São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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CONTAS PÚBLICAS
Presidente diz que não cogita vender Petrobrás, CEF e BB, mas que pode fazê-lo se 'o Brasil achar bom"
FHC é ambíguo sobre venda de estatais

LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio


O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que, no momento, não cogita privatizar a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, mas, de forma ambígua, admitiu que, "eventualmente", isso poderia ocorrer, se "o Brasil achar que é bom".
""Não vamos colocar questões que não foram postas ainda e que não prevejo que venham a ser postas na mesa de discussão por mim", disse ele, após proferir de manhã a aula inaugural da ESG (Escola Superior de Guerra) na Urca, zona sul do Rio. ""Se, eventualmente, houver, em alguma dessas áreas, o que fazer nessa matéria (privatização), depois de feitos os estudos, depois de o Brasil achar que é bom, sim", afirmou, falando sobre BB, CEF, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. Segundo o presidente, o mesmo princípio se aplica à Petrobrás.
Mas o presidente condenou especulações sobre o tema. ""Se isso pode ser útil para as Bolsas ficarem excitadas, muito bem. Mas não é útil para o Brasil ficar imaginando caminhos que não são os necessários."
Sobre os bancos, FHC disse que seus fundos devem ser usados em ""benefício do aumento da produção nacional, da produção no Brasil e da exportação do Brasil". ""Precisamos racionalizar a ação de cada um desses órgãos. Em nenhum momento se falou em privatização", disse.
No caso da Petrobrás, ele afirmou que a empresa ""tem que se ajustar às regras de competição" e salientou que pode abrir seu capital sem se desfazer do seu controle acionário. ""Uma parte dessas ações que excedentarem (sic) o controle estatal nós temos autorização, se nós desejarmos, se for necessário, para vender."
""Partes dela poderão ser, por decisão dela (da Petrobrás), dispensadas, poderão ser vendidas, ou não. Podem ser feitas parcerias, como no caso do gás."
FHC disse que não discute a possibilidade de o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros -afastado após o caso dos grampos do BNDES- assumir a presidência da Petrobrás. Afirmou que o cargo será preenchido após a nomeação do Conselho de Administração da empresa, no dia 16, e que a escolha será técnico-empresarial.
FHC fez questão de declarar que controla o rumo da economia. Ressaltou que o anúncio de que seriam adotadas ""medidas severas" para enfrentar a crise foi feito em outubro, antes da eleição -anterior à negociação com o Fundo Monetário Internacional.

Pressões externas
Os jornalistas não tiveram acesso à aula inaugural no 50º aniversário da ESG. Mas o prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), um dos presentes, afirmou que FHC disse ter sido forçado a mexer no câmbio, em meados de janeiro, devido a ""pressões externas".
Segundo Conde, o presidente declarou que desejava manter o sistema de bandas como política cambial, para que a desvalorização fosse gradual, e que acredita que o dólar está sobrevalorizado em relação ao real.
Embora tenha se recusado a dizer qual a paridade justa entre as duas moedas, FHC teria dito que, antes da crise cambial, especialistas estimavam que o real estivesse com uma sobrevalorização de 25%.
Conde informou que, após fazer um histórico da crise, o presidente disse que os técnicos do FMI não ditam a política econômica, mas avaliam se o ajuste é suficiente.


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