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FHC reitera crítica a Dilma e contraria estratégia de Serra
Segundo ele, pré-candidata petista não é "líder", enquanto tucano "mostrou que faz"
Governador paulista evita entrar na polêmica iniciada com publicação de artigo do ex-presidente, que insiste em defender seu governo
Michel Filho/Agência O Globo
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante inauguração de biblioteca em São Paulo
FERNANDO BARROS DE MELLO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB)
questionou ontem a capacidade de liderança da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata petista à Presidência
da República neste ano.
As declarações foram feitas
um dia depois de FHC publicar
um artigo no qual afirmou que
Lula "enuncia inverdades" e
desafiou os petistas a fazerem
comparações "sem mentir" e
"sem descontextualizar".
As comparações propostas
no artigo dividiram opiniões no
PSDB. O texto contraria a estratégia do governador de São
Paulo e pré-candidato tucano,
José Serra, de evitar comparações de governos. Em conversa
com o presidente do PSDB,
Sérgio Guerra (PE), Serra limitou-se a chamar o texto de "inteligente". Em público, evitou
fomentar a polêmica.
Segundo interlocutores do
governador, é um erro estratégico dar uma largada na campanha desmentindo críticas do
PT. Ainda assim, a avaliação é
de que, se restrita aos jornais, a
discussão não provocará dano à
candidatura tucana, desde que
encerrada agora.
Petistas aproveitaram o artigo para reforçar, em entrevistas e em redes sociais, a estratégia de comparar governos.
Em público, no entanto, lideranças tucanas evitaram criticar FHC. "O momento de discutir esses dados é agora. Não
na campanha. Ninguém vai ficar olhando para trás na campanha", disse Sérgio Guerra.
Na mesma linha, o deputado
José Aníbal acha que é necessário rebater dados apresentados
pelo governo sobre a gestão tucana. "A eleição não vai ser plebiscitária como eles querem,
mas nós não vamos ceder mais
a esse ativismo propagandístico e acusatório do PT", disse o
deputado José Aníbal (SP).
O artigo foi publicado num
momento em que o comando
tucano trabalha para convencer o governador de Minas, Aécio Neves, a ocupar a vice de
Serra. Há quem argumente que
o momento é de focar esforços
na construção dessa chapa.
Se dependesse de Serra, FHC
ficaria afastado da linha de
frente da campanha, mas o ex-presidente avalia que, se o partido não defende seu governo,
cabe a ele fazer esse debate.
Nas duas últimas eleições
presidenciais, os candidatos do
PSDB, Serra (2002) e Geraldo
Alckmin (2006), não fizeram a
defesa dos dois mandatos do
partido, o que é considerado
um erro por alguns tucanos.
O ex-presidente participou
ontem da inauguração da Biblioteca de São Paulo, obra do
governo estadual. Ele deixou o
local antes da chegada de Serra.
Indiferente à estratégia de
evitar polêmica, FHC não só fez
novas críticas a Dilma e a Lula
como citou abertamente Serra
como o candidato da oposição.
"[Dilma] pode até vir a ser,
mas por enquanto ela não é líder. Por enquanto, é reflexo de
um líder", disse, se referindo a
Lula. "O Serra já tem liderança
e mostrou que faz."
Indagado se considerava Lula um líder, FHC riu e respondeu: "Claro que sim, eu não sou
bobo". Para o ex-presidente, o
ponto central é saber "quem é
mais competente para [fazer o
país] avançar mais".
O tucano disse que Serra não
tem que se declarar candidato
agora e que cabe ao partido se
posicionar nesse momento.
FHC reforçou a tese de comparar biografias. "O governo
atual tem um líder. O meu teve
um líder. O José Serra é um líder do governo de São Paulo.
Infelizmente, pela história da
ministra Dilma, ela não teve essa oportunidade", afirmou.
O tucano disse que Serra inspira confiança e que, até o momento, Dilma não inspira. Reafirmou que o atual governo usa
informações que não são verdadeiras. "Por exemplo, dizer
que meu governo não olhou para o social. Eu mostrei que sim,
com dados", afirmou.
FHC chamou algumas comparações de "mesquinharia".
"Estamos construindo um país,
tem que ter grandeza, não tem
que entrar na coisa mesquinha.
"Eu dei um metro a mais, um
metro a menos". Isso não conta.
O país tem que sentir que ele
vai para frente e que os líderes
são responsáveis, não ficam
destruindo um o que o outro
fez", disse. "A história vai acabar por reconhecer que nós
mudamos o Brasil. Digo nós,
não digo eu, incluo o Lula nisso
porque não sou mesquinho."
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