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CASO SANTO ANDRÉ
Deputado que acompanhou apuração diz que Polícia Civil pediu propina a preso e que houve briga de delegados
Greenhalgh acusa polícia e defende Gomes da Silva
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), interrogado ontem pela Justiça estadual
sobre o assassinato do prefeito de
Santo André Celso Daniel (PT),
defendeu a inocência do empresário e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser o
mandante do crime.
Durante interrogatório, Greenhalgh surpreendeu ao acusar a
Polícia Civil de ter pedido propina
a um dos presos e narrou a disputa "carniceira" entre delegados
para assumir o caso. O deputado,
a pedido do PT, acompanhou a
primeira fase da investigação promovida pela polícia, que concluiu
por crime comum e apontou cinco homens da favela Pantanal como os assassinos.
A morte de Daniel, em janeiro
de 2002, foi investigada em dois
momentos: primeiro pela Polícia
Civil (fase acompanhada pelo deputado); depois, a pedido da família do prefeito, pelo Ministério
Público, que concluiu pelo envolvimento do empresário.
A motivação, segundo a Promotoria, foi uma tentativa de Daniel em acabar com um esquema
de cobrança de propina na prefeitura da cidade, do qual Gomes da
Silva seria um dos beneficiários.
Parte do dinheiro, segundo testemunhas, financiou campanhas
do PT, o que o partido nega. Greenhalgh, do PT, discorda da versão
da Promotoria.
A cobrança de propina por parte da polícia, segundo Greenhalgh, ocorreu no primeiro semestre de 2002, quando um dos
acusados da favela Pantanal foi
preso em Londrina e depois de
oferecer uma casa, um carro e um
cheque de R$ 6.000 foi solto -o
homem foi recapturado depois. A
polícia de Londrina já abriu sindicância para apurar o caso.
Sobre o trabalho da polícia, o
deputado afirmou ainda ter assistido a uma disputa entre delegados por "holofotes".
Durante o interrogatório, Greenhalgh afirmou ter compreendido as contradições apresentadas
pelo empresário sobre a dinâmica
do crime. Na noite de 18 de janeiro de 2002, Daniel estava em uma
Pajero blindada conduzida pelo
empresário e foi arrancado do
carro pela quadrilha. Seu corpo
foi encontrado dois dias após em
uma estrada em Juquitiba (SP).
Num primeiro momento, Gomes da Silva disse que o carro parou porque foi atingido por outro
veículo. Com o tiroteio, segundo
ele, as portas destravaram. Ao
tentar acelerar, o motor girou em
falso. Depois, quando os laudos
periciais atestaram o bom funcionamento da Pajero, o empresário
recuou e disse não lembrar de nada, pois estava em pânico. "A verdade é que na hora do crime ele
agiu como um segurança de banco que se esconde no momento de
um assalto. Ele [Gomes da Silva]
não sabia como justificar o fato de
apesar de ser segurança e amigo
não ter defendido Daniel. Ele
amedrontou, amarelou e não assumiu isso. Foi arrogante no primeiro depoimento, mas foi por
medo de assumir seu próprio medo", disse o deputado.
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