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GOVERNO LULA
cem dias
Datafolha revela que para 45% presidente fez menos pelo país do que se esperava; em três meses, taxa de ótimo ou bom é a maior desde a década de 90
Lula tem aprovação inicial recorde
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Inácio Lula da Silva chega
aos cem dias no poder como o
presidente mais bem avaliado
nesse período de governo, desde o
início da década de 90, revela pesquisa Datafolha.
O levantamento mostra que o
presidente obteve sucesso na estratégia de elevar a prioridade e o
apoio ao combate à fome e à miséria e continua detentor de elevadíssima expectativa de boa administração até o fim de seu mandato, mas o país está dividido se, em
três meses, fez o que prometeu.
O Datafolha mostra que 43%
avaliam a administração de Lula
até aqui como ótima ou boa. O petista sai-se melhor do que o tucano Fernando Henrique Cardoso
-39% de menções positivas na
avaliação dos três primeiros meses de seu primeiro mandato.
Para 40% dos entrevistados, o
governo Lula é regular, e para
10%, é ruim ou péssimo. No início
do primeiro mandato, FHC obteve os mesmos 40% como regular e
16% como ruim ou péssimo.
Estatisticamente as amostras do
Datafolha só permitem comparação com pesquisas produzidas a
partir de 1990, quando Fernando
Collor era o presidente. Em seus
primeiros três meses de mandato,
Collor tinha 36% de ótimo ou
bom, 43% de regular e 19% de
ruim ou péssimo.
Pagador de promessas?
Na pesquisa, realizada nos dias
31 de março e 1º de abril, com
5.729 entrevistas em 229 municípios de todas as unidades da Federação, Lula mantém 76% de expectativa de vir a realizar uma administração ótima ou boa. É o
mesmo percentual que obtinha
antes da posse no cargo.
Mas 45% dos entrevistados afirmam que, em três meses, Lula fez
menos do que o esperado. Para
34%, o presidente cumpriu suas
expectativas e para 12% fez mais
do que era esperado.
Somando-se essas duas últimas
opções, a pesquisa mostra que o
país está dividido entre os que
acham que o presidente não está
cumprindo suas promessas
(45%) e aqueles que acreditam
que as está realizando (46%).
Hoje, segundo a pesquisa, 36%
da população acredita que Lula
cumprirá ao menos parte de suas
promessas no segundo ano de governo. Dos entrevistados, 21% dizem que será somente no quarto
ano de governo; 20% dão prazo
até o terceiro ano; e 17% esperam
algo já para o primeiro ano.
No entanto, 64% dizem que, ao
fim do mandato, o presidente só
terá cumprido parte das promessas. Para 29%, terá cumprido a
maioria delas e para 5% nenhuma
promessa será concretizada.
Os jovens são os que mais bem
avaliam o início da administração Lula, com 47% classificando-a como ótima ou boa. Os mais velhos (acima de 60 anos) são os
mais críticos, com 14% reprovando a gestão do presidente.
Os mais ricos vêem o governo
com menor entusiasmo, com a
taxa de ótimo ou bom atingindo
36%, o mais baixo patamar em
todos os estratos. Entre os que recebem de R$ 1.201 a R$ 2.400 (faixa de cinco a dez salários mínimos, conforme o valor recém-reajustado), Lula obtém sua melhor taxa de ótimo/bom, 46%.
A região Sul é a que mais apóia
o petista, com 49% dos entrevistados aprovando sua atuação.
O Rio reforça a percepção histórica de Estado oposicionista,
registrando o menor índice de
ótimo ou bom (37%), seis pontos
percentuais a menos do que a
média nacional.
Em São Paulo, 42% dizem ser o
governo ótimo ou bom, 41% o
apontam como regular, e 9%, como ruim ou péssimo. Em Minas
Gerais, as taxas são 44% (ótimo
ou bom), 38% (regular) e 10%
(ruim ou péssimo). Somente nesses três Estados o número de entrevistas realizadas pelo Datafolha permite a obtenção em separado da avaliação do governo.
Desde o seu primeiro pronunciamento como eleito, em 29 de
outubro de 2002, Lula afirmou
que tentaria colocar em sua gestão "o selo do combate à fome".
Criou um ministério com essa tarefa, anunciou a execução de medidas controversas para a segurança alimentar e lançou recentemente uma campanha publicitária em torno do tema.
Lula conseguiu alterar a agenda
nacional nesse ponto. Os brasileiros seguem apontando o desemprego, como o fazem há pelo menos sete anos, como o principal
problema do país. Essa foi a avaliação de 31% dos entrevistados
-uma redução de três pontos na
comparação com dezembro de
2002.
A novidade é que cresceu sete
pontos o percentual daqueles que
dizem que a fome ou a miséria
são o principal problema do país.
Saltou de 15% para 22% dos entrevistados, o que faz da fome o
segundo maior problema.
A preocupação com a violência
ou a segurança pública também
cresceu, mas em percentual menor. Dos entrevistados, 14%
apontaram esse como o maior
problema em dezembro, e 18% o
fizeram agora.
Os paulistas temem mais o desemprego: no Estado a menção
atinge 36%. Já os fluminenses,
que vivem crise crônica de violência, apontam como o maior
problema a insegurança, 30%.
Colaboraram GUILHERME DINIZ e LIA HAMA, da Redação
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