São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2001

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SENADO EM CRISE

Sesc e Senac pedem para sair da relação de patrocinadores

Anúncio pró-ACM usa entidades sem autorização

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O Sesc (Serviço Social do Comércio) e o Senac (Serviço Nacional do Comércio) estão sendo usados indevidamente como patrocinadores da campanha publicitária contra a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A campanha, de âmbito nacional, é veiculada diariamente na TV e seu mote principal é a pergunta: ""A quem interessa calar essa voz?". O Sesc e o Senac aparecem como patrocinadores da campanha, juntos com a Federação do Comércio da Bahia.
O regulamento do Sesc proíbe a utilização de recursos -""seja a qual título for"- fora da finalidade da instituição: a capacitação profissional dos empregados do comércio. A mesma restrição é aplicada ao Senac.
A decisão de incluir os nomes das duas entidades na campanha foi do presidente da Federação do Comércio da Bahia, Nelson Daiha, que também preside o Sesc e o Senac no Estado.
O uso das duas instituição na campanha foi criticado no próprio meio empresarial. O presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Antonio de Oliveira Santos, telefonou a Daiha e determinou que os nomes das duas instituições sejam imediamente retirados dos anúncios.
As contas do Sesc e do Senac são submetidas anualmente ao Tribunal de Contas da União. O presidente da federação pode ser responsabilizado pessoalmente pela utilização indevida de recursos.
O diretório regional do PMDB na Bahia entrou com representação na Procuradoria da República pedindo que seja investigada a participação do Sesc e do Senac na campanha.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), entrou com igual pedido no Tribunal de Contas da União, em Brasília.

Coleta
Nelson Daiha disse que o dinheiro para pagamento da campanha será coletado junto aos comerciantes de Salvador e que não sairá dos cofres da federação, nem dos do Sesc e do Senac, embora as três instituições apareçam como patrocinadoras.
Ele disse à Folha que foi procurado, na semana passada, pela Propeg -agência publicitária que tem as principais contas do governo da Bahia-, que preparou a campanha em defesa de ACM.
Ele disse que concordou com o pedido, embora até ontem não tenha sido informado sobre o custo da campanha -de cerca de R$ 400 mil. ""Essa é uma questão que me preocupa, pois não será uma campanha barata", afirmou.
Depois de negar que vá utilizar recursos do caixa da federação, o empresário afirmou que as despesas serão rateadas igualmente entre a Federação do Comércio e a Federação da Agricultura. O presidente desta última entidade, João Martins, não foi localizado para confirmar a informação.
Daiha disse que até ontem à tarde não havia recebido o contrato para patrocínio da campanha, mas que a Propeg prometera dividir o pagamento em várias parcelas mensais.
Procurada pela Folha, a agência afirmou que os diretores que poderiam dar informações sobre a campanha estão em viagem.

Depoimentos
Segundo Daiha, a campanha deve incluir depoimentos de empresários elogiando iniciativas de Antonio Carlos Magalhães.
Disse que já deu depoimento nesse sentido, publicado ontem pelo jornal ""Correio da Bahia", de propriedade de ACM e que deve gravar outro para a TV.
Daiha disse que se dispôs a participar da campanha por não crer que o senador seja responsável pela violação do painel de votação do Senado. Ele diz ser contra a cassação, mesmo que se comprove a responsabilidade do senador. Diz que, nesse caso, defende uma punição ""menos dura".


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