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Vazador acerta demissão da pasta e quer voltar ao TCU
Aparecido admite troca de e-mails com auxiliar de tucano, mas insiste que não enviou dossiê
Conduzido à pasta por José Dirceu, ministro até 2005, funcionário, também petista, era considerado uma pessoa de confiança
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
José Aparecido Nunes Pires,
o funcionário da Casa Civil que
vazou o dossiê contra FHC para
a oposição, acertou ontem com
seus superiores que pedirá demissão do ministério e tentará
voltar a trabalhar no TCU (Tribunal de Contas da União). Por
ora, deverá manter silêncio sobre a confecção do documento.
Segundo a Folha apurou,
Aparecido disse à secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, em conversa anteontem, que não sabia como
mensagens de seu correio eletrônico no computador do ministério chegaram ao assessor
do senador tucano Álvaro Dias
(PR). Desde o início do caso, ele
era apontado por Erenice como o principal suspeito do vazamento. Ela deu a ordem para
a confecção do dossiê.
Pressionado, ele admitiu ter
trocado mensagens com o assessor do tucano. Mas insistiu
que não enviou o dossiê. Erenice, porém, disse que as mensagens provavam o vazamento e
que a situação dele era insustentável. Ela tinha as mensagens com anexos contendo o
dossiê. Montou-se, então, uma
operação para a saída de Aparecido do cargo com o menor
dano possível ao governo. Petista e ligado ao ex-ministro da
pasta José Dirceu, ele era visto
como pessoa da confiança.
Como o depoimento da ministra Dilma Rousseff no Senado já estava marcado (anteontem), o governo preferiu deixar para ontem a solução do imbróglio. Erenice, Dilma, os ministros Franklin Martins (Comunicação) e José Antonio
Dias Toffoli (Advocacia Geral
da União), o chefe-de-gabinete
de Lula, Gilberto Carvalho, e o
assessor especial da Presidência Swenderberger Barbosa
discutiram ao longo do dia a
saída de Aparecido do governo.
A descoberta de que um petista vazara o dossiê alimentou
suspeitas na Casa Civil de que
se tratava de "fogo amigo" contra Dilma. Isso gerou clima de
tensão na pasta.
O principal temor ontem no
Palácio do Planalto, principalmente na Casa Civil, era a reação de Aparecido diante da revelação pública do envolvimento dele no episódio. Segundo servidores do Planalto, ele
demonstrou nos últimos dias
instabilidade emocional. E disse a amigos que não cairia sozinho, o que assustou Erenice.
Auxiliares de Lula que não
crêem na teoria do "fogo amigo" atribuem o vazamento a
um eventual voluntarismo de
Aparecido. Ele teria tentado
advertir a oposição, deixando
claro que o governo poderia
usar munição contra FHC na
CPI dos Cartões.
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