|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF vê repasse insuficiente de bingos
DA SUCURSAL DO RIO
Relatório da Polícia Federal de
outubro de 2003 detalha a investigação sobre suposta quadrilha especializada em fraudar os repasses de bingos do Rio a entidades
esportivas, produzindo recibos
falsos sobre os valores pagos.
O relatório conclui o inquérito
09/2001, um dos 19 abertos para
apurar irregularidades em bingos
no Rio. Num desses inquéritos, o
ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz foi indiciado por
prevaricação, por falhas na fiscalização dos bingos quando presidia
a Loterj, mas é investigado também por concussão e corrupção.
Segundo a PF, os bingos Ilha
Rio, Nova Iguaçu e Barra Mansa
pagaram à Associação Brasileira
de Desportos para Amputados
menos de 40% do valor que deviam e ficaram, em 12 meses, com
R$ 258 mil que seriam da ABDA.
Pela lei, as federações têm direito a 7% da arrecadação do bingo
ou o valor mínimo de 10 mil Ufirs
(o que for maior), mais 50 Ufirs
por terminal de bingo eletrônico.
A Opção Empreendimentos e
Participações atuava como intermediária, recebendo o dinheiro
dos três bingos e repassando-o à
ABDA. Para isso, ficava com 25%
do repasse. Um dos sócios da Opção, João Estevam Tavares Amaral, foi sócio do bingo Ilha Rio.
O presidente da ABDA, Ademir
Cruz Almeida, confirmou à Folha
o fornecimento de recibos com
valor maior, mas disse que isso
acabou e que a dívida dos bingos
com a associação foi paga. No depoimento na PF, Almeida disse
que a ABDA era forçada a assinar
recibos dos repasses em valores
superiores aos de fato recebidos.
Segundo a PF, a Opção fazia a
mesma "consultoria" para duas
outras entidades esportivas, "recebendo valores subfaturados daqueles [os bingos] e repassando-os a estas [as associações], fraudando recibos, ludibriando a Receita Federal". Os proprietários
da Opção e dos bingos foram indiciados por formação de quadrilha, falsidade ideológica, apropriação indébita, sonegação fiscal
e de contribuição previdenciária.
A PF convocará para depor funcionários da Loterj encarregados
de fiscalizar os bingos. Um dos focos agora é descobrir se, além de
omissão na fiscalização, havia
também corrupção, ou seja, se as
casas pagavam propina para a autarquia ignorar irregularidades.
Prestará depoimento, entre outros, André Pessoa Laranjeira Caldas, ex-diretor de Operações na
gestão Waldomiro (2001-2002).
Denise Sampaio, advogada da
Opção e de Amaral, negou o fornecimento de recibos falsos. Segundo ela, às vezes, os repasses
para a ABDA não atingiam o mínimo previsto em lei, mas a diferença era paga depois. Sampaio
disse que Amaral é inocente. Os
donos dos três bingos investigados não foram encontrados.
(FE)
Texto Anterior: Governo admite mudar decreto sobre planos Próximo Texto: Congressistas querem alterar MP dos bingos Índice
|