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CONTAS PÚBLICAS
Presidente diz que não cogita vender Petrobrás, CEF e BB, mas que pode fazê-lo se 'o Brasil achar bom"
FHC é ambíguo sobre venda de estatais
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
afirmou ontem
que, no momento, não cogita
privatizar a Petrobrás, o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica Federal, mas, de forma ambígua, admitiu que, "eventualmente", isso
poderia ocorrer, se "o Brasil achar
que é bom".
""Não vamos colocar questões
que não foram postas ainda e que
não prevejo que venham a ser postas na mesa de discussão por
mim", disse ele, após proferir de
manhã a aula inaugural da ESG
(Escola Superior de Guerra) na Urca, zona sul do Rio. ""Se, eventualmente, houver, em alguma dessas
áreas, o que fazer nessa matéria
(privatização), depois de feitos os
estudos, depois de o Brasil achar
que é bom, sim", afirmou, falando
sobre BB, CEF, Banco do Nordeste
e Banco da Amazônia. Segundo o
presidente, o mesmo princípio se
aplica à Petrobrás.
Mas o presidente condenou especulações sobre o tema. ""Se isso
pode ser útil para as Bolsas ficarem
excitadas, muito bem. Mas não é
útil para o Brasil ficar imaginando
caminhos que não são os necessários."
Sobre os bancos, FHC disse que
seus fundos devem ser usados em
""benefício do aumento da produção nacional, da produção no Brasil e da exportação do Brasil".
""Precisamos racionalizar a ação de
cada um desses órgãos. Em nenhum momento se falou em privatização", disse.
No caso da Petrobrás, ele afirmou que a empresa ""tem que se
ajustar às regras de competição" e
salientou que pode abrir seu capital sem se desfazer do seu controle
acionário. ""Uma parte dessas
ações que excedentarem (sic) o
controle estatal nós temos autorização, se nós desejarmos, se for necessário, para vender."
""Partes dela poderão ser, por decisão dela (da Petrobrás), dispensadas, poderão ser vendidas, ou
não. Podem ser feitas parcerias,
como no caso do gás."
FHC disse que não discute a possibilidade de o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros -afastado após o caso dos grampos do BNDES- assumir a presidência da Petrobrás.
Afirmou que o cargo será preenchido após a nomeação do Conselho de Administração da empresa,
no dia 16, e que a escolha será técnico-empresarial.
FHC fez questão de declarar que
controla o rumo da economia.
Ressaltou que o anúncio de que seriam adotadas ""medidas severas"
para enfrentar a crise foi feito em
outubro, antes da eleição -anterior à negociação com o Fundo
Monetário Internacional.
Pressões externas
Os jornalistas não tiveram acesso
à aula inaugural no 50º aniversário
da ESG. Mas o prefeito do Rio, Luiz
Paulo Conde (PFL), um dos presentes, afirmou que FHC disse ter
sido forçado a mexer no câmbio,
em meados de janeiro, devido a
""pressões externas".
Segundo Conde, o presidente declarou que desejava manter o sistema de bandas como política cambial, para que a desvalorização fosse gradual, e que acredita que o dólar está sobrevalorizado em relação ao real.
Embora tenha se recusado a dizer qual a paridade justa entre as
duas moedas, FHC teria dito que,
antes da crise cambial, especialistas estimavam que o real estivesse
com uma sobrevalorização de
25%.
Conde informou que, após fazer
um histórico da crise, o presidente
disse que os técnicos do FMI não
ditam a política econômica, mas
avaliam se o ajuste é suficiente.
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