|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Protesto pára Paulista e acaba em confronto
Pelo menos 23 pessoas se feriram durante ato anti-Bush que, segundo a PM, reuniu 10 mil pessoas; organizadores estimam 20 mil
Conflito começou após um grupo de punks tentar invadir a outra pista da avenida; polícia usou gás pimenta e bombas de efeito moral
RUBENS VALENTE
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma passeata na avenida
Paulista (centro de SP), em
protesto contra a visita do presidente George W. Bush terminou em um confronto entre
manifestantes e a Polícia Militar com pelo menos 23 feridos
por fragmentos de bombas de
efeito moral, balas de borracha,
pedradas e pauladas.
Segundo a polícia, 18 dos 23
feridos eram policiais -a maioria deles atingidos por pedradas. Seis pessoas foram presas.
O protesto, que interditou a
avenida Paulista, no sentido
bairro-centro, por pelo menos
quatro horas, reuniu cerca de
dez mil pessoas, segundo a polícia, e 20 mil, segundo os organizadores. Foi convocado por
ONGs, entidades sindicais e
partidos de esquerda.
Os manifestantes ocuparam
a pista bairro-centro da avenida a partir das 15h30. O confronto começou em frente ao
Masp (Museu de Arte de São
Paulo) após um grupo de pelo
menos dez punks tentar interditar a outra pista, ao sentarem-se na rua. Policiais tentaram retirá-los à força e houve
reação. Poucos minutos antes,
os punks já haviam atacado um
carro a pedradas.
A PM passou a detonar bombas entre os manifestantes que
estavam distantes dos punks.
Uma mulher atingida nas pernas por pedaços de uma bomba
foi atendida no HC (Hospital
das Clínicas). Um médico do
HC que participava do ato,
Maurício Santana, 31, disse que
pediu socorro à PM para a mulher, que sangrava muito, mas
não foi atendido. Ela foi levada
ao hospital em um táxi.
O presidente da UNE (União
Nacional dos Estudantes), Gustavo Peta, 25, teve cortes nas
costas e braços provocados, segundo ele, também por uma
bomba. Peta culpou a PM pelo
alto número de feridos, que ele
disse ser "muitos, centenas".
"O que aconteceu foi que a polícia, de maneira despreparada,
atacou todo mundo que veio
pela frente, com bombas, gás
pimenta, agredindo manifestantes que estavam inclusive
tentando separar o conflito."
Também ficaram feridos o
fotógrafo da agência de notícias
Reuters Caetano Barreira, 30,
atingido por um pedaço de pau
no nariz, e a estudante Marília
Garcia, 22, alvejada nas costas
por duas balas de borracha.
O protesto foi convocado pela Marcha das Mulheres, em
virtude do Dia Internacional da
Mulher, comemorado ontem, e
teve adesão do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), do PSTU, da
Conlutas (entidade que reúne
sindicatos diversos), do PC do
B, e de várias organizações não-governamentais.
Teve início na praça Osvaldo
Cruz, perto da rua 13 de Maio.
De início, a PM concordou em
ceder duas faixas da pista do
sentido bairro-centro. Mas logo após foram liberadas as outras duas faixas, o que provocou
uma interdição total de metade
da Paulista e quilômetros de
engarrafamento.
No auge do confronto com os
manifestantes, a PM contava
com 300 homens. "A culpa foi
dos punks. Eles querem bagunça, confundir democracia com
anarquia", disse o capitão da
PM George Henrique Marques
Alves, que comandou a primeira parte da operação da PM.
Os punks não falaram com os
jornalistas. Só repetiam que
têm o direito de se manifestar.
Após o confronto, os punks
passaram a posar para fotos na
frente da tropa de choque, exibindo cartazes contra Bush. Os
PMs usaram gás pimenta no
rosto dos manifestantes.
"Os que continuaram agredindo a polícia foram presos e
serão presos de novo", disse o
coronel PM Ailton Araújo
Brandão.
Texto Anterior: Memorando adia decisão sobre tarifas Próximo Texto: Cerca de 200 curiosos vão a hotel de Bush Índice
|