|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOMBRA NO TUCANATO
Pré-candidato afirma que outras denúncias devem aparecer, mas pede calma a seu partido
"Ninguém pegará nada", diz Serra a tucanos
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez uma promessa aos dirigentes tucanos: seja
qual for o desfecho da investigação sobre a participação do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo
Sérgio de Oliveira na venda da
Companhia Vale do Rio Doce, em
97, nada aparecerá contra ele.
"Não tenho nenhuma preocupação. Meu, ninguém pegará nada", disse Serra a uma platéia de
líderes e vice-líderes do PSDB
reunidos anteontem para jantar
no apartamento do presidente da
sigla, José Aníbal (SP).
Enfático, Serra acrescentou: "E
não é porque eu seja esperto. É
porque não tem o que pegar. Podem vasculhar [minha vida] à
vontade".
Segundo o tucano, parentes e
até sua mãe têm sido objeto de investigação da imprensa.
Serra diz acreditar que será um
dos candidatos mais visados na
campanha presidencial e que outras denúncias devem aparecer,
mas pediu calma aos tucanos "para lidar com essas situações".
As explicações de Serra parecem ter convencido os tucanos. O
comando do PSDB acredita que
liquidou de vez as especulações
sobre a troca do candidato. A
grande surpresa no jantar na casa
de Aníbal foi a intervenção do deputado Nelson Otoch (CE).
Ele disse que as especulações
deveriam acabar dentro do próprio PSDB, de onde partem os
boatos de que 40 deputados prefeririam ter o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), como
candidato, e de que Tasso Jereissati estaria sabotando a campanha de Serra.
"Isso é um assunto encerrado.
Todos aqui sabem que eu sou um
liderado de Tasso e não estaria dizendo isso, se essa não fosse a
orientação dele", afirmou o pré-candidato tucano.
Próximos passos
Tasso e Aécio se comprometeram com o comando tucano a dar
declarações firmes em defesa do
candidato do partido, promessa,
aliás, já cumprida pelo governador cearense.
Além de unificar o discurso tucano, o PSDB espera agora um
"engajamento" maior na campanha do ministro da Fazenda, Pedro Malan, autor recente de frases
dúbias sobre o candidato. Só ainda não está acertado de que forma
se dará esse engajamento.
Na próxima semana, deve começar a funcionar o escritório
eleitoral do tucano. Será também
anunciado o nome do vice da chapa de Serra, provavelmente o deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN).
Serra, particularmente, ampliará o universo da campanha. Até
agora, em suas viagens, ele deu
atenção preferencial aos formadores de opinião e ao partido. Na
sequência, quer eventos com a
participação de populares.
"Dizem que não tenho aptidão
para campanha de rua. Estão enganados. Eu não sou de gabinete.
Eu me sinto melhor no corpo-a-corpo", disse, acrescentando ser
essa sua trajetória política.
Duda Mendonça
Em outra vertente, os tucanos
pretendem atacar diretamente as
propostas de Lula "Mendonça"
-uma referência a Duda Mendonça, publicitário do pré-candidato do PT à Presidência, Luiz
Inácio Lula da Silva. "As vitrines
do PT não passam de marketing",
ataca Aníbal.
Sobre o PFL, os tucanos, no jantar na casa de Aníbal e em três outras reuniões realizadas ontem,
decidiram amenizar o discurso.
Avaliam que a sigla tenta provocar uma reação destemperada do
PSDB para tentar impedir a adesão de 10 a 15 seções do partido à
candidatura Serra.
Tanto o PSDB como o PMDB
têm um discurso ensaiado: a
aliança entre as duas siglas está selada, mas a volta do PFL é bem-vinda. Só a candidatura Serra é
que obedece à "Lei de Magri", como dizem os tucanos. Ou seja, "é
imexível".
Texto Anterior: Sombra no Tucanato: Senadores querem ouvir envolvidos no caso Vale Próximo Texto: Em NY, Paulo Renato reitera apoio a tucano Índice
|