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Senador diz que deixa PSB por causa
de ação para barrar CPI dos bingos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contrário à operação deflagrada pelo governo para evitar o funcionamento da CPI dos bingos, o
senador Geraldo Mesquita (PSB-AC) anunciou ontem que deixará
seu partido, da base governista, e
pediu que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o indique para compor a comissão.
"A única maneira de tirar esse
assunto do Plenário é investigar a
atuação dos bingos e as atividades
de um alto funcionário da Presidência", disse Mesquita, referindo-se ao ex-assessor do Planalto
Waldomiro Diniz, que foi filmado
em 2002 pedindo propina para si
e para campanhas eleitorais.
A decisão anunciada por Mesquita da tribuna surpreendeu até
o líder do PSB, Antonio Carlos
Valadares (SE), e se transformou
em mais um ingrediente da crise
que o governo tenta abafar.
Disposta a prolongar o desgaste
ao governo com o caso Waldomiro, a oposição no Senado indica
hoje seus membros na CPI e aumenta a cobrança a Sarney pela
indicação dos representantes dos
partidos governistas, já que os líderes decidiram não fazê-lo.
Sem a indicação dos representantes, a CPI não funciona, embora o requerimento para criá-la tenha sido apresentado à Mesa Diretora do Senado com 35 assinaturas, sete acima do necessário.
Sarney reafirmou ontem que
não fará as indicações em lugar
dos líderes governistas. Segundo
ele, a oposição busca responsabilizá-lo, mas não há amparo regimental para essa reivindicação.
"Não posso indicar. Não há precedente. Pelo Regimento, cabe ao
presidente do Senado designar os
representantes da CPI indicados
pelos líderes. O regimento não
prevê que o presidente indique se
os líderes decidirem não fazê-lo."
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que haverá uma
"batalha regimental" para tentar
convencer Sarney de que sua interpretação está "errada". A oposição admite apresentar recurso à
Comissão de Constituição e Justiça e até ao Supremo Tribunal Federal para que a CPI funcione.
"Sempre se reconheceu que a
minoria tem direito a criar uma
CPI, mas os líderes governistas
iam embromando e não faziam as
indicações, quando queriam evitá-la. Agora, se diz claramente
que a minoria não tem esse direito. Isso deixa a minoria desarmada. Por esse recurso, a CPI só é
criada se a maioria quiser", disse.
Para Virgílio, o Regimento do
Senado é omisso quanto à possibilidade de não indicação pelos líderes e deve ser seguido o regimento comum às duas Casas, que
repassa a tarefa ao presidente.
O governo considera encerrado
o caso e tenta mudar a pauta do
Senado, com votações. As principais são o novo modelo do setor
elétrico, hoje no plenário, e a reforma do Judiciário, amanhã na
CCJ. "Vamos votar, votar e votar.
Estamos com fissura disso", disse
a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).
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