|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministra foi "motivo de orgulho", diz Lula; para Agripino, ela foi esperta e se "vitimizou"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula disse ontem que a oposição passará a
"vida inteira" indagando o governo sobre a existência de um
dossiê anti-FHC, enquanto o
governo seguirá, pela "vida inteira", dizendo se tratar de um
"banco de dados" obrigatório.
Horas antes, Lula já havia
elogiado a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) pelo desempenho dela no depoimento
de anteontem no Senado. Lula
disse que Dilma foi "motivo de
orgulho" para o governo e agradeceu ao Senado pelo "comportamento democrático".
"Eles [oposição] vão passar a
vida inteira perguntado de dossiê, e nós vamos passar a vida
inteira fazendo o nosso cadastramento, o nosso banco de dados, porque nós temos a obrigação de fazer isso", afirmou.
Lula também ironizou o líder
do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), que, no depoimento, citou uma entrevista na
qual a ministra admitira ter
mentido sob tortura durante a
ditadura. Dilma respondeu que
se orgulhava de sua história.
"Acho que o Agripino [pausa,
com riso] fez o que não deveria
fazer. Mas, de qualquer forma,
um homem com a experiência
política dele achou que certamente iria abafar e colocar Dilma numa situação delicada. No
fundo, no fundo, ele é que ficou
numa situação delicada", disse.
Antes, no lançamento do Plano Amazônia Sustentável, ele
citou a ministra em discurso:
"Quero lhe parabenizar, Dilma,
pela sua participação no Senado". A platéia aplaudiu. "Certamente você foi motivo de orgulho para quem, junto com você,
participa do governo, e para o
povo brasileiro."
A oposição reconheceu ontem os erros cometidos durante o depoimento da ministra e
decidiu apostar suas fichas na
investigação da Polícia Federal
sobre o vazamento e a produção do dossiê contra FHC.
A avaliação é que o relatório
da PF, que já concluiu se tratar
de um dossiê, é a única possibilidade de reverter a situação.
A Executiva do DEM se reuniu para ouvir explicações de
Agripino. O líder disse que havia submetido a pergunta que
fez a Dilma à bancada. A Folha
apurou que o senador Marco
Maciel (PE) saiu em defesa de
dele, afirmando ter dado aval.
Agripino disse que a ministra
aproveitou a pergunta para se
fazer de vítima. "Acho que fui
mal-interpretado. Houve emocionalização da minha pergunta porque a ministra foi esperta
e conseguiu vitimizar-se."
(ADRIANO CEOLIN, ANDREZA MATAIS, EDUARDO SCOLESE e LETÍCIA SANDER)
Texto Anterior: Ex-assessor de José Dirceu vazou o dossiê da Casa Civil Próximo Texto: Vazador acerta demissão da pasta e quer voltar ao TCU Índice
|