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Servidor é citado em suspeita de espionagem
Dois policiais civis de Goiás foram detidos, na última quarta, sob suspeita de investigar rivais de Arruda e liberados em seguida
Detidos disseram estar com Francisco do Nascimento Monteiro, que já teve outra passagem pelo governo do DF; ele não foi localizado
FERNANDA ODILLA
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Detidos com equipamentos
de escuta, dois policiais civis de
Goiás suspeitos de espionar adversários políticos do governador José Roberto Arruda (sem
partido) revelaram à polícia estarem juntos na empreitada
com um servidor que, em menos de um mês, foi nomeado
para o governo e passou pelo
gabinete de dois deputados distritais aliados.
Os dois policiais, lotados na
Divisão de Narcóticos em Goiânia, não tinham autorização
nem informaram que estariam
em Brasília, segundo a Polícia
Civil de Goiás. Eles foram detidos numa lanchonete na última
quarta com uma caneta e um
chaveiro que gravam. "Dessas
que se compra na internet",
disse o diretor-geral da Polícia
Civil do DF, Pedro Cardoso,
que assumiu ontem o cargo.
Apesar de o novo diretor-geral ter confirmado haver inquérito para apurar a ação dos policiais goianos em Brasília, a assessoria de imprensa da Polícia
Civil ainda na tarde de ontem
dizia não ter informação. Os
policiais prestaram depoimento e foram liberados na semana
passada. Ontem, o delegado
responsável disse apenas que o
inquérito está sob sigilo.
"A gente acha estranho a prisão ter acontecido na quarta e a
confirmação ter vindo cinco
dias depois", afirma o deputado
distrital Paulo Tadeu (PT), que
se reuniu ontem com a cúpula
da Polícia Civil do DF.
A polícia informou ao deputado que os dois policiais disseram estar em Brasília com
Francisco do Nascimento
Monteiro, que teve passagem
pelo governo do DF. Em 22 de
janeiro, foi nomeado assessor
especial da Secretaria de Relações Institucionais, pasta comandada por Durval Barbosa,
delator do mensalão do DEM,
até o dia em que foi deflagrada a
Operação Caixa de Pandora.
Antes de ir para o governo,
Monteiro também foi lotado
como segurança parlamentar
no gabinete da deputada Eliana
Pedrosa (DEM). Segundo a deputada, foi exonerado porque
"agiu de forma estranha". A Folha não conseguiu localizá-lo.
No dia em que os policiais foram detidos, foi publicada no
"Diário Oficial" da Câmara Legislativa a nomeação de Monteiro como segurança parlamentar no gabinete do deputado Benedito Domingos (PP).
Segundo a assessoria de Domingos, Monteiro foi contratado para "fazer pareceres". Domingos nega qualquer participação na tentativa de grampo.
Ao Ministério Público Barbosa disse que o deputado distrital Domingos recebeu R$ 6
milhões do esquema para
apoiar Arruda em 2006.
Segundo a assessoria do governo do DF, Francisco Monteiro ainda não tomou posse.
Ameaça
A ex-presidente da OAB-DF
Estefânia Viveiros denunciou à
PF que foram montadas fotos
dela com Durval Barbosa. Ela
nega ter se encontrado com ele.
Estefânia era a presidente da
OAB quando estourou a Caixa
de Pandora e apresentou pedidos de impeachment contra
Arruda. A Polícia Federal confirma a denúncia, mas não dá
detalhes sobre a investigação.
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