São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PF vê repasse insuficiente de bingos

DA SUCURSAL DO RIO

Relatório da Polícia Federal de outubro de 2003 detalha a investigação sobre suposta quadrilha especializada em fraudar os repasses de bingos do Rio a entidades esportivas, produzindo recibos falsos sobre os valores pagos.
O relatório conclui o inquérito 09/2001, um dos 19 abertos para apurar irregularidades em bingos no Rio. Num desses inquéritos, o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz foi indiciado por prevaricação, por falhas na fiscalização dos bingos quando presidia a Loterj, mas é investigado também por concussão e corrupção.
Segundo a PF, os bingos Ilha Rio, Nova Iguaçu e Barra Mansa pagaram à Associação Brasileira de Desportos para Amputados menos de 40% do valor que deviam e ficaram, em 12 meses, com R$ 258 mil que seriam da ABDA.
Pela lei, as federações têm direito a 7% da arrecadação do bingo ou o valor mínimo de 10 mil Ufirs (o que for maior), mais 50 Ufirs por terminal de bingo eletrônico.
A Opção Empreendimentos e Participações atuava como intermediária, recebendo o dinheiro dos três bingos e repassando-o à ABDA. Para isso, ficava com 25% do repasse. Um dos sócios da Opção, João Estevam Tavares Amaral, foi sócio do bingo Ilha Rio.
O presidente da ABDA, Ademir Cruz Almeida, confirmou à Folha o fornecimento de recibos com valor maior, mas disse que isso acabou e que a dívida dos bingos com a associação foi paga. No depoimento na PF, Almeida disse que a ABDA era forçada a assinar recibos dos repasses em valores superiores aos de fato recebidos.
Segundo a PF, a Opção fazia a mesma "consultoria" para duas outras entidades esportivas, "recebendo valores subfaturados daqueles [os bingos] e repassando-os a estas [as associações], fraudando recibos, ludibriando a Receita Federal". Os proprietários da Opção e dos bingos foram indiciados por formação de quadrilha, falsidade ideológica, apropriação indébita, sonegação fiscal e de contribuição previdenciária.
A PF convocará para depor funcionários da Loterj encarregados de fiscalizar os bingos. Um dos focos agora é descobrir se, além de omissão na fiscalização, havia também corrupção, ou seja, se as casas pagavam propina para a autarquia ignorar irregularidades.
Prestará depoimento, entre outros, André Pessoa Laranjeira Caldas, ex-diretor de Operações na gestão Waldomiro (2001-2002).
Denise Sampaio, advogada da Opção e de Amaral, negou o fornecimento de recibos falsos. Segundo ela, às vezes, os repasses para a ABDA não atingiam o mínimo previsto em lei, mas a diferença era paga depois. Sampaio disse que Amaral é inocente. Os donos dos três bingos investigados não foram encontrados. (FE)

Texto Anterior: Governo admite mudar decreto sobre planos
Próximo Texto: Congressistas querem alterar MP dos bingos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.