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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidente destaca dados sobre queda da mortalidade infantil
FHC usa censo para valorizar seu governo e cacifar Serra
RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma hora e meia depois de divulgado o Censo 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso usou os dados da pesquisa para
valorizar as realizações de sua gestão no governo.
O presidente não mencionou o
nome do ex-ministro da Saúde e
pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, mas destacou a
queda da mortalidade infantil como um dos dados que mais o impressionaram na pesquisa.
""A década de 90 não foi perdida.
A década de 90, em termos sociais, foi uma década que acelerou
o processo de mudança social do
Brasil", resumiu FHC.
O presidente insistiu que as políticas públicas de seu governo estiveram voltadas para os mais pobres. Reconheceu, porém, que a
distribuição de renda continua
desigual no país. "Nós reduzimos
a exclusão social no país e ponto.
Estamos, sim, combatendo a desigualdade social", afirmou.
"Claro que temos sempre a
questão do copo: quando podemos ver se está cheio ou vazio",
disse o presidente, usando como
metáfora um copo com água que
estava sobre a mesa. "Se olho para
baixo, está cheio de água. Se olho
para cima, não há nada."
O presidente falou por mais de
uma hora sobre as realizações de
seu governo durante cerimônia,
no Palácio do Planalto, na qual
mostrou slides com os dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na presença
dos ministros Pedro Parente (Casa Civil), Guilherme Dias (Planejamento), Euclides Scalco (Secretaria Geral) e João Roberto Vieira
(Secretaria de Comunicação).
Paradoxo
Após elogiar o trabalho do IBGE, definindo-o como independente, discordou dos dados relativos à renda e ao consumo. ""Os dados de renda não batem com a
quantidade de consumo", observou o presidente.
Na sua opinião, é necessário
realizar uma análise mais profunda da variação de renda no país.
Para o presidente, o consumo de
produtos como automóveis, geladeiras e microondas é elevado, se
comparado com o nível salarial
declarado.
"Parece que há alguma coisa de
ilógico: ou não se consumiu tanto
ou não se ganhou tão pouco. É
preciso sair desse paradoxo."
A assessoria do IBGE informou
que não se pode fazer uma leitura
direta dos dados de consumo e
rendimento, pois, enquanto a
renda é pessoal, o consumo é domiciliar. Ou seja, no consumo de
bens de um domicílio entra a renda de mais de uma pessoa.
FHC também insistiu, no pronunciamento, em que o combate
à desigualdade de renda é um
processo. "Espero estar vivo daqui a dez anos -queira Deus-
para ver o Brasil nos próximos
dez anos, em parte em consequência do que se plantou nessa
década de 90, de início de governo", acrescentou ele, que completa 71 anos no próximo mês.
Dos resultados apresentados no
Censo, FHC destacou os dados
que indicam a redução da mortalidade infantil. Na sua opinião, isso se deve à medicina preventiva,
que promoveu vacinação em
massa, e ao aumento da rede de
saneamento básico. Os dados registram 29,6 mortos a cada 1.000
bebês nascidos vivos.
"O dado da mortalidade é decisivo para o julgamento da qualidade de vida", disse FHC.
O presidente do IBGE, Sérgio
Besserman, disse, durante o
anúncio do Censo, ontem no Rio,
que não tinha como comentar a
situação de renda no país. "Os
brasileiros não vão mudar seus
votos por causa do Censo, mas
podem fundamentar os votos."
Colaborou a Sucursal do Rio
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