande como as de menor impacto sobre a economia- que
deveriam ser incluídas no pacote.
O incentivo às cooperativas de
crédito e a aceleração por parte do
governo do projeto de Lei de Falências já eram questões definidas
para a reunião de amanhã.
O governo chegou a pensar na
possibilidade de redução do recolhimento compulsório dos bancos, mas a equipe econômica afastou essa idéia, pelo menos por
ora. Com a ameaça de guerra no
Oriente Médio e com índices da
inflação ainda bastante preocupantes, a Fazenda achou melhor
não mexer agora em medidas que
possam ter impacto inflacionário.
Lula deverá anunciar mesmo
medidas mais nas áreas da microeconomia para sinalizar ao
país a disposição de incentivar o
país a voltar a crescer.
O pacote de estímulo à economia serviria também como uma
espécie de anestésico para contrabalançar os grandes cortes orçamentários que serão anunciados
pela Fazenda amanhã. Para atingir a nova meta de 4,25% do PIB
para o superávit primário neste
ano, a equipe da Fazenda preparou um corte bastante duro de
despesas, que tende a ter reflexos
recessivos para a economia.
Segundo a Folha apurou, só os
programas sociais serão preservados. Todos os demais setores do
governo irão sofrer cortes drásticos para dar credibilidade ao
comprimento das metas de superávit fiscal não só deste ano, mas
também dos próximos anos.
O objetivo da Fazenda é o de garantir estabilidade da relação dívida/PIB e, com isso, provocar a
queda do risco Brasil para o país
voltar a ter acesso às linhas de crédito externas. A equipe econômica do governo acredita que, medidas como essas, na linha da austeridade, é que atrairão investimentos e provocarão a reativação do
crescimento econômico. Nesse
ponto, há uma divergência em relação à ala política do governo. Os
membros do governo mais ligados à área política querem mais
pressa na adoção de medidas que
estimulem redução de juros e façam o país voltar a crescer.
O almoço de Lula na última
quinta-feira com os principais
banqueiros do país teve o objetivo
de traçar com eles uma estratégia
que acelere a redução dos juros
bancários para empréstimos. Nos
últimos dias, Lula tem se reunido
com vários setores da sociedade.
A aceleração da nova Lei de Falências a ser encaminhada ao
Congresso tem exatamente o objetivo de ajudar no processo de redução dos "spreads" (taxas de risco) cobradas pelo banco.
Hoje, os "spreads" bancários
são bastante elevados porque os
bancos fazem grandes provisionamentos para empréstimos de
retorno duvidoso.
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