São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Cabral negocia a vice com 4 presidenciáveis

Discurso do PMDB é por candidatura própria em 2010, mas, nos bastidores, há conversas com Dilma, Ciro, Aécio e Serra

Direção do partido, detentor das maiores bancadas na Câmara e no Senado, avalia sob reserva que aliança no 1º turno é melhor estratégia

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com aval da cúpula peemedebista, o governador do Rio, Sérgio Cabral, movimenta-se nos bastidores para ser candidato a vice-presidente nas eleições de 2010. A Folha apurou que ele trata dessa hipótese com quatro presidenciáveis: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
Em conversas reservadas, segundo caciques peemedebistas, Cabral acha uma aventura a candidatura presidencial em 2010. Não crê, ainda, que tentar a reeleição no Rio seja a melhor opção. Seu governo atual tem sido bem avaliado, mas ele julga difícil repetir o desempenho num segundo mandato.
Como vice e ainda jovem, ele se posicionaria na política nacional para tentar o vôo presidencial mais adiante -especialmente se a reeleição for derrubada pelo Congresso. Ele terá 47 anos na eleição de 2010.
Apesar do discurso da direção do PMDB pela candidatura própria em 2010, seus dirigentes falam de forma reservada que essa probabilidade é remota, pois dependeria da ousadia de Aécio deixar o ninho tucano.
Nas mais recentes conversas com o mineiro, os caciques do PMDB ouviram dele que sua prioridade é tentar a candidatura pelo PSDB se mostrando um político mais agregador que Serra, com quem disputará a vaga de candidato ao Planalto.
Daí a tentativa de costurar a aliança PT-PSB-PSDB na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte e o apoio a Fernando Gabeira (PV) na disputa municipal do Rio. Gabeira recebeu o apoio do PSDB e do PPS.
Aécio chegou a citar Cabral como um excelente companheiro de chapa: uniriam o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais do Brasil -respectivamente, Minas e Rio.
Se Aécio trocar o PSDB pelo PMDB, Cabral também teria chance de ser vice. Ciro seria outra opção de vice para o mineiro. No entanto, Aécio avalia que Ciro dificilmente deixará de se lançar candidato. E pensa ser praticamente impossível Lula forçar o PT a apoiá-lo oficialmente para presidente.
Com a tradição de manter grandes bancadas no Senado e na Câmara, o PMDB é um aliado congressual valioso para a governabilidade dos presidentes. Na campanha, terá a oferecer um polpudo tempo de TV no horário eleitoral gratuito. Por último, o PT e o PSDB não têm bom desempenho no Rio, justamente a praça de Cabral.
No cenário que vislumbram hoje, dirigentes peemedebistas e o próprio Cabral apostam no projeto de aliança formal com um partido no primeiro turno em troca da vice-presidência.

Amigo de todos
O temperamento brincalhão ajuda Cabral, um "imitador impagável" de Lula nas palavras de quem já o ouviu arremedar o petista. Reproduzindo a voz de Lula, Cabral já deu conselhos a Dilma e Serra para serem mais simpáticos. Também já recomendou que Aécio reduza a intensidade de sua vida social.
Eleito em 2002, Cabral se transformou num dos governadores mais próximos de Lula. No PMDB, joga quase sempre ao lado dos interesses de Lula e de Dilma quando seu partido pleiteia cargos no governo.
Amigo de Ciro e de Aécio, o governador se encontra com os dois freqüentemente no Rio nos finais de semana.
Dos quatro presidenciáveis que cortejam Cabral, Ciro é o que tem pior relação com o PMDB. No entanto, o presidenciável do PSB fala que Cabral pertence a uma "ala "respeitável". Ciro faz questão de dizer que apóia a política de segurança pública do governador.
Cabral também criou laços de amizade com Serra, político que já obteve do DEM a permissão de procurar um companheiro de chapa do PMDB a fim de enfraquecer o campo lulista. O PMDB apóia o governo Lula, mas fez aliança formal com Serra na eleição de 2002 e integrou a administração de Fernando Henrique Cardoso.
Serra tem boa relação com outros dois peemedebistas que poderiam ser candidatos a vice: o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o senador Jarbas Vasconcelos. No entanto, Cabral tem vantagem. Nas pesquisas presidenciais, Serra tem taxa de voto no patamar de 30% no Nordeste, mas ela cai para a faixa de 20% no Rio.


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