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Governistas prometem investigar era FHC
Base aliada aproveita a notícia sobre gastos de R$ 108 milhões com cartões em São Paulo para pedir apuração até 1998
Em São Paulo, líder do PT na Assembléia informou que a bancada petista vai colher assinaturas para criar uma CPI sobre o governo Serra
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os governistas aproveitaram
ontem a notícia de que o governo de São Paulo -chefiado pelo
tucano José Serra- gastou
R$ 108 milhões com cartões em
2007 para propor a instalação
de uma CPI sobre o uso de cartões corporativos desde 1998,
quando o também tucano Fernando Henrique Cardoso era o
presidente.
Disposto a intimidar o PSDB,
o PT vai repetir a estratégia em
São Paulo: pedir a abertura de
uma CPI na Assembléia Legislativa para investigar as contas
de Serra.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), disse que reapresentará o requerimento para a criação da CPI na
Casa mesmo sem o apoio da
oposição. Em contra-ataque, o
PSDB já iniciou a coleta de assinaturas para abertura de uma
CPI mista, mas com apuração a
partir de 2001.
Obrigado a ratificar as assinaturas, Jucá provocou a oposição em discurso na tribuna.
"Se quiserem retirar, já estamos com 22 assinaturas. Na segunda, apresento novamente
com 27, com a base do governo
pedindo a CPI."
Jucá afirmou que o governo
FHC gastou mais com cartões
corporativos e suprimentos de
fundos (recursos específicos
para cada órgão, para despesas
menores, com dispensa de licitação) que o atual governo. E
ainda alfinetou Serra: "A imprensa noticia que o governo de
São Paulo gastou mais de R$
100 milhões. Será que o governador José Serra não é uma
pessoa séria?".
Irritado com a estratégia petista, Serra autorizou a divulgação de uma nota segundo a qual
o PT "tentar justificar seus abusos com a idéia de que os outros
partidos também os cometem".
Em conversas com aliados, Serra repete que são modelos distintos de cartão. "Vê se aqui
usam cartão de débito em free
shop?", reagiu.
O líder do governo na Alesp,
Barros Munhoz (PSDB), disse
que essa é uma tentativa de nivelar dois diferentes casos,
"criando uma cortina de fumaça". "Aqui, os secretários não
têm cartão. O cartão tem fim
específico. Funciona desde de
2001. Mas é muita coincidência
que a atenta bancada do PT só
tenha reparado sua existência
agora, sob forte tiroteio", afirmou Barros, prometendo demonstrar que, em São Paulo, há
forte controle.
Oposicionistas saíram em
defesa de Serra. "O cartão usado em São Paulo não tem nada
a ver com esse cartão do governo Lula", disse Heráclito Fortes (DEM).
Aliados de Serra também
afirmaram que, pelos planos da
Secretaria de Fazenda, todos os
gastos do governo estarão acessíveis na internet a partir de
maio, com a implantação da nota fiscal eletrônica. A idéia é
abrir o Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária), cujos dados
são restritos à Alesp.
Encarregado de recolher as
assinaturas para CPI mista entre o senadores, o tucano Álvaro Dias (PR) disse que o governo quer "transformar tudo numa geléia geral". Ontem, Dias
conseguiu só seis assinaturas.
O desafio da oposição será na
Câmara, onde a base detém
maioria com folga. Até anteontem, Sampaio computava 126
das 171 assinaturas necessárias.
O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB),
disse que vai considerar o requerimento que for apresentado primeiro. "Mas há uma praxe na Casa de levar um assunto
como esses às lideranças."
São Paulo
O líder do PT na Alesp, Simão
Pedro, informou ontem que a
bancada petista vai colher assinaturas para criar uma CPI que
investigue o uso de cartões de
pagamentos de despesas pelo
governo do Estado -uma espécie de cartão de débito com 47
modalidades de gasto.
O governo paulista gastou em
2007 R$ 108.384.268,26 com
cartões de débito, sendo que
cerca de R$ 48 milhões
(44,58%) foram saques em dinheiro. Os dados estão no Sigeo. No mesmo período, os gastos do governo federal com cartões corporativos somaram R$
75,6 milhões.
Em nota, o governo paulista
disse que os cartões não são
usados para gastos pessoais.
Os petistas questionam a necessidade dos saques. Segundo
o PT, um funcionário da Secretaria da Saúde, por exemplo, fez
mais de dez saques de R$ 250
mil cada um. "Até ontem [quinta-feira] não tínhamos acesso a
essas informações", disse Simão Pedro por meio de sua assessoria, ao explicar por que
mudou de opinião quanto à
abertura de CPI.
Colaboraram a Reportagem Local, a Folha Online
e a Sucursal de Brasília
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