|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cabral negocia a vice com 4 presidenciáveis
Discurso do PMDB é por candidatura própria em 2010, mas, nos bastidores, há conversas com Dilma, Ciro, Aécio e Serra
Direção do partido, detentor das maiores bancadas na Câmara e no Senado, avalia sob reserva que aliança no 1º turno é melhor estratégia
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com aval da cúpula peemedebista, o governador do Rio,
Sérgio Cabral, movimenta-se
nos bastidores para ser candidato a vice-presidente nas eleições de 2010. A Folha apurou
que ele trata dessa hipótese
com quatro presidenciáveis: a
ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff (PT), o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e os
governadores tucanos José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
Em conversas reservadas, segundo caciques peemedebistas, Cabral acha uma aventura
a candidatura presidencial em
2010. Não crê, ainda, que tentar a reeleição no Rio seja a melhor opção. Seu governo atual
tem sido bem avaliado, mas ele
julga difícil repetir o desempenho num segundo mandato.
Como vice e ainda jovem, ele
se posicionaria na política nacional para tentar o vôo presidencial mais adiante -especialmente se a reeleição for
derrubada pelo Congresso. Ele
terá 47 anos na eleição de 2010.
Apesar do discurso da direção do PMDB pela candidatura
própria em 2010, seus dirigentes falam de forma reservada
que essa probabilidade é remota, pois dependeria da ousadia
de Aécio deixar o ninho tucano.
Nas mais recentes conversas
com o mineiro, os caciques do
PMDB ouviram dele que sua
prioridade é tentar a candidatura pelo PSDB se mostrando
um político mais agregador que
Serra, com quem disputará a
vaga de candidato ao Planalto.
Daí a tentativa de costurar a
aliança PT-PSB-PSDB na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte e o apoio a Fernando Gabeira (PV) na disputa municipal do Rio. Gabeira recebeu o
apoio do PSDB e do PPS.
Aécio chegou a citar Cabral
como um excelente companheiro de chapa: uniriam o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais do Brasil -respectivamente, Minas e Rio.
Se Aécio trocar o PSDB pelo
PMDB, Cabral também teria
chance de ser vice. Ciro seria
outra opção de vice para o mineiro. No entanto, Aécio avalia
que Ciro dificilmente deixará
de se lançar candidato. E pensa
ser praticamente impossível
Lula forçar o PT a apoiá-lo oficialmente para presidente.
Com a tradição de manter
grandes bancadas no Senado e
na Câmara, o PMDB é um aliado congressual valioso para a
governabilidade dos presidentes. Na campanha, terá a oferecer um polpudo tempo de TV
no horário eleitoral gratuito.
Por último, o PT e o PSDB não
têm bom desempenho no Rio,
justamente a praça de Cabral.
No cenário que vislumbram
hoje, dirigentes peemedebistas
e o próprio Cabral apostam no
projeto de aliança formal com
um partido no primeiro turno
em troca da vice-presidência.
Amigo de todos
O temperamento brincalhão
ajuda Cabral, um "imitador impagável" de Lula nas palavras
de quem já o ouviu arremedar o
petista. Reproduzindo a voz de
Lula, Cabral já deu conselhos a
Dilma e Serra para serem mais
simpáticos. Também já recomendou que Aécio reduza a intensidade de sua vida social.
Eleito em 2002, Cabral se
transformou num dos governadores mais próximos de Lula.
No PMDB, joga quase sempre
ao lado dos interesses de Lula e
de Dilma quando seu partido
pleiteia cargos no governo.
Amigo de Ciro e de Aécio, o
governador se encontra com os
dois freqüentemente no Rio
nos finais de semana.
Dos quatro presidenciáveis
que cortejam Cabral, Ciro é o
que tem pior relação com o
PMDB. No entanto, o presidenciável do PSB fala que Cabral
pertence a uma "ala "respeitável". Ciro faz questão de dizer
que apóia a política de segurança pública do governador.
Cabral também criou laços
de amizade com Serra, político
que já obteve do DEM a permissão de procurar um companheiro de chapa do PMDB a
fim de enfraquecer o campo lulista. O PMDB apóia o governo
Lula, mas fez aliança formal
com Serra na eleição de 2002 e
integrou a administração de
Fernando Henrique Cardoso.
Serra tem boa relação com
outros dois peemedebistas que
poderiam ser candidatos a vice:
o ministro da Defesa, Nelson
Jobim, e o senador Jarbas Vasconcelos. No entanto, Cabral
tem vantagem. Nas pesquisas
presidenciais, Serra tem taxa
de voto no patamar de 30% no
Nordeste, mas ela cai para a faixa de 20% no Rio.
Texto Anterior: Lula elogia polícia e culpa TV por violência Próximo Texto: Frase Índice
|