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ESTADOS
Oposicionistas deverão recorrer à Justiça contra o projeto que permite a Perillo legislar sem aprovação de Assembléia
Deputados concedem poderes especiais ao governador de Goiás
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Assembléia Legislativa de
Goiás aprovou no começo da madrugada de ontem, por 27 votos a
12, o projeto de lei delegada concedendo poderes especiais ao governador Marconi Perillo (PSDB)
para legislar -sem a aprovação
dos deputados- sobre matérias
que tratam desde mudanças administrativas até concessão de
gratificações.
Os oposicionistas deverão recorrer à Justiça de Goiás e à do
Distrito Federal contra a lei, assim
que ela for publicada no "Diário
Oficial" do Estado. Segundo a assessoria de imprensa do governador, a lei será sancionada até o final da semana.
"O presidente da Mesa ignorou
um parecer da Procuradoria Jurídica da Casa, que considerou o
projeto inconstitucional", afirmou a deputada Rachel Azeredo
(PMDB).
"Não votamos parecer da procuradoria. O conselho que aprovou é soberano", justificou o presidente Célio Silveira (PSDB).
Lei delegada é uma autorização
do Legislativo para que o Executivo elabore e edite leis. Embora
previsto pela Constituição de
1988, o dispositivo só foi aplicado
em Alagoas e em Minas Gerais
desde então, em matérias específicas e por 45 dias.
No caso goiano, a lei delegada é
válida até o final do mandato de
Perillo, em dezembro de 2006. A
justificativa do governo para conseguir a aprovação em plenário
foi a necessidade de extinguir a
Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), proposta pelo Ministério Público em 2002, que só
permite a concessão de gratificações por meio de lei específica.
Com a aprovação, Perillo passa
a ter autonomia para criar a GRE
(Gratificação de Representação
Especial) do Executivo, que é incorporada às futuras aposentadorias e pode onerar a Previdência
Estadual. Também terá autonomia para nomear e definir salários
para comissões de assessoramento especial e de gabinete.
A lei também permite a criação
do adicional de função e vantagem pessoal, a concessão de gratificações e a extinção de cargos.
"É uma ditadura branca", afirmou o deputado Fernando Netto
(PMDB). "O governador quer oficializar o empreguismo em
Goiás", disse Ivan Ornelas (PT).
Na terça-feira, os oposicionistas
haviam entrado com um mandado de segurança no Tribunal de
Justiça para tentar barrar a votação, alegando que a lei só é prevista pela Constituição em regimes
de exceção, em matérias específicas e por períodos curtos.
O pedido acabou sendo indeferido pelo desembargador Vitor
Barboza Lenza.
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