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Depois de "crise do castelo", corregedor anuncia saída
Para tentar preservar mandato, deputado Edmar Moreira (DEM-MG) deixará o posto
Michel Temer, presidente da Câmara, foi avisado ontem da decisão; deputado sofreu várias acusações, como a de omitir ser dono de castelo
Sérgio Lima-5.fev.09/Folha Imagem
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O deputado federal Edmar Moreira (DEM-MG) durante entrevista em que falou sobre denúncias
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
O corregedor-geral da Câmara, Edmar Moreira (DEM-MG), anunciou ao presidente
da Casa, Michel Temer
(PMDB-SP), que vai renunciar
à segunda-vice-presidência
-consequentemente abrindo
mão da corregedoria. Segundo
Temer, ainda ontem à noite
Edmar lhe enviaria um fax comunicando a decisão.
A estratégia de Moreira visa
atenuar a pressão que se abateu
sobre ele e, assim, tentar evitar
que seja aberto um processo de
cassação por quebra de decoro.
Mesmo assim, o DEM informou que vai expulsar Moreira
dos quadros do partido. O presidente nacional da legenda,
deputado Rodrigo Maia (RJ),
disse que não há mais condições de manter o parlamentar
na legenda. "Mesmo que ele renuncie, será sumariamente expulso. É o entendimento do
partido sobre o caso", afirmou.
Moreira é acusado, entre outras coisas, de omitir da sua declaração de bens um castelo em
Minas Gerais, que está à venda
por R$ 25 milhões. A propriedade em São João Nepomuceno tem 36 suítes.
O deputado também é investigado pelo Supremo Tribunal
Federal por apropriação ilegal
de contribuições ao INSS feitas
por seus empregados.
O corregedor é responsável,
entre outras funções, por encaminhar os pedidos de investigações sobre seus pares.
A vacância do cargo exigirá
que a Câmara faça uma nova
eleição para a escolha de um
novo segundo-vice. O DEM deve indicar o deputado Vic Pires,
que foi o candidato oficial do
partido e perdeu para Moreira,
que disputou como avulso.
A assessoria de Moreira foi
contatada, mas ele não ligou de
volta até o fechamento desta
edição. A Folha telefonou para
um número de celular do deputado. Uma mulher atendeu e
disse que ele não falaria.
Ideias revistas
Com a decisão de Moreira,
Temer disse à Folha que pode
rever sua decisão de separar a
corregedoria da segunda-vice-presidência.
Isso evitaria que a Câmara tivesse de criar uma nova estrutura para abrigar um corregedor. Nos moldes em que a divisão está sendo proposta, a corregedoria teria a mesma estrutura da ouvidoria e da procuradoria da Casa. Esses órgãos
têm dez cargos cada um, mais
direito a carro oficial e gabinete. Só de funcionários, a conta
de cada um desses gabinetes
chega a R$ 1,16 milhão por ano.
"Seria resolver um problema e
criar outro", admitiu Temer.
A pressão para que Moreira
renunciasse aumentou no final
de semana. Temer telefonou
para Moreira aconselhando-o a
se afastar, sob a alegação de que
a presença dele na Mesa Diretora prejudica a imagem da Câmara num momento em que se
inicia uma nova gestão.
A pedido de Temer, o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) também procurou Moreira
para convencê-lo a renunciar.
O PT, único partido que defendia Moreira, também cobrou explicações dele no final
de semana. O líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza
(SP), reúne a bancada hoje para
decidir se o partido irá pedir investigação das denúncias.
A Executiva do DEM se reúne amanhã para discutir o caso."Ele [Moreira] extrapolou
todos os limites e não há mais
condições para que permaneça
no partido", disse Maia. "O estatuto interno do DEM permite a expulsão sumária. Depois
abre prazo para ele se defender, mas, em geral, em casos assim, os expulsos não se interessam em apresentar sua defesa."
Maia disse que, apesar do
agravamento das denúncias,
Moreira não procurou a direção do partido nem prestou esclarecimentos plausíveis.
A expulsão de Moreira foi articulada diretamente por Maia,
o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), e
o deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto (BA), além do
deputado Roberto Magalhães
(PE). O argumento contra Moreira é que ele não segue as
orientações da legenda, expõe
o partido no momento em que
o DEM constrói a estrutura já
de olho nas eleições de 2010 e
não apresentou explicações
plausíveis para as denúncias.
O líder do PSOL na Câmara,
Ivan Valente (SP), preparou
uma proposta para que o corregedor, no caso o segundo-vice,
seja eleito em votação aberta e
não sigilosa. "Tudo tem de ser
transparente, afinal esta pessoa que vai ocupar a corregedoria é que julgará todos", disse.
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