São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na CPI dos Grampos, delegado se cala sobre suas contradições

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Protegido por um habeas corpus que o permitia ficar calado, o delegado federal Protógenes Queiroz lançou mão do expediente 48 vezes durante seu depoimento ontem à CPI dos Grampos. Ele se recusou a responder sobre contradições apresentadas por ele em outros depoimentos e sobre supostas irregularidades no comando da Operação Satiagraha.
Nas poucas respostas sobre estes temas, o delegado negou que tenha feito escuta ilegal e que tenha investigado a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o empresário Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula.
Detalhes da vida privada de Dilma são descritos em um relatório atribuído a agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), apreendido no computador de Protógenes.
Já Lulinha foi citado no depoimento à Polícia Federal de um dos agentes recrutados. Segundo este agente, o delegado teria dito a seus subordinados que a Satiagraha era de interesse do presidente pelo fato de Lulinha ter sido cooptado pela suposta organização criminosa chefiada por Daniel Dantas, do Grupo Opportunity.
Protógenes foi ciceroneado por uma claque de congressistas liderados pelo PSOL e, em seis horas de depoimento, o delegado só se estendeu em respostas sobre os supostos crimes cometidos por Dantas. Ele não fez, no entanto, revelações que havia prometido em entrevistas, entre elas sobre a origem dos recursos com os quais Dantas comprou terras no Pará.
Durante o depoimento, os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI, bateram boca depois que a comissão exibiu em um telão resumo das contradições apresentadas pelo delegado com o título "Onde está a verdade?".
Alencar reclamou que a "peça de marketing" constrangia Protógenes e foi chamado de marqueteiro por Itagiba. O deputado do PSOL retrucou: "Eu não fui financiado por gente que é sócia de Daniel Dantas", referindo-se a uma contribuição de campanha de R$ 10 mil de Dório Ferman, ex-sócio de Dantas, a Itagiba.
O peemedebista contra-atacou: "E eu não peguei minha verba de gabinete e pus na campanha em outros Estados", acusou, citando pagamento feito por Alencar a consultoria de outro político do PSOL, o ex-deputado João Alfredo. (ALAN GRIPP)


Texto Anterior: Protógenes visa carreira política, diz corregedoria
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.