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Na CPI dos Grampos, delegado se cala sobre suas contradições
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Protegido por um habeas
corpus que o permitia ficar calado, o delegado federal Protógenes Queiroz lançou mão do
expediente 48 vezes durante
seu depoimento ontem à CPI
dos Grampos. Ele se recusou a
responder sobre contradições
apresentadas por ele em outros
depoimentos e sobre supostas
irregularidades no comando da
Operação Satiagraha.
Nas poucas respostas sobre
estes temas, o delegado negou
que tenha feito escuta ilegal e
que tenha investigado a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)
e o empresário Fábio Luís da
Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula.
Detalhes da vida privada de
Dilma são descritos em um relatório atribuído a agentes da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência), apreendido no
computador de Protógenes.
Já Lulinha foi citado no depoimento à Polícia Federal de
um dos agentes recrutados. Segundo este agente, o delegado
teria dito a seus subordinados
que a Satiagraha era de interesse do presidente pelo fato de
Lulinha ter sido cooptado pela
suposta organização criminosa
chefiada por Daniel Dantas, do
Grupo Opportunity.
Protógenes foi ciceroneado
por uma claque de congressistas liderados pelo PSOL e, em
seis horas de depoimento, o delegado só se estendeu em respostas sobre os supostos crimes cometidos por Dantas. Ele
não fez, no entanto, revelações
que havia prometido em entrevistas, entre elas sobre a origem
dos recursos com os quais Dantas comprou terras no Pará.
Durante o depoimento, os
deputados Chico Alencar
(PSOL-RJ) e Marcelo Itagiba
(PMDB-RJ), presidente da
CPI, bateram boca depois que a
comissão exibiu em um telão
resumo das contradições apresentadas pelo delegado com o
título "Onde está a verdade?".
Alencar reclamou que a "peça de marketing" constrangia
Protógenes e foi chamado de
marqueteiro por Itagiba. O deputado do PSOL retrucou: "Eu
não fui financiado por gente
que é sócia de Daniel Dantas",
referindo-se a uma contribuição de campanha de R$ 10 mil
de Dório Ferman, ex-sócio de
Dantas, a Itagiba.
O peemedebista contra-atacou: "E eu não peguei minha
verba de gabinete e pus na campanha em outros Estados",
acusou, citando pagamento feito por Alencar a consultoria de
outro político do PSOL, o ex-deputado João Alfredo.
(ALAN GRIPP)
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