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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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OPOSIÇÃO

Decisão, que dividiu partido, ocorreu após reunião no gabinete de Arthur Virgílio

PSDB recua e reintegra dissidentes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB recuou e decidiu reintegrar os deputados que havia desligado das comissões técnicas da Câmara quando eles anunciaram a intenção de apoiar as propostas de reforma da Previdência e tributária do governo.
A trégua entre a cúpula tucana e os dissidentes foi estabelecida após tensa reunião no gabinete do líder do Senado, Arthur Virgílio (AM), ontem à tarde.
A decisão dividiu os tucanos. Uma ala, formada entre outros por Virgílio, o líder na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), e com o aval de governadores como Geraldo Alckmin (SP), defendia a expulsão imediata dos deputados. O presidente do PSDB, José Aníbal, assumiu uma posição mais contemporizadora.
Na reunião, os deputados tucanos queixaram-se de Jutahy. Alegaram que o líder estava encaminhando as votações sem antes ouvir a bancada.
Zimbaldi e Pereira votaram sempre contra a orientação do líder, neste ano. Por isso foram punidos por Jutahy. O grupo dissidente que pretende apoiar as propostas do governo é constituído por 12 deputados.
Virgílio cobrou as relações do grupo com o ministro José Dirceu (Casa Civil). Na visão do PSDB, o partido estaria sendo vítima de um "balcão" montado no Planalto para cooptar deputados. Zimbaldi alegou que telefonara para Dirceu para pedir uma audiência com Humberto Costa (Saúde). Os deputados queriam tratar de cargos e verbas com o ministro.
Zimbaldi também disse que não tinha responsabilidade na indicação de um diretor de Furnas, José Roberto Khoury.
À saída da reunião, Aníbal afirmou que os deputados - outros sete congressistas estiveram presentes - comprometeram-se a votar de acordo com a orientação do partido, a partir de agora. Zimbaldi disse que o compromisso assumido é o de seguir as decisões que forem tomadas pela bancada, após discussão.
Com o partido dividido, os tucanos decidiram acomodar temporariamente o grupo dos 12, apelidados de "apóstolos". Além disso, radicalizar agora poderia levar a defecções no partido, num momento em que o Planalto tenta ampliar sua base de apoio político por meio de filiações a partidos aliados como o PTB e o PL.
A expectativa na cúpula do PSDB é a de que o grupo continuará sendo assediado pelo Planalto. E pelo menos um deles, Zimbaldi, pode trocar logo os tucanos pelo PTB.
Os governadores do PSDB, que apoiaram as propostas de reforma do Planalto, também têm procurado se dissociar do movimento dos "apóstolos", embora eles tenham dito que seguem a orientação dos chefes de Executivo estadual. Consideram a dissidência "oportunista" e "fisiológica".
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, por exemplo, pretende se reunir com a bancada mineira na próxima semana, mas já avisou: o encontro nada tem a ver com as demandas do grupo.


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