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SENADO EM CRISE
Sesc e Senac pedem para sair da relação de patrocinadores
Anúncio pró-ACM usa entidades sem autorização
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Sesc (Serviço Social do Comércio) e o Senac (Serviço Nacional do Comércio) estão sendo
usados indevidamente como patrocinadores da campanha publicitária contra a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA).
A campanha, de âmbito nacional, é veiculada diariamente na
TV e seu mote principal é a pergunta: ""A quem interessa calar essa voz?". O Sesc e o Senac aparecem como patrocinadores da
campanha, juntos com a Federação do Comércio da Bahia.
O regulamento do Sesc proíbe a
utilização de recursos -""seja a
qual título for"- fora da finalidade da instituição: a capacitação
profissional dos empregados do
comércio. A mesma restrição é
aplicada ao Senac.
A decisão de incluir os nomes
das duas entidades na campanha
foi do presidente da Federação do
Comércio da Bahia, Nelson Daiha, que também preside o Sesc e o
Senac no Estado.
O uso das duas instituição na
campanha foi criticado no próprio meio empresarial. O presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Antonio de
Oliveira Santos, telefonou a Daiha
e determinou que os nomes das
duas instituições sejam imediamente retirados dos anúncios.
As contas do Sesc e do Senac são
submetidas anualmente ao Tribunal de Contas da União. O presidente da federação pode ser responsabilizado pessoalmente pela
utilização indevida de recursos.
O diretório regional do PMDB
na Bahia entrou com representação na Procuradoria da República
pedindo que seja investigada a
participação do Sesc e do Senac
na campanha.
O líder do PMDB na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA), entrou
com igual pedido no Tribunal de
Contas da União, em Brasília.
Coleta
Nelson Daiha disse que o dinheiro para pagamento da campanha será coletado junto aos comerciantes de Salvador e que não
sairá dos cofres da federação, nem
dos do Sesc e do Senac, embora as
três instituições apareçam como
patrocinadoras.
Ele disse à Folha que foi procurado, na semana passada, pela
Propeg -agência publicitária
que tem as principais contas do
governo da Bahia-, que preparou a campanha em defesa de
ACM.
Ele disse que concordou com o
pedido, embora até ontem não tenha sido informado sobre o custo
da campanha -de cerca de R$
400 mil. ""Essa é uma questão que
me preocupa, pois não será uma
campanha barata", afirmou.
Depois de negar que vá utilizar
recursos do caixa da federação, o
empresário afirmou que as despesas serão rateadas igualmente entre a Federação do Comércio e a
Federação da Agricultura. O presidente desta última entidade,
João Martins, não foi localizado
para confirmar a informação.
Daiha disse que até ontem à tarde não havia recebido o contrato
para patrocínio da campanha,
mas que a Propeg prometera dividir o pagamento em várias parcelas mensais.
Procurada pela Folha, a agência
afirmou que os diretores que poderiam dar informações sobre a
campanha estão em viagem.
Depoimentos
Segundo Daiha, a campanha deve incluir depoimentos de empresários elogiando iniciativas de
Antonio Carlos Magalhães.
Disse que já deu depoimento
nesse sentido, publicado ontem
pelo jornal ""Correio da Bahia", de
propriedade de ACM e que deve
gravar outro para a TV.
Daiha disse que se dispôs a participar da campanha por não crer
que o senador seja responsável
pela violação do painel de votação
do Senado. Ele diz ser contra a
cassação, mesmo que se comprove a responsabilidade do senador.
Diz que, nesse caso, defende uma
punição ""menos dura".
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