São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

A agenda sumiu

Um mês depois da festiva reunião de Lula com os 27 governadores na Granja do Torto, nenhum dos quatro pontos acordados da extensa lista de reivindicações dos Estados saiu do papel. O tom otimista do início de março já dá lugar à cobrança explícita para que o governo federal tome medidas práticas como a repartição dos recursos do Fundeb (fundo da educação básica) e a mudança na regra dos precatórios.
"O presidente precisa cuidar dos compromissos assumidos", diz o governador aliado Paulo Hartung (PMDB-ES). O contencioso dos Estados se somará, nesta semana, ao corolário de pedidos a ser apresentado pela marcha dos prefeitos -a começar, é claro, pela maior participação no bolo de recursos federais.

Pelas beiradas. Os controladores de vôo adotaram um recuo tático com a nota em que pedem perdão à sociedade pelo motim de 30 de março, mas nos bastidores estudam uma forma de denunciar o Brasil à Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos) por insegurança em seu sistema de tráfego aéreo.

Biblioteca. O deputado Gustavo Fruet (PR), já escolhido pelo PSDB para integrar a CPI do Apagão Aéreo, apresentará nesta semana um projeto para que a comissão tenha acesso aos dados do programa de informática I-2, usado pelos parlamentares na CPI dos Correios. A idéia é cruzar dados em busca de conexões entre as apurações.

De bem. O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) é só elogios a Marina Silva (Meio Ambiente) na discussão sobre a transposição do rio São Francisco. Por conta dos embates com a área ambiental no primeiro mandato de Lula, Geddel, que acaba de assumir a pasta, resolveu chamar a colega para jantar a fim de debater o projeto.

Quarentena. Tarso Genro optou por sair de cena nos debates públicos para o 3º Congresso do PT, marcado para agosto. Embora continue negociando apoios à sua tese, o ministro afirma que evitará polêmicas com outras correntes internas da sigla para que não se "confundam" com sua atuação na pasta da Justiça.

Fim da fila. Campos Machado (PTB) tenta "ressuscitar" as cerca de 70 CPIs engavetadas no governo Geraldo Alckmin. O líder do PTB na Assembléia paulista protocolou "questão de ordem" para que essas comissões sejam apreciadas antes das novas, o que inviabilizaria investigações sobre a gestão José Serra.

Recorde. Somadas aos pedidos desta legislatura, as comissões não instaladas em São Paulo poderão chegar a 80. O presidente da Assembléia, Vaz de Lima (PSDB), diz que vai esperar o STF se pronunciar sobre a CPI do Apagão Aéreo para que, embasado na decisão, negocie os critérios para abrir apurações.

Terceira via. PSB e PV negociam aliança em Belo Horizonte para as eleições municipais do ano que vem. Querem lançar o deputado Antonio Ribeiro (PV) para se contrapor aos candidatos apadrinhados pelo prefeito petista Fernando Pimentel e pelo governador tucano Aécio Neves.

Pólos. Pimentel tenta emplacar o deputado Roberto Carvalho como candidato do PT. No PSDB, quem saiu na frente foi Eduardo Azeredo. O senador diz que, se for preciso, disputará até prévias para concorrer à prefeitura. Seu nome, no entanto, tem forte resistência interna por conta do "mensalão mineiro".

Na rua. A campanha "Xô CPMF" vai intensificar as ações nos Estados a partir desta semana. O primeiro grande evento está marcado para Florianópolis, na sexta-feira, a cargo do coordenador nacional do movimento contrário à contribuição, Paulo Bornhausen (DEM-SC).

Tiroteio

"Há 200 anos, dom João 6º abria os portos às nações amigas. Depois de 199 anos, é a vez de Lula abrir os portos aos partidos amigos".
Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI) sobre a criação da Secretaria de Portos, desvinculada do Ministério dos Transportes, para compensar politicamente o PSB, que perdeu uma pasta na reforma ministerial.

Contraponto

Zona de risco

Líder do recém-batizado DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS) comandava a obstrução no plenário em resposta à impossibilidade de instalar a CPI do Apagão Aéreo quando foi abordado por Luiz Carrera (BA). O colega de bancada queria avisá-lo de que precisava sair.
-Vou ali no Dnit e já volto-, explicou.
-Como? Dnit para nós é palavrão!-, reagiu Lorenzoni.
Os cargos disponíveis nesse órgão do Ministério dos Transportes têm sido uma das principais forças de atração de deputados da oposição para o governista PR.
-Onyx, não se preocupe. Eu vou lá só ver um negócio. Juro que volto-, assegurou Carrera.


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