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Dantas quer ser ouvido novamente pela PF
Banqueiro alega que polícia acrescentou 50 anexos ao inquérito algumas horas antes de seu depoimento
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os advogados do banqueiro
Daniel Dantas e do executivo
Dório Ferman querem prestar
um novo depoimento à Polícia
Federal no inquérito da Operação Satiagraha.
Eles alegam que a PF cometeu uma irregularidade ao
acrescentar no inquérito 50
anexos, com 800 páginas, a menos de 12 horas do depoimento,
que ocorreu no final de abril.
"A inclusão dessa documentação na véspera foi uma armadilha. Não tivemos tempo para
analisar os apensos. Meu cliente quer falar, mas não nas condições que foram impostas pela
polícia", diz o advogado Andrei
Schmidt, que defende Dantas.
Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, advogado de Dório Ferman, presidente do banco Opportunity, diz que a inclusão de
novos documentos à véspera
do interrogatório "é coisa de regime autoritário".
"Uma das regras do regime
democrático é o direito à informação. Isso viola a moralidade
da administração pública. O
Estado não pode fazer surpresas ao cidadão", diz Pitombo.
Dantas e Ferman foram indiciados sob acusação de lavagem
de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta, sonegação, evasão de divisas e de
terem feitos empréstimos que
são vedados pela legislação.
Indiciamento é a figura jurídica que existe para apontar
que o delegado que preside o
inquérito, Ricardo Saadi, tem
convicção de que os investigados cometeram crimes.
Alguns dos anexos juntados
ao inquérito contêm informações que chegaram ao Brasil
por meio de colaboração internacional com EUA, Suíça e Luxemburgo, de acordo com
Schmidt. Esses três países bloquearam cerca de US$ 500 milhões (R$ 1 bilhão) de Dantas
com dados da Satiagraha.
Para Pitombo, não faz o menor sentido a PF dar 12 horas
para analisar esses papéis.
Schmidt, que defende Dantas, dá um exemplo da complexidade dos papéis: "Eles podem
imputar ao Opportunity uma
figura jurídica internacional
que não é nossa".
Outro lado
A assessoria da PF diz que a
documentação juntada ao inquérito "referia-se, basicamente, à cópia de inquérito policial
que tramitou no Rio de Janeiro
entre 2001 e 2003 e que nada
inovou em relação ao que constava nos autos".
Segundo a polícia, Pitombo
impetrou um habeas corpus na
Justiça, fundamentado no
acesso aos documentos, que
pedia o adiamento do indiciamento, sem sucesso.
A PF diz que "não há previsão
legal de prazo para que ocorra
oitiva [quando a polícia ouve
um investigado] em inquérito
policial, seja antes ou depois da
juntada de documentação".
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