São Paulo, terça-feira, 09 de fevereiro de 2010

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Servidor é citado em suspeita de espionagem

Dois policiais civis de Goiás foram detidos, na última quarta, sob suspeita de investigar rivais de Arruda e liberados em seguida

Detidos disseram estar com Francisco do Nascimento Monteiro, que já teve outra passagem pelo governo do DF; ele não foi localizado


FERNANDA ODILLA
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Detidos com equipamentos de escuta, dois policiais civis de Goiás suspeitos de espionar adversários políticos do governador José Roberto Arruda (sem partido) revelaram à polícia estarem juntos na empreitada com um servidor que, em menos de um mês, foi nomeado para o governo e passou pelo gabinete de dois deputados distritais aliados.
Os dois policiais, lotados na Divisão de Narcóticos em Goiânia, não tinham autorização nem informaram que estariam em Brasília, segundo a Polícia Civil de Goiás. Eles foram detidos numa lanchonete na última quarta com uma caneta e um chaveiro que gravam. "Dessas que se compra na internet", disse o diretor-geral da Polícia Civil do DF, Pedro Cardoso, que assumiu ontem o cargo.
Apesar de o novo diretor-geral ter confirmado haver inquérito para apurar a ação dos policiais goianos em Brasília, a assessoria de imprensa da Polícia Civil ainda na tarde de ontem dizia não ter informação. Os policiais prestaram depoimento e foram liberados na semana passada. Ontem, o delegado responsável disse apenas que o inquérito está sob sigilo.
"A gente acha estranho a prisão ter acontecido na quarta e a confirmação ter vindo cinco dias depois", afirma o deputado distrital Paulo Tadeu (PT), que se reuniu ontem com a cúpula da Polícia Civil do DF.
A polícia informou ao deputado que os dois policiais disseram estar em Brasília com Francisco do Nascimento Monteiro, que teve passagem pelo governo do DF. Em 22 de janeiro, foi nomeado assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais, pasta comandada por Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM, até o dia em que foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora.
Antes de ir para o governo, Monteiro também foi lotado como segurança parlamentar no gabinete da deputada Eliana Pedrosa (DEM). Segundo a deputada, foi exonerado porque "agiu de forma estranha". A Folha não conseguiu localizá-lo.
No dia em que os policiais foram detidos, foi publicada no "Diário Oficial" da Câmara Legislativa a nomeação de Monteiro como segurança parlamentar no gabinete do deputado Benedito Domingos (PP).
Segundo a assessoria de Domingos, Monteiro foi contratado para "fazer pareceres". Domingos nega qualquer participação na tentativa de grampo.
Ao Ministério Público Barbosa disse que o deputado distrital Domingos recebeu R$ 6 milhões do esquema para apoiar Arruda em 2006.
Segundo a assessoria do governo do DF, Francisco Monteiro ainda não tomou posse.

Ameaça
A ex-presidente da OAB-DF Estefânia Viveiros denunciou à PF que foram montadas fotos dela com Durval Barbosa. Ela nega ter se encontrado com ele.
Estefânia era a presidente da OAB quando estourou a Caixa de Pandora e apresentou pedidos de impeachment contra Arruda. A Polícia Federal confirma a denúncia, mas não dá detalhes sobre a investigação.


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