São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SOMBRA NO TUCANATO

Pré-candidato afirma que outras denúncias devem aparecer, mas pede calma a seu partido

"Ninguém pegará nada", diz Serra a tucanos

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez uma promessa aos dirigentes tucanos: seja qual for o desfecho da investigação sobre a participação do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira na venda da Companhia Vale do Rio Doce, em 97, nada aparecerá contra ele.
"Não tenho nenhuma preocupação. Meu, ninguém pegará nada", disse Serra a uma platéia de líderes e vice-líderes do PSDB reunidos anteontem para jantar no apartamento do presidente da sigla, José Aníbal (SP).
Enfático, Serra acrescentou: "E não é porque eu seja esperto. É porque não tem o que pegar. Podem vasculhar [minha vida] à vontade".
Segundo o tucano, parentes e até sua mãe têm sido objeto de investigação da imprensa.
Serra diz acreditar que será um dos candidatos mais visados na campanha presidencial e que outras denúncias devem aparecer, mas pediu calma aos tucanos "para lidar com essas situações".
As explicações de Serra parecem ter convencido os tucanos. O comando do PSDB acredita que liquidou de vez as especulações sobre a troca do candidato. A grande surpresa no jantar na casa de Aníbal foi a intervenção do deputado Nelson Otoch (CE).
Ele disse que as especulações deveriam acabar dentro do próprio PSDB, de onde partem os boatos de que 40 deputados prefeririam ter o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), como candidato, e de que Tasso Jereissati estaria sabotando a campanha de Serra.
"Isso é um assunto encerrado. Todos aqui sabem que eu sou um liderado de Tasso e não estaria dizendo isso, se essa não fosse a orientação dele", afirmou o pré-candidato tucano.

Próximos passos
Tasso e Aécio se comprometeram com o comando tucano a dar declarações firmes em defesa do candidato do partido, promessa, aliás, já cumprida pelo governador cearense.
Além de unificar o discurso tucano, o PSDB espera agora um "engajamento" maior na campanha do ministro da Fazenda, Pedro Malan, autor recente de frases dúbias sobre o candidato. Só ainda não está acertado de que forma se dará esse engajamento.
Na próxima semana, deve começar a funcionar o escritório eleitoral do tucano. Será também anunciado o nome do vice da chapa de Serra, provavelmente o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Serra, particularmente, ampliará o universo da campanha. Até agora, em suas viagens, ele deu atenção preferencial aos formadores de opinião e ao partido. Na sequência, quer eventos com a participação de populares.
"Dizem que não tenho aptidão para campanha de rua. Estão enganados. Eu não sou de gabinete. Eu me sinto melhor no corpo-a-corpo", disse, acrescentando ser essa sua trajetória política.

Duda Mendonça
Em outra vertente, os tucanos pretendem atacar diretamente as propostas de Lula "Mendonça" -uma referência a Duda Mendonça, publicitário do pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. "As vitrines do PT não passam de marketing", ataca Aníbal.
Sobre o PFL, os tucanos, no jantar na casa de Aníbal e em três outras reuniões realizadas ontem, decidiram amenizar o discurso. Avaliam que a sigla tenta provocar uma reação destemperada do PSDB para tentar impedir a adesão de 10 a 15 seções do partido à candidatura Serra.
Tanto o PSDB como o PMDB têm um discurso ensaiado: a aliança entre as duas siglas está selada, mas a volta do PFL é bem-vinda. Só a candidatura Serra é que obedece à "Lei de Magri", como dizem os tucanos. Ou seja, "é imexível".



Texto Anterior: Sombra no Tucanato: Senadores querem ouvir envolvidos no caso Vale
Próximo Texto: Em NY, Paulo Renato reitera apoio a tucano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.