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Pré-candidatos na Câmara gastam R$ 940 mil nas férias
Valor foi pago a 105 deputados em verba indenizatória durante o recesso de janeiro
"Verba de gabinete" de
R$ 15 mil por mês foi criada para ajudar o deputado em seu Estado, ressarcindo despesas como aluguel
SILVIO NAVARRO
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de 105 deputados
que admite interesse em disputar prefeituras nas eleições de
outubro gastou R$ 938 mil em
verba indenizatória nas "férias"
do Congresso. O valor corresponde a 30% do total pago pela
Câmara em "verba de gabinete"
em janeiro (R$ 3,1 milhões).
Desses 105, 63 (60%) gastaram, durante o recesso, quantias que vão de R$ 500 até R$ 15
mil (teto mensal da verba) com
despesas que podem ser usadas
para promover a imagem: "divulgação da atividade parlamentar" ou "consultorias e pesquisas". Foram gastos R$ 370,2
mil nessas duas rúbricas.
Os dados levantados pela Folha constam da prestação de
contas dos parlamentares de
janeiro. A discriminação do tipo de despesa é de acesso público, mas a Câmara não fornece
as notas fiscais dos gastos nem
faz análise delas -proíbe apenas recibos sem valor fiscal
vendidos em papelaria.
Criada em 2001, a "verba de
gabinete" de R$ 15 mil mensais
é destinada a dar suporte ao deputado em seu Estado, ressarcindo despesas de aluguel de
escritório, gasolina, internet,
entre outros. No ano, cada um
deles tem direito a R$ 180 mil.
Caso o parlamentar extrapole
ou não atinja esse teto em algum mês, há uma "compensação" nos meses seguintes.
Segundo consulta às lideranças dos partidos na Casa, ao
menos 150 deputados pleiteiam ir às urnas em outubro
disputar vagas para prefeito.
Desses, 105 usaram a verba no
mês passado. "Há uma faixa
cinzenta onde começa o interesse eleitoral e onde termina o
interesse de divulgação do
mandato", disse o líder do PDT,
Miro Teixeira (RJ), a favor do
fim da verba. "Candidato que
não é parlamentar sai em desvantagem sobre aqueles que já
são deputados", afirmou.
A lista de quem mais usou a
verba é encabeçada por Gonzaga Patriota (PSB-PE), que pretende concorrer à Prefeitura de
Petrolina: R$ 18,8 mil, sendo
R$ 5.000 para divulgar o mandato. Nem o deputado nem sua
assessoria foram localizados.
O deputado Fernando de Fabinho (DEM), que concorrerá
em Feira de Santana (BA), usou
R$ 15,1 mil da verba, sendo
R$ 9.434 em promoção do
mandato. Seu gabinete diz que
ele usou os recursos em um boletim do seu mandato.
Paulo Rubem Santiago
(PDT-PE), que vai disputar a
Prefeitura de Jaboatão dos
Guararapes, gastou R$ 15,9 mil
da verba. Ele disse que os recursos foram usados para ajudar
na locomoção de grupos de maracatu que se apresentaram no
Estado. A assessoria dele complementou dizendo que voltou
a circular um informativo do
mandato, mas negou que seja
pré-campanha.
Pré-candidata do PT em Porto Alegre, Maria do Rosário
usou R$ 15 mil em janeiro, sendo R$ 4.960 em divulgação do
mandato e R$ 2.490,76 em pesquisas e consultorias. A assessoria dela alegou que ela mantém um jornal semestral.
Edson Santos (PT), que pleiteia disputar a eleição no Rio,
gastou R$ 15.380,12. Desse valor, R$ 1.500 foram para divulgação e R$ 5.000 em consultoria. Ele disse que os R$ 1.500
são para manter seu site.
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