São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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Governistas prometem investigar era FHC

Base aliada aproveita a notícia sobre gastos de R$ 108 milhões com cartões em São Paulo para pedir apuração até 1998

Em São Paulo, líder do PT na Assembléia informou que a bancada petista vai colher assinaturas para criar uma CPI sobre o governo Serra

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os governistas aproveitaram ontem a notícia de que o governo de São Paulo -chefiado pelo tucano José Serra- gastou R$ 108 milhões com cartões em 2007 para propor a instalação de uma CPI sobre o uso de cartões corporativos desde 1998, quando o também tucano Fernando Henrique Cardoso era o presidente.
Disposto a intimidar o PSDB, o PT vai repetir a estratégia em São Paulo: pedir a abertura de uma CPI na Assembléia Legislativa para investigar as contas de Serra.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), disse que reapresentará o requerimento para a criação da CPI na Casa mesmo sem o apoio da oposição. Em contra-ataque, o PSDB já iniciou a coleta de assinaturas para abertura de uma CPI mista, mas com apuração a partir de 2001.
Obrigado a ratificar as assinaturas, Jucá provocou a oposição em discurso na tribuna. "Se quiserem retirar, já estamos com 22 assinaturas. Na segunda, apresento novamente com 27, com a base do governo pedindo a CPI."
Jucá afirmou que o governo FHC gastou mais com cartões corporativos e suprimentos de fundos (recursos específicos para cada órgão, para despesas menores, com dispensa de licitação) que o atual governo. E ainda alfinetou Serra: "A imprensa noticia que o governo de São Paulo gastou mais de R$ 100 milhões. Será que o governador José Serra não é uma pessoa séria?".
Irritado com a estratégia petista, Serra autorizou a divulgação de uma nota segundo a qual o PT "tentar justificar seus abusos com a idéia de que os outros partidos também os cometem". Em conversas com aliados, Serra repete que são modelos distintos de cartão. "Vê se aqui usam cartão de débito em free shop?", reagiu.
O líder do governo na Alesp, Barros Munhoz (PSDB), disse que essa é uma tentativa de nivelar dois diferentes casos, "criando uma cortina de fumaça". "Aqui, os secretários não têm cartão. O cartão tem fim específico. Funciona desde de 2001. Mas é muita coincidência que a atenta bancada do PT só tenha reparado sua existência agora, sob forte tiroteio", afirmou Barros, prometendo demonstrar que, em São Paulo, há forte controle.
Oposicionistas saíram em defesa de Serra. "O cartão usado em São Paulo não tem nada a ver com esse cartão do governo Lula", disse Heráclito Fortes (DEM).
Aliados de Serra também afirmaram que, pelos planos da Secretaria de Fazenda, todos os gastos do governo estarão acessíveis na internet a partir de maio, com a implantação da nota fiscal eletrônica. A idéia é abrir o Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária), cujos dados são restritos à Alesp.
Encarregado de recolher as assinaturas para CPI mista entre o senadores, o tucano Álvaro Dias (PR) disse que o governo quer "transformar tudo numa geléia geral". Ontem, Dias conseguiu só seis assinaturas.
O desafio da oposição será na Câmara, onde a base detém maioria com folga. Até anteontem, Sampaio computava 126 das 171 assinaturas necessárias.
O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB), disse que vai considerar o requerimento que for apresentado primeiro. "Mas há uma praxe na Casa de levar um assunto como esses às lideranças."

São Paulo
O líder do PT na Alesp, Simão Pedro, informou ontem que a bancada petista vai colher assinaturas para criar uma CPI que investigue o uso de cartões de pagamentos de despesas pelo governo do Estado -uma espécie de cartão de débito com 47 modalidades de gasto.
O governo paulista gastou em 2007 R$ 108.384.268,26 com cartões de débito, sendo que cerca de R$ 48 milhões (44,58%) foram saques em dinheiro. Os dados estão no Sigeo. No mesmo período, os gastos do governo federal com cartões corporativos somaram R$ 75,6 milhões.
Em nota, o governo paulista disse que os cartões não são usados para gastos pessoais.
Os petistas questionam a necessidade dos saques. Segundo o PT, um funcionário da Secretaria da Saúde, por exemplo, fez mais de dez saques de R$ 250 mil cada um. "Até ontem [quinta-feira] não tínhamos acesso a essas informações", disse Simão Pedro por meio de sua assessoria, ao explicar por que mudou de opinião quanto à abertura de CPI.


Colaboraram a Reportagem Local, a Folha Online e a Sucursal de Brasília


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