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Até etiqueta de cuecas é objeto de proposta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora apenas uma
média de 60 projetos analisados pelo Congresso vire lei a cada ano, até a semana retrasada tramitavam na Câmara 7.106 propostas que tratavam de variados temas, desde a macroeconomia até a regulamentação da confecção de
sacolas de supermercado.
O mais antigo está na
Câmara há 24 anos. É de
1983 e classifica como crime de usura a cobrança de
juros acima de 12% ao ano.
O número de projetos
tramitando só não é maior
porque em janeiro, fim da
última legislatura, outras
9.477 propostas foram arquivadas sem serem votadas de forma conclusiva.
A análise desses quase
10 mil projetos mostra que
são numerosos aqueles
que buscam de um jeito ou
de outro atender a uma demanda de parte da sociedade, principalmente na
área econômica e de segurança pública. Mas igualmente abundam propostas inócuas, inexeqüíveis,
inconstitucionais ou folclóricas, como a que estabelecia multa para quem
colocasse nome de gente
em animal de estimação
ou a que obrigava presos a
doarem órgãos ainda em
vida, ambas arquivadas
em anos recentes.
Nas propostas que foram para a gaveta em janeiro, havia a de deputados que tinham a intenção
de determinar a publicação, nas etiquetas das cuecas e sungas, de mensagens preventivas ao câncer de próstata.
Havia ainda uma série
de projetos de cunho cívico -obrigatoriedade do
ensino de "moral e cívica",
do hasteamento da Bandeira Nacional e da execução do Hino Nacional em
escolas e empresas- e religioso, como o que obriga
a inclusão da Bíblia em todas as bibliotecas da rede
pública de ensino.
Em 2000, os então deputados Marcos de Jesus
(PE) e Glycon Terra Pinto
(MG), da bancada evangélica, apresentaram projeto
para "instituir Jesus Cristo Senhor do Brasil". Na
justificativa, anotaram:
"Temos plena consciência
de que o Estado brasileiro
é laico. (...) [Mas] Uma vez
que as estatísticas comprovam que o brasileiro
pensa como cristão (...), a
proclamação (...) nada
mais é que o reconhecimento oficial de uma situação de fato". O projeto
foi arquivado.
Ex-presidente da Comissão de Constituição e
Justiça, o deputado Maurício Rands (PT-PE) não
considera haver despropósito em projetos apresentados pelos colegas.
"O direito de suscitar o
debate é sagrado. Muitas
vezes aquilo que você considera inoportuno, parte
da sociedade pode considerar premente."
(RB)
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