São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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Vazador acerta demissão da pasta e quer voltar ao TCU

Aparecido admite troca de e-mails com auxiliar de tucano, mas insiste que não enviou dossiê

Conduzido à pasta por José Dirceu, ministro até 2005, funcionário, também petista, era considerado uma pessoa de confiança


KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

José Aparecido Nunes Pires, o funcionário da Casa Civil que vazou o dossiê contra FHC para a oposição, acertou ontem com seus superiores que pedirá demissão do ministério e tentará voltar a trabalhar no TCU (Tribunal de Contas da União). Por ora, deverá manter silêncio sobre a confecção do documento.
Segundo a Folha apurou, Aparecido disse à secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, em conversa anteontem, que não sabia como mensagens de seu correio eletrônico no computador do ministério chegaram ao assessor do senador tucano Álvaro Dias (PR). Desde o início do caso, ele era apontado por Erenice como o principal suspeito do vazamento. Ela deu a ordem para a confecção do dossiê.
Pressionado, ele admitiu ter trocado mensagens com o assessor do tucano. Mas insistiu que não enviou o dossiê. Erenice, porém, disse que as mensagens provavam o vazamento e que a situação dele era insustentável. Ela tinha as mensagens com anexos contendo o dossiê. Montou-se, então, uma operação para a saída de Aparecido do cargo com o menor dano possível ao governo. Petista e ligado ao ex-ministro da pasta José Dirceu, ele era visto como pessoa da confiança.
Como o depoimento da ministra Dilma Rousseff no Senado já estava marcado (anteontem), o governo preferiu deixar para ontem a solução do imbróglio. Erenice, Dilma, os ministros Franklin Martins (Comunicação) e José Antonio Dias Toffoli (Advocacia Geral da União), o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e o assessor especial da Presidência Swenderberger Barbosa discutiram ao longo do dia a saída de Aparecido do governo.
A descoberta de que um petista vazara o dossiê alimentou suspeitas na Casa Civil de que se tratava de "fogo amigo" contra Dilma. Isso gerou clima de tensão na pasta.
O principal temor ontem no Palácio do Planalto, principalmente na Casa Civil, era a reação de Aparecido diante da revelação pública do envolvimento dele no episódio. Segundo servidores do Planalto, ele demonstrou nos últimos dias instabilidade emocional. E disse a amigos que não cairia sozinho, o que assustou Erenice.
Auxiliares de Lula que não crêem na teoria do "fogo amigo" atribuem o vazamento a um eventual voluntarismo de Aparecido. Ele teria tentado advertir a oposição, deixando claro que o governo poderia usar munição contra FHC na CPI dos Cartões.


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